Uma das lembranças mais vivas que Francisco Eller, o Chico Chico, traz da infância é de quando acompanhava a mãe, Cássia Eller, nos shows e acabava dormindo ao lado da bateria, enquanto o rock rolava no palco.





Ele também se lembra muito bem de quando ganhou o primeiro cachê, aos 7 anos. Foram R$ 20, que Cássia lhe deu depois que ele a acompanhou tocando percussão no cover de “Smells like a teen spirit”, do Nirvana, durante o Rock in Rio, em 2001.

Todas essas experiências ajudaram a formar o caráter musical de Chico Chico, de 29, que fez sua estreia em carreira solo no ano passado, com o álbum “Pomares”. 

O disco, inclusive, rendeu a ele indicação ao Grammy Latino na categoria de melhor album de Música Popular Brasileira.

Antes de “Pomares”,  o músico já vinha construindo sua carreira integrando as bandas 2x0 Vargem Alta e 13.7, além de estabelecer  parcerias com cantores de sua geração – João Mantuano e Pedro Fonseca, principais nomes com quem compõe – e de gerações anteriores, como Ana Cañas, Nando Reis e Tetê Espíndola.





É, portanto, uma espécie de síntese da carreira que Chico Chico fará no seu show desta quinta-feira (11/5), no Teatro Sesiminas. A apresentação integra o projeto “Encontros musicais”.

O músico divide o palco com Pedro Fonseca (teclados e sintetizadores) e Thiaguinho Silva (bateria e percussão). No repertório, canções dos álbuns “Chico Chico & João Mantuano” (2021), “Onde?” (2020, fruto da parceria com o  baiano Francisco Gil, neto de Gilberto Gil e integrante do trio Gilsons) e, claro, “Pomares”.

Rock'n'roll

Cada um dos álbuns, cumpre dizer, tem sonoridade específica e diferente. Enquanto “Onde?” traz levada mais MPB, “Chico Chico & João Mantuano” é a mescla de rock experimental com uma pitada de psicodelia.





 

“Pomares” é mais intimista, com arranjos para além da formação tradicional de banda (baixo, bateria e guitarra), trazendo instrumentos de orquestra, como violinos, cellos e contrabaixos.


As diferenças, contudo, não foram obstáculos para montar o repertório da apresentação de hoje. “O show é mais rock’ n’ roll. A gente pega tudo isso e bota no palco”, resume Chico Chico.

“O Fonsa (Pedro Fonseca) foi craque em amarrar todas as músicas desses diferentes trabalhos em um repertório só. Ele é o diretor musical do show, o cara que está comigo há bastante tempo e que me produz. Ele conseguiu amarrar uma estética sonora bem legal entre as músicas, apesar das claras diferenças entre elas”, emenda.
 
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Assim, canções mais conhecidas dele, como “Ninguém” e “Árvore” (ambas de “Onde?”), “Medo” (de “Chico Chico & João Mantuano”) e “Mãe” (de “Pomares”) certamente estarão no setlist.





Embora a proximidade de Chico com Fonseca já venha de muitos anos – os dois estudaram juntos quando criança e, já nessa época, faziam parceria em projetos de música e artes no geral –, a relação com Thiaguinho Silva é mais recente.

“Faz pouco tempo que a gente se conheceu”, revela Chico. “Mas o santo bateu muito rápido, porque ele é um cara que toca demais, é super gente boa. Tem tudo a ver, sabe?”, continua.
 

 

De Chico César a Luiz Melodia

Também integram o repertório releituras que Chico fez de músicas do xará Chico César e de Luiz Melodia. Provavelmente, haverá alguma homenagem a Rita Lee, morta aos 75 anos na segunda-feira (8/5), em decorrência de um câncer no pulmão.

“Então, ainda não sei (se vai tocar Rita Lee). Foi meio um choque, né?”, diz Chico. “Escutei ela a vida inteira. A vida inteira ela falou no meu ouvido. Isso é muito doido, porque, quando uma pessoa assim parte, parece que a gente a conheceu pessoalmente."





Para o futuro, ele prepara novo disco autoral, que pretende lançar ainda este ano. O projeto, que também conta com parceria de Fonseca e João Mantuano, está ainda em fase embrionária, de acordo com o artista.

“Estamos fazendo mais ou menos a seleção do repertório. Vamos começar a fazer as pré-seleções das músicas e ver o que acontece. Acho que vai ser legal. Estou bem animado, as músicas estão bem legais”, garante.

Beijo na Bethânia

Enquanto não finaliza o novo projeto, Chico Chico segue com apresentações pelo país e, assim como na infância, colecionando memórias de tais shows, como o que fez na última semana, no Rio de Janeiro, ao lado de Maria Bethânia. Enquanto cantavam “Em nome de Deus”, de Sérgio Sampaio, ele tascou um beijo na bochecha da baiana.

“Ganhei até um beijo, gente. Um beijo de um moço bonito desse. Que calor!”, brincou Bethânia com o público, enquanto se abanava.

ENCONTROS MUSICAIS

Show de Chico Chico. Nesta quinta-feira (11/5), às 21h, no Teatro Sesiminas  (Rua Padre Marinho, 60 – Santa Efigênia). Ingressos à venda por R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia), na bilheteria do teatro ou no site do Sympla. Informações: (31) 3241-7181.

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