Piratas concorrem com TVs por assinatura

Roubo de conteúdo se tornou um negócio plenamente consolidado no mundo. Há mais de 2,7 milhões de anúncios para dispositivos ilícitos em sites de comércio eletrônico e redes sociais


Divulgação/Irdeto
Devido à forte crise financeira que o país e boa parte do mundo atravessam, o número de conteúdos piratas ganha proporção incontrolável. De acordo com a SimilarWeb, líder em inteligência de mercado digital, o crescimento no tráfego global resultou em mais de 16.460 visitas mensais aos 100 principais websites de fornecedores de IPTV (método de transmissão de canais de TV através da internet) pirata. Os Estados Unidos e o Reino Unido são os países com mais de 3,7 milhões e 1 milhão de visitas mensais aos sites, respectivamente.

Líder mundial em segurança para plataformas digitais, a Irdeto anunciou novos dados sobre pirataria que indicam que o roubo de conteúdo se tornou um negócio plenamente consolidado e um forte concorrente das operadoras de TV por assinatura.

Segundo as análises, há mais de 2,7 milhões de anúncios para dispositivos ilícitos de streaming em sites de comércio eletrônico e redes sociais, incluindo grandes nomes como Amazon, eBay e Alibaba, Facebook e Twitter. Esses números não apenas indicam que os piratas estão se tornando mais experientes em negócios, mas que agora são grandes concorrentes de operadoras de TV paga estabelecidas.

De acordo com a empresa, um fornecedor pirata típico oferece uma média de 174 canais, sendo que alguns oferecem mais de 1.000 canais. O conteúdo pode ser acessado a um preço médio de assinatura de R$ 624,96 por ano, ou um custo espantosamente baixo de R$ 52,08 por mês – bem inferior ao custo médio de TV por cabo nos EUA, que é de R$ 331,45 por mês.

Diretor de Vendas da Irdeto, Gabriel Hahmann, de 36 anos, diz que a crise financeira eleva os números desse tipo crime e explica os motivos pelos quais EUA e Reino Unidos lideram o ranking desse trabalho ilegal. “O baixo custo desses serviços, até em um comparativo com os preços de TV fechada, mostra que a crise pode influenciar na pirataria. Nos EUA, o crime está relacionado à demanda de banda larga de alta velocidade. Já no Reino Unido, temos grandes programas de esportes. A maioria dessas plataformas piratas incluem 150/200 e até 1.000 canais, inclusive os brasileiros. Isso causa um impacto forte no nosso mercado.”

Principal alvo dos piratas, os canais de esportes são os produtos que têm metade dos serviços oferecidos aos clientes, de acordo com Mark Mulready, diretor-sênior de ciber-serviços e investigações da Irdeto. Indo no mesmo raciocínio de Mark, Gabriel Hahmann afirma que pacotes internos de TVs pagas influenciam no alto preço cobrado pelas empresas legais e faz com que aumenta o serviço pirata. “O conteúdo esportivo é o de mais valor atualmente. Normalmente, olhar os pacotes de TVs por assinatura depende de um pagamento adicional que faz parte de outro pacote. Assim, o valor fica muito alto. Esporte é o que mais direciona para pirataria”.

Os diretores da Irdeto explicam que, embora alguns consumidores saibam que estão comprando conteúdo pirateado, outros não percebem que as assinaturas que estão comprando são operações piratas. À medida que os piratas ampliam e refinam suas práticas comerciais, a Irdeto observa um aumento na quantidade de piratas com websites, tecnologias e serviços criados profissionalmente, enganosamente convencendo alguns consumidores de que estão comprando um serviço legítimo. Além disso, os 100 principais fornecedores de IPTV pirata aumentam a credibilidade de suas ofertas fornecendo dispositivos que parecem legítimos, baseados em Android, Linux, Kodi e Roku.

 

Três perguntas para Gabriel Hahmann, diretor de Vendas da Irdeto, de 36 anos

O beisebol não é a principal modalidade dos EUA, mas lidera a porcentagem das principais categorias de eventos esportivos ao vivo pirateados. Por que motivo isso acontece?

A pirataria em geral está relacionada não somente ao cliente querer pagar o conteúdo e sim à disponibilidade, pois muitos desses serviços piratas são pagos. Neste caso, a disponibilidade do cliente vai de acordo com a região onde mora. Logo, ele tem de buscar alternativas.

Rory O'Connor, vice-presidente de Serviços diretos da Irdeto, disse com que as informações certas e um parceiro de segurança de confiança, os titulares de conteúdo e as operadoras podem prevenir a pirataria. Você acha que isso tem condição até mesmo de colocar um fim nesse tipo de crime?

Acho que eliminar totalmente é muito difícil, pois os piratas estão sempre em constante evolução. Nós aplicamos conteúdos que, na ocorrência da pirataria, tiramos ele do modo on-line. Porém, sempre existem novos membros que fazem crescer esse mercado.

As redes sociais, como Facebook e Twitter, auxiliam ou prejudicam o crescimento da pirataria?


As redes sociais não promovem. O que acontece é que elas foram feitas para o usuário, para qualquer pessoa. Assim, a pessoa posta o que ela quiser. Nosso trabalho é monitorar essas redes e enviar Taketowm (pedido de remoção). Como os usuários postam qualquer conteúdo, os grandes sites e redes sociais criaram essas ferramentas para as empresas, como a Irdeto, identificar e notidicar os crimes.


Cinco principais categorias de eventos esportivos ao vivo pirateados


       Categoria                              Porcentagem

  • Beisebol                              25,2%

 

  • Futebol                               23,4%

 

  • Eventos esportivos mistos      13%

 

  • Tênis                                   10,5%

 

  • Automobilismo                       8,9%

 


COMENTÁRIOS