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Estado de Minas

Longa do francês Benoit Jacquot sobre paixão de Casanova não empolga

O último amor de Casanova, protagonizado por Vincent Lindon, está distante do personagem intenso que foi o aventureiro veneziano


postado em 26/12/2019 04:00

No filme O último amor de Casanova, o protagonista Vincent Lindon está distante do personagem intenso que foi Giacomo Casanova (1725-1798) (foto: CALIFÓRNIA FILMES/DIVULGAÇÃO)
No filme O último amor de Casanova, o protagonista Vincent Lindon está distante do personagem intenso que foi Giacomo Casanova (1725-1798) (foto: CALIFÓRNIA FILMES/DIVULGAÇÃO)


Giacomo Casanova (1725-1798) entrou para a história como aquele que conquistou centenas de mulheres. Homem do mundo, culto e avesso a convenções, viveu na Europa (tem passagens marcantes por Florença, Roma, Praga, São Petersburgo, Paris e Viena), fazendo tudo à sua maneira. Jovem, dedicou-se à vida eclesiástica; mais tarde, empenhou fugas incríveis da prisão. Ainda que fosse à frente de seu tempo, é a aura de conquistador que lhe deu a fama – que veio sobretudo postumamente graças às suas memórias, História da minha vida, com seus 28 volumes.

Com predileção por personagens históricos, o cineasta francês Benoit Jacquot já filmou, entre outros, o marquês de Sade (Sade, 2000) e Maria Antonieta (Adeus, minha rainha, 2012). Com O último amor de Casanova, que estreia nesta quinta (26), no Cine Belas Artes, ele lança luz em um episódio menos conhecido de sua incensada trajetória de conquistas.

Casanova pode ter tido muitas mulheres – há quem conteste seu número de conquistas, pois muitas teriam sido inventadas. Independentemente da quantidade, ele teria se apaixonado somente uma vez na vida. E seu amor nunca teria chegado às vias de fato. Tomando como ponto de partida as memórias de Casanova, Jacquot recupera um episódio da maturidade do personagem.

Vivendo na Boêmia (atual República Tcheca) no fim da vida, Casanova, em 1793, atua como bibliotecário do conde de Waldstein-Wartenberg. No início da narrativa é um homem triste, bulímico, uma sombra do que foi no passado. Com a chegada de uma jovem ouvinte, volta 30 anos no tempo, em um período que passou exilado em Londres. Sem falar inglês – comunicava-se em francês, a língua da elite da época – conhece uma jovem cortesã, Marianne de Charpillon. Apaixona-se por ela. Os dois não consomem o ato, o que leva Casanova a uma obsessão pela mulher.

Jacquot conta essa passagem sem pressa. Com Vincent Lindon como protagonista, seu Casanova é pálido, muito longe do personagem apaixonante do imaginário cultural europeu. A primeira parte do filme é mais um retrato dos códigos de representação da época. Nas altas-rodas, estão em destaque os jogos de aparência, as intrigas e as convenções sociais. Nas camadas mais populares, já que Casanova circula livremente pelos dois mundos, são as paixões despudoradas que movem a trama.

ARREMEDO 

Personagem que vive à margem das regras, revela a um amigo que nunca conseguiu passar mais de cinco meses com a mesma mulher. Charpillon, interpretada por Stacy Martin, é o estereótipo da mulher que utiliza seu poder de sedução para enganar os homens. O filme, na segunda metade, aposta no jogo de gato e rato. Suas negativas não convencem. Com dois protagonistas que não têm a química necessária, fica óbvio ao espectador que aquele jogo não vai dar em lugar algum.

Desta maneira, O último amor de Casanova vai, aos poucos, se tornando enfadonho como seu protagonista. Se a intenção de Jacquot era realizar um filme sobre o desejo, o longa-metragem não passa de um arremedo. Pois com tamanha a falta de apetite, a interpretação e a direção burocráticas são uma negação da essência de Casanova.
















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