O apresentador Tadeu Schmidt, que comanda o “Big brother Brasil 23", no ar desde a última segunda-feira (16/1), afirmou, em entrevista, que a abordagem de pautas identitárias no reality show espelha o momento da sociedade. Segundo o jornalista, ainda não há uma resolução sobre esses temas.
"Levamos essa questão com muita naturalidade, eu particularmente acho muito importante todas essas lutas das minorias, acho que estamos no meio de um processo em que a nossa sociedade está evoluindo, sendo menos preconceituosa", diz.
Ainda não haveria uma resolução da sociedade sobre as lutas identitárias. Na visão de Schmidt, é normal os participantes terem comportamentos tão díspares como os de Lumena e Fiuk, ambos do “BBB 21”.
"Vai ter uma pessoa que vai fazer de um jeito, outra vai fazer de outro jeito, é um processo natural, exageros podem acontecer para lá ou para cá, mas é tudo um processo que a gente não pode demonizar, é um processo que a sociedade está passando, e o ‘BBB’ é um retrato disso."
Sobre política partidária, Schmidt ecoa um pensamento parecido ao de Boninho, o diretor do programa. De acordo com o apresentador, cada participante é livre para falar o que quiser, mas ele acredita que o ‘BBB’ não é o lugar ideal para expressar preferências eleitorais.
"O participante faz o que achar correto, mas as pessoas não estão querendo assistir ao ‘BBB’ para ver alguém fazendo política", afirmou.
Contato do público
É o segundo ano de Schmidt à frente do programa. Ele substituiu Tiago Leifert que, por sua vez, substituiu Pedro Bial. Agora, ele conta, parece estar mais hábil sobre o funcionamento da casa, mas sua vida mudou muito desde que trocou o “Fantástico” pelo principal reality show da TV brasileira. Não pelos gritos de "ai, Tadeeeeeu", dos participantes eliminados nas dinâmicas, mas pelo contato do público.
"As pessoas já me conheciam de 14 anos de ‘Fantástico’, de 20 e tantos anos de futebol. O que muda agora é a questão da 'torcida de futebol'. Durante o ‘BBB’, a pessoa se identifica com um participante e, se ela acha que eu não conversei direito com esse participante, ela fica com raiva de mim. Se bem que eu estava acostumado com essa coisa de time de futebol, mas agora tem um peso bem maior."
No ano passado, mais de 152 milhões de pessoas assistiram ao “BBB”. A final teve recorde de votações entre todos os anos - foram 751 milhões de votos. Nas redes, 88% das conversas sobre entretenimento foram sobre “BBB”. A média de audiência ficou, porém, menor do que nos dois anos anteriores, marcando 22 pontos. Para Schmidt, o sucesso do programa acaba influenciando outros produtos da Globo, nesse processo de mudança na forma de consumir televisão.
"Acho que o ‘BBB’ é um grande caso de sucesso, público, audiência, tem repercussão na sociedade e um sucesso comercial, é um exemplo para as pessoas, então, se os outros estão se espelhando no ‘BBB’, eu acho ótimo."
Ao longo do tempo, o público mudou de percepção sobre o programa. Nos dias atuais, a crítica ao reality é, com frequência, associada ao elitismo. Schmidt acredita que Pedro Bial, ficando à frente de 16 edições, contribuiu para a mudança no estatuto do reality show.
"Acho que o próprio Pedro foi responsável por isso, com a carreira brilhante que ele teve, com o respeito que ele traz, quando ele veio para o ‘BBB’, trouxe uma credibilidade muito grande. E, ao longo do tempo, o ‘BBB’ foi mostrando que não era aquilo que os preconceituosos imaginavam, então isso foi desmontando os preconceitos."
Jogo imprevisível
Para que uma edição fique emocionante, ele conta que tudo depende dos fatores encontrados na hora do jogo. Segundo Schmidt, é impossível prever o que vai acontecer dentro da casa.
"Tem uma coisa do aleatório, das coisas que vão acontecer ali, é muito inesperado, é difícil prever o que vai acontecer no ‘BBB’."
Um dos fatores que desestabilizam os participantes é a arquitetura da casa. Neste ano, o tema da decoração é viagem, e tralhas se acumulam por todos os cômodos - suvenires, globos terrestres, um mapa-múndi-. As paredes todas são pintadas com cores bem fortes, em ambientes sem luz natural ou passagem de ar.
Schmidt diz que não sabe como a decoração de cada edição é decidida, que isso fica a cargo dos produtores do programa. "A gente está fazendo show, então tem que ser bonito para se ver e para se mostrar."