As perguntas “Por que mataram Carlos Pizarro Leongomez?” e “Quem o matou?” são constantes e sem resposta no longa documental “Pizarro” (2015), do colombiano Simón Hernández. Acompanhando Maria José, a filha do ex-líder do movimento revolucionário M-19, na busca de sua identidade e conexões com o pai assassinado, o filme refaz a trajetória política e de luta do ex-guerrilheiro colombiano na década de 1990.





 

Quando concorria à Presidência da Colômbia, Pizarro viajava em um avião, escoltado por agentes do Departamento Administrativo de Segurança, quando foi alvejado por um passageiro que havia embarcado com uma submetralhadora.

 

Inicialmente, o assassinato foi atribuído ao grupo do narcotraficante Pablo Escobar, mas investigações posteriores apontaram que o mandante do crime foi um integrante do Departamento Administrativo de Segurança colombiano. A investigação não foi concluída até hoje.

 

Documentário colombiano 'Pizarro' aborda a relação de pai e filha. Carlos Pizarro Leongomez foi assassinado e Maria José quer saber por quê.





(foto: Instiituto Cervantes/divulgação)

 

“Pizarro” é o filme mais forte da mostra “Novo cinema ibero-americano – Histórias que não te contaram”, do Instituto Cervantes em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte. Ela entra em cartaz no MIS Cine Santa Tereza nesta quinta-feira (10/8) e segue até domingo, com exibições gratuitas.

 

“Nosso objetivo é aproximar as culturas dos países vizinhos do Brasil. Buscamos filmes na linha mais contemporânea para mostrar o que está sendo feito por nossos vizinhos e, muitas vezes, serve como diálogo com as preocupações cotidianas que a gente vive aqui”, diz Juliana Guimarães, integrante do Instituto Cervantes.

 

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Baile de debutante

A mostra começa com “Miriam mente” (2018), de Natalia Cabral e Oriol Estrada, rodado na República Dominicana com apoio financeiro da Espanha.





 

O longa acompanha Miriam, jovem dominicana prestes a completar 15 anos, que convida o namorado francês que conheceu pela internet para dançar com ela em seu baile de debutante.

 

A nacionalidade europeia do rapaz empolga amigas e familiares de Miriam. “Imagine ele chegando com aqueles lindos olhos azuis”, diz a mãe da garota, projetando uma imagem bastante equivocada do rapaz, que é negro.

 

Além de questões raciais, o filme levanta discussões a respeito das incertezas da adolescência e da pressão de familiares sobre os jovens.

 

O mexicano “El otro Tom” (2021), de Laura Santullo e Rodrigo Plá, será exibido na sexta-feira (11/8). A mãe solo Elena corre o risco de perder a guarda do filho depois de suspender o medicamento para hiperatividade do menino devido a graves efeitos colaterais.

 

“Planta permanente” (2019), do argentino Ezequiel Radusky, encerra a mostra. Na trama, faxineira de prédio público ganha popularidade ao ser autorizada a reformar e administrar o refeitório dos funcionários. Contudo, quanto mais ela ascende social e profissionalmente, mais desperta a inveja dos colegas e de pessoas que considerava como amigas.





 

 

Conexão com Huelva

A mostra foi concebida pelo Instituto Cervantes, em Madri, que colabora com o Festival de Huelva de Cinema Ibero-americano.

 

“Os filmes trabalham temáticas que não se passam apenas em um país”, destaca Juliana Guimarães. “O drama da mãe que corre o risco de perder a guarda do filho por problemas com as instituições médicas não é algo que só acontece no México. São situações que podem estar presentes no Uruguai, Argentina, Colômbia e Brasil”, emenda.

 

“Histórias vão trazer alegria, tristezas ou violência. É uma ficção? É, sim. Mas contam um pouco da realidade que a gente está vivendo nesse momento”, finaliza Juliana Guimarães.

 

 

PROGRAMAÇÃO

• Nesta quinta, (10/8), às 19h: “Miriam miente” (2018), de Natalia Cabral e Oriol Estrada

• Sexta (11/8), às 19h: “El otro Tom” (2021), de Laura Santullo e Rodrigo Plá

• Sábado (12/8), às 19h: “Pizarro” (2015), de Simón Hernández

• Domingo (13/8), às 19h: “Planta permanente” (2019), de Ezequiel Radusky

>> MIS Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza). Entrada franca, mediante retirada de ingresso no site Sympla

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