Jornal Estado de Minas

Juliette lança clipe de 'Diferença Mara' inspirado na diversidade

Em um dia, Juliette era anônima e estudava para concurso em João Pessoa, na Paraíba. No outro, ela lança um EP (“Extended Play”, em inglês, ou um disco mais curto) com seis músicas que quebram recordes nas plataformas digitais. Agora, a ex-Big Brother chegou com um clipe nesta segunda-feira (6/9), de “Diferença Mara”, que traz várias referências de sua raiz nordestina.





A história da paraibana ficou conhecida em sua passagem no início do ano no reality show da TV Globo, o Big Brother Brasil. Nele, Juliette conquistou o coração de quase 33 milhões de brasileiros (seus números atuais nas redes sociais). A voz foi uma das qualidades que ficaram marcadas quando, ainda na casa, cantava músicas de grandes artistas nordestinos, como “Deus me proteja”, de Chico César, e viralizava por todo país.
 
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Fora da casa, sua equipe, que ainda era formada pelos amigos mais próximos, percebendo o fenômeno que ela se tornou, decidiu deixar o caminho preparado para ela. Juliette não só saiu com o prêmio de R$ 1,5 milhão, como com as músicas preparadas para ela gravar e investir na carreira de cantora e ainda com o apoio de Anitta. 

Ainda em êxtase com todo sucesso, ela contou durante uma coletiva de imprensa, que demorou um pouco para entender e se aceitar como cantora. “Quando eu saí e vi que realmente as pessoas me viam como uma possível cantora, fiquei muito surpresa. Já no primeiro dia tive contato com as músicas e com a Anitta. Ela me ligou e eu fiquei ‘Como assim?’, sem entender nada. Foi assustador e foi um processo difícil até eu me entender assim e visualizar uma carreira como cantora. O que realmente me fez acreditar, confiar, foram as letras das músicas e vários artistas que eu conheci e me deram força. Foi assustador, mas agora já estou aceitando. Ainda fico com um pouco de vergonha, mas tô achando bom”, disse a advogada e agora cantora.





Em tantas oportunidades que surgiram quando saiu do reality, ela conta que a carreira de cantora foi o que mais fez sentido. “O que me fez decidir é que de tudo que eu estava fazendo, eu encontrava mais sentido na música. Todas as outras coisas eu fazia com muita felicidade, mas a música era o que me trazia paz. Todo mundo sabe, eu sou apaixonada por música e era uma forma de comunicar amor, que eu também sentia e vivia junto. Também tive encontros com artistas maravilhosos, tive sonhos e mensagens muito bonitas sobre música o tempo inteiro, então eu só acreditei no que meu coração já falava”, destacou.

Capa do EP (foto: Fernando Tomaz)
As músicas, apesar de terem sido escritas antes mesmo de saber de todo sucesso que tinha fora do reality, também contaram com seu toque para deixar ainda mais sua cara. “Quando comecei a ler as letras das músicas e ter contato com isso fiquei muito apaixonada. Então isso me fortalecia. Quando me dava medo, eu falava que precisava cantar essas músicas porque são muito bonitas e aí fui me apaixonando por elas, mudando uma coisa ou outra, que não me sentia confortável. Pedia para colocar algum instrumento ou outro, mudar uma palavra, um tom. E aí fui participando desta forma e foi dando certo, ficando do meu jeitinho. Já era algo que estava escrito exatamente para mim e falava da minha história, ritmos que eu escutava. Foi tudo dando certo e a gente chegou no resultado final”, disse. 

Resultado que não agradou só Juliette, mas como o Brasil inteiro. A estreia musical de Juliette já é o maior lançamento nacional da história do Spotify, figurando no topo da lista dos discos e EPs que mais foram tocados em suas primeiras 24 horas de vida. Além disso, com os seus 5,9 milhões de plays, o EP teve a segunda maior estreia global da história da plataforma, perdendo apenas para o disco “Chromatica”, da americana Lady Gaga. Enquanto isso, todas as músicas estrearam direto no top 15 das faixas mais tocadas do Spotify Brasil.




 
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Toda repercussão ainda deixa a paraibana assustada e sem dimensão do que são estes números. “Eu não imaginei nem ganhar o Big Brother, fico assustada. Sabe aquela cara que eu fiquei quando ele falou meus seguidores (na final do programa)? Eu fico assim. Só penso que fiz a escolha certa e graças a Deus a minha música tá conseguindo tocar as pessoas e o resto é consequência, tô muito grata”, comemora.

Clipe

Das seis músicas do álbum, Juliette optou por começar a trabalhar na divulgação com “Diferença Mara”, com um videoclipe que tem a direção de Giovanni Bianco. A escolha da canção veio com a ideia de abranger um público maior na estreia, já que é uma música mais pop. “Como as pessoas viram, apesar de eu ter uma raiz, uma origem e apelo regional, que eu tenho um amor muito grande pelas minhas raízes, eu também gosto de pop, funk e vários outros ritmos e essa era a que misturava de uma forma mais legal. A gente resolveu escolher porque ela ia abraçar o Brasil inteiro e todos os estilos de uma forma mais ampla”, afirma Juliette.

A letra, que fala de uma paixão entre duas pessoas de culturas diferentes, foi outro motivo que motivou a escolha. “Ela também traz uma mensagem muito bonita de diferença e dessa beleza que é a mistura e a multiplicidade que é o nosso país”, conta. O clipe também é carregado de referências de sua raiz nordestina e marcado pela diversidade, com figurantes de várias etnias e estilos. Uma das cenas, inclusive, marca o amor ressaltado na música, trazendo um beijo gay.





Mas, o que chamou atenção foi o boy de inspiração que tirou os pés de Juliette do chão e acelerou o coração da paraibana. Um pouco tímida com o assunto, ela revelou: “Eu tenho uns paqueras, aliás, só um. Mas a música foi feita antes, então eu tô dando sentido para a música ainda nesse ponto. Nas outras eu vejo mais como diferença entre pessoas. Então eu tô começando uma paquera ainda. Depois a gente tem que fazer outra coletiva para quando tiver dado certo (o relacionamento) e revelar quem é”, brinca.

Show

Como o reality aconteceu durante a pandemia de COVID-19, com protocolos de segurança sendo necessários para evitar a disseminação do vírus, Juliette ainda não teve a oportunidade de ter a dimensão de público que conquistou. Agora, com o lançamento do EP, ela diz que espera passar todo caos para poder pensar em um show e ver seus 'cactos' mais de perto. 

“Estou planejando meus sonhos para tudo acontecer no seu tempo. Meu sonho era encontrar sentido para tudo que está acontecendo comigo e eu já consegui. Meu sonho era gravar as músicas de uma forma bonita e já consegui. Talvez o meu próximo sonho seja fazer um show muito bonito, me preparar e me organizar para isso. Imagino como seria maravilhoso voltar da pandemia cantando minha música e as pessoas conseguindo se abraçar, acho que isso seria mágico”, prevê.





Idolatria

Seu público fiel, os 'cactos', foi um dos maiores impactos que Juliette teve fora da casa. Sair de uma posição anônima e se ver rodeada de pessoas por onde passa assustou a paraibana, como ela mesma mencionou diversas vezes durante a coletiva de imprensa.

Algumas pessoas a colocam em uma posição de perfeição, que ela faz questão de ressaltar que não é o lugar que ela quer ocupar. “Quem disser que eu sou perfeita não assistiu o programa. Eu não sou perfeita, erro todos os dias. Brigo com o povo, sou chata, metódica, ansiosa, eu sou mil coisas. Eu erro, falo besteira, falo coisas que eu nem sei, me antecipo. Eu faço tanta coisa errada. Eu quero que as pessoas me vejam com a minha humanidade, colocar uma pessoa com rótulo de perfeita, nunca erra, maravilhosa, é cruel e desumaniza-lá. Não quero esse lugar, nunca quis. Por isso quando eu erro faço questão de pedir desculpas. Quando as pessoas que estão comigo erram eu não tenho problema em apontar e dizer que foi errado porque todos nós erramos o tempo inteiro e é assim que a gente evolui”, reforçou.

Essa posição, como ela mesma fala em sua série documental no GloboPlay, tirou pedaços dela mesma da liberdade que tinha antes. “Quando eu falo que eu perdi um pedaço de mim, em hipótese alguma eu quero reclamar do que está acontecendo comigo, isso tudo é um sonho. Mas eu falo da minha autonomia. Quando a gente não é famoso ou quando não batalha por uma vida artística, a gente tem autonomia e liberdade de escolha, de fazer tudo a hora que quiser, do jeito que quiser", diz.



"Hoje, eu não penso só em mim. Eu penso em como eu vou influenciar uma pessoa, em como eu posso ser exemplo e o quanto eu posso machucar se fizer algo ruim. Isso é pesado, você perde um pouco da sua autonomia, fora que é uma agenda muito louca e isso vai deixando você um pouco preocupada. Mas eu tenho caminhado para diminuir isso e impor sempre o que me faz bem, a minha vontade”, comenta.

Apesar disso, ela acredita que, até a próxima edição do Big Brother Brasil, todo esse holofote passe para outras pessoas e ela vai poder ter maior liberdade. “Eu acho que quando tiver outro Big Brother, as pessoas vão ter novos amores. Isso não quer dizer que vão deixar de me amar, porque vou continuar amando todo mundo e fazendo muita coisa bonita. Mas eles vão ter novos amores e aí eu sei que já vão dar uma acalmada. Eu já tô curiosa, porque eu também quero assistir e me apaixonar pelo povo também”, disse.