Sétima tentativa: conheça a história da Sympla, inovadora plataforma de venda de ingressos para eventos

Experiências em outros negócios e vontade de empreender fizeram de Rodrigo Cartacho o CEO de uma das startups mais bem sucedidas no estado.


Marcelo Faria
Rodrigo Cartacho, o fundador da Sympla (Foto: Marcelo Faria)

Quando finalmente inventou a lâmpada incandescente, após inúmeras tentativas, Thomas Edison teria sido questionado por um repórter sobre o porquê dele não ter desistido em meio a tantos fracassos. ”Fracassos? Não sei do que fala, em cada experiência descubro um dos motivos pelo qual a lâmpada não funciona. Agora sei mais de mil maneiras de como não fazer a lâmpada”, foi a famosa resposta do inventor.

A Sympla é apenas o sétimo empreendimento do mineiro Rodrigo Cartacho, mas assim como Edison, ele não enxerga como fracassos as suas experiências anteriores: todas foram aprendizados importantes e fundamentais para que, há quatro anos, ele estivesse entre os fundadores da startup mineira que já vendeu mais de três milhões de ingressos em 40 mil eventos nos seus quatro anos de existência.

"A ideia surgiu com os outros dois fundadores, o Marcelo, meu irmão, e o Davi, que trabalhavam no BID desenvolvendo um sistema interno de gestão de eventos para o banco. Para criar esses sistema, pesquisaram sobre o que existia na área e descobriram que não existia nada parecido que fosse aberto ao público no Brasil. Nisso, enxergaram uma oportunidade imensa, pois entendiam tudo de programação e desenvolvimento de software de gestão de eventos", relembrou Rodrigo, hoje CEO da Sympla. "Mas eles não sabiam mais do que isso. Foi ai que eles me ligaram e disseram 'Rodrigo, temos essa ideia para o mercado brasileiro e é um jeito de voltar para o Brasil cara'. O nosso sonho era voltar para o Brasil, eu estava há quase dez anos fora, na Europa, e o Marcelo há mais de 12 nos Estados Unidos".

Na época, Rodrigo estava a frente de dois empreendimentos em Budapeste: uma agência de design e uma empresa de compensação de CO2. Foi para Washington e em uma semana de trabalho, os três fizeram o que se tornou o embrião da Sympla. Depois disso, Rodrigo voltou para a Hungria e passaram a trabalhar remotamente, junto com uma quarta pessoa contratada em Honduras (que mais tarde também se tornou sócio da empresa).

"Fiquei full-time na Sympla, fechei as outras empresas e vim para o Brasil fazer a validação do nosso MVP, pois éramos quatro pessoas trabalhando em algo para o mercado brasileiro, mas de fora do país", explicou. "E apesar de já existir iniciativas parecidas lá fora, a Sympla foi algo extremamente revolucionário no mercado brasileiro. "Contar para o produtor de eventos que ele abriria e fecharia lotes de ingressos... para eles, isso era algo impensável".

E mesmo há dez anos fora do Brasil, Rodrigo ainda tinha a experiência e os contatos de um dos seus primeiros empreendimentos, uma produtora de eventos. "Dentro de Belo Horizonte, eu tinha uma rede que ainda estava ativa. Fiquei três meses aqui para refinar o produto, mudamos alguma coisa e depois voltei para Budapeste. Mudei de volta no começo de 2012, para lançar a Sympla", recapitulou ele.


Um mundo novo

"Por mais que eu tivesse experiência com empreendedor, não tinha em startups. E é diferente. Para mim foi um mundo novo". Os primeiros meses com a Sympla mostram desafios que Rodrigo nunca tinha tido antes "não só em tempo de modelo, mas de intensidade. Se juntar as seis empresas que eu tive antes, as seis juntas não chegam no que é a intensidade da Sympla. Outro ritmo".

Aos 34 anos, Rodrigo hoje conta com mais de 50 pessoas na equipe e pelo menos dez vagas abertas. "A Sympla por um tempo foi na minha casa, mas quando começamos a crescer alugamos uma sala que cabia umas seis pessoas – e já éramos nove, então ficávamos bem apertadinhos. Depois viemos para cá, no 14º andar. Agora começamos a expandir para os outros" - a startup ocupa salas em três andares de um prédio comercial na Savassi e, julgando a sua velocidade de crescimento, deve precisar de cada vez mais espaço. No começo do ano passado, eram apenas 12 pessoas no time.

Hoje, a Sympla é um exemplo para as centenas de pequenos empreendedores que surgem em Minas Gerais, além de ser um dos membros de maior destaque do chamado San Pedro Valley, o apelido do ecossistema de startups de Belo Horizonte. Mas uma curiosidade é que por muito pouco a Sympla não foi para fora do estado. O destino seria São Paulo. "Quando voltamos para o Brasil, o lugar mais óbvio para a Sympla era São Paulo. Fomos para lá e ficamos um tempo" contou Rodrigo. "Mas depois voltamos para BH e ficamos aqui".

E o que fez a startup firmar raízes na capital mineira foi justamente o ecossistema local e a troca de informações. "O maior fator de decisão para ficar em BH foi o San Pedro Valley. Na verdade, tinha essa turma trocando informações e nem tinha a marca 'San Pedro Valley', mas era uma comunidade que já comia conhecimento de startups há vários anos. E eu e o Marcelo sabíamos muito pouco do assunto, comparado com eles. Esse pessoal foi super importante porque em São Paulo não conseguimos ter toda essa troca de informação. Aqui encontramos um caminho contrário, em que as pessoas estavam loucas para colaborar e eles sabiam muito mais que a gente", completou.

A Sympla

A Sympla é uma plataforma para venda e gestão de ingressos e inscrições para eventos no Brasil. Com a ferramenta, produtores de eventos podem sozinhos abrir e fechar lotes de ingressos para seus eventos, contando com uma estrutura robusta para gerenciar e vender ao consumidor final. Em outubro de 2015, bateram a marca de 2.500 eventos simultâneos com venda de ingressos no site, se tornando a plataforma com o maior número de eventos à venda no Brasil.


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