A peça “O animal agoniza”, que faz parte das comemorações dos 10 anos do Grupo Confesso, marca a volta de Guilherme Colina aos palcos. Com roteiro e direção de Rita Clemente, o monólogo discute o feminicídio.





A mulher está ferida no hospital, mas o espectador ainda não sabe o motivo. Colina interpreta o homem que exibe sua personalidade abusiva. Para o ator, o personagem, com picos de violência seguidos de momentos de reflexão, expõe o ciclo da violência doméstica.

“A manipulação é um processo difícil de enxergar, esses atos de agressividade muitas vezes são justificados como culpa da mulher”, diz o ator.
 
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Hiena cruel

Guilherme contracena com uma hiena de pelúcia, que remete ao animal selvagem e cruel. Rita Clemente diz que o bicho representa o conflito do protagonista com a figura feminina. Caçador tanto no sentido literal quanto metafórico, o homem anseia pelo retorno da mulher para que ela se submeta novamente a seu domínio.

Encenar esse personagem violento se tornou um incômodo até mesmo para o ator. “Falar coisas tão pesadas me demanda um aprofundamento maior”, comenta ele. No solo, Colina não está completamente sozinho. Há interlocutores, fora de cena, que dialogam com ele. É o caso da memória e da vizinha que socorre a moça.





Trazer temas sociopolíticos para o teatro é fundamental, afirma Rita Clemente. “Essas discussões sensíveis só chegam a atravessar as pessoas de maneira aberta se for através da arte. Queremos discutir como nossas relações amorosas e até mesmo pessoais, muitas vezes, são permeadas por abusos”, diz.

“O alerta que a gente traz vem de uma criação ficcional, diferente do alerta de uma palestra, de uma aula ou daquele alerta do analista. Este sinal vem pela arte de forma delicada. O teatro nos permite olhar sem tanto medo para nossos lugares sensíveis”, afirma a diretora.

“O ANIMAL AGONIZA”

Peça do Grupo Confesso. Hoje (13/5) e domingo (14/5), às 20h, no Teatro da Cidade (Rua da Bahia, 1.341, Centro). Interpretação em libras. R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada).

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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