Novo banco? Leva de startups invade o sistema financeiro; conheça as "fintechs"

Com tecnologia de ponta, empresas ganham espaço no mercado de finanças e surgem como alternativa para o consumidor que quer praticidade. Bancos veem oportunidade e incorporam novas ideias


Engenheiro Stéfano Assis criou um site que ajuda a comprar dólar mais barato
Stéfano Assis criou um site que ajuda a comprar dólar mais barato

Abrir conta, fazer pagamentos e empréstimos, planejar gastos, cotar seguros e moedas. Essas funções não são mais exclusividade de bancos e corretoras. As chamadas “fintechs”, startups de serviços financeiros, estão ganhando cada vez mais espaço no mercado e surgem como uma alternativa para o consumidor que quer praticidade e preço justo (muitas não cobram taxas dos clientes). Os serviços, geralmente rápidos (tudo é feito online), não apenas eliminam a burocracia, como também vêm chamando a atenção de bancos tradicionais e grandes empresas que buscam parcerias para acelerar a inovação e não perder terreno.

Há pouco mais de três meses em operação, a startup mineira Capta Money, está alinhada a pelo menos 20 instituições financeiras na captação de recursos de longo prazo (juros mais baixos) para pequenas e médias empresas. "A plataforma já movimentou um volume de R$ 18 milhões", ressalta Wolmara Gomes, CEO da startup. Em vez de ir ao banco abrir para contratar um empréstimo, o usuário pode acessar a plataforma e fazer diagnóstico gratuito das melhores linhas de financiamento pela internet. Depois, o cliente seleciona a instituição e, a partir desse momento, a empresa assume todo o processo até o final da operação."Os bancos não só recebem clientes pré-qualificados, bem como reduz o tempo de trabalho dos gerentes com estes processos. Já o cliente, tem acesso a linhas de crédito mais atrativas", ressalta.

"A ideia é que o usuário substitua o banco tradicional", diz Conrade, CEO da Controly


A Controly, plataforma de banco digital e cartão pré-pago, também está na leva de startups que invadiram o sistema financeiro. Há um ano e meio no mercado, a ferramenta já conta com 10 mil usuários e a meta é somar 100 mil até 2017." O pré-pago funciona como se fosse um cartão de crédito atrelado a um aplicativo de gestão financeira", resume Pedro Conrade, CEO da Controly. O cliente também pode sacar dinheiro, fazer pagamentos e receber transferências de outros bancos em minutos. Além disso, o app gerencia as reservas de dinheiro. “A ideia é que o usuário substitua por completo o banco tradicional pela plataforma em curto prazo", afirma Conrade.

Startups de outros segmentos também vêm se destacando no mundo Fintech. A Bidu, criada em 2011, comercializa seguros de diferentes modalidades - automóveis, residências, celulares, motos e viagens. Através do site da empresa, é possível cotar, comparar e contratar os seguros 100% online. "Para o usuário, oferecemos a possibilidade de pesquisa e comparação de valores e coberturas realizando cotações do seguros em seguradoras diferentes. Para as seguradoras, a ferramenta garante uma oportunidade para o usuário fechar o seguro na seguradora que oferecer a melhor solução para o seu perfil, o que é vantajoso para as companhias", destaca Maurício Antunes, diretor de marketing da empresa.

No ramo do mercado de câmbio, o MelhorCambio.com, ajuda a comprar dólar mais barato. O serviço é feito em parceria com mais de 50 corretoras. No ar desde julho de 2015, o site já é maior do segmento na América Latina. A ideia surgiu quando um dos fundadores da startup planejava sua viagem para o exterior e não encontrava tempo para realizar cotações, muito menos para negociar o melhor preço com as casas de câmbio. Para o usuário não há custo e a empresa ganha uma comissão sobre as negociações concretizadas através do sistema."Com apenas um clique, o sistema lista as taxas de câmbio atualizadas e permite que o usuário faça uma oferta com o valor que deseja pagar. As casas de câmbio recebem essas ofertas e negociam diretamente", explica Stéfano Assis, CEO da startup.

Como elas ganham dinheiro?
O acesso a tecnologia de ponta e uma equipe mais enxuta das fintechs permitem a redução de custos e mais eficiência. Muitas não cobram do cliente e faturam com as taxas recebidas nas transações financeiras. Essas plataformas atraem cada vez mais jovens avessos às regras do sistema financeiro tradicional.

Concorrência

Num fenômeno recente, as principais instituições financeiras voltaram os olhos para a ascensão das "fintechs". Em 2014, o Bradesco criou o InovaBra, programa voltado a descobrir projetos inovadores de startups que tenham soluções aplicáveis ou com possibilidade de adaptação no setor de produtos e serviços financeiros. "Enxergamos as startups como parceiras e essa aproximação pode ajudar ao acesso da fronteira tecnológica ou mesmo modelos de negócios voltados para uma melhor experiência do cliente. E para startup, esse relacionamento auxilia no acesso à grandes mercados", observa o gerente de inovação do Bradesco, Fernando Freitas.

O Itaú também tem uma plataforma aberta ao mercado onde qualquer empresa pode estabelecer parcerias ou viabilizar negócios com os empreendedores residentes. O espaço, batizado de Cubo, foi lançado em setembro do ano passado em São Paulo e comporta até 50 startups. “Vemos de forma positiva as novas soluções criadas pelas fintechs, inclusive porque elas podem contribuir para melhorar outras soluções já usadas por grandes empresas", disse Erica Jannini, superintendente de Gestão de TI do Itaú Unibanco e idealizadora do Cubo.

O Banco do Brasil e a Caixa Econômica também estão no processo de implementações de ideias inovadoras. O BB, por exemplo, lançou, em abril de 2015, o Pensa BB, seu programa de incentivo à inovação, no entanto, voltado para ações dentro da instituição, com a participação somente de funcionários da empresa.


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