Jornal Estado de Minas

OLHE PARA CIMA!

'Dança dos planetas': fenômeno segue visível a olho nu


Observadores do mundo inteiro podem assistir a olho nu ao fenômeno do alinhamento de cinco planetas do Sistema Solar. Conhecido como a 'Dança dos planetas', o evento poderá ser visto da Terra até o fim de junho e depois só ocorrerá novamente daqui 18 anos, por volta de 2040.



Segundo o portal de Meteorologia AccuWeather, os planetas Mércurio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno conseguem ser visualizados da Terra por estarem suficientemente brilhantes. Além disso, a Lua crescente entre Vênus e Marte, na madrugada dessa sexta-feira (24/6), proporcionou um toque a mais na beleza do evento.

Caso tenham perdido o fenômeno, interessados poderão assistir outro belo acontecimento na madrugada de sábado para domingo. Conforme Renato Las Casas, professor aposentado do Departamento de Física da UFMG, a "Lua estará em conjunção com Vênus".

“Na noite de sábado para domingo, será muito bonito. Talvez, seja o dia mais bonito para assistir esse fenômeno, porque a Lua estará em conjunção com Vênus. Veremos aquele ‘fiapinho’ de lua, quase na fase nova, bem perto do planeta, que estará muito brilhante”.



Por que o fenômeno é tão raro?

De acordo com Las Casas, a raridade do fenômeno não é por causa do "alinhamento", e sim pela possibilidade de assisti-lo a olho nu. “O alinhamento não é nada demais, pois sempre que observamos os planetas no céu, eles estarão ao longo de uma reta", frisou.

"Isso acontece porque esses corpos celestes se movem entorno do sol, aproximadamente, em um mesmo plano, ainda que alguns estejam mais inclinados. A Terra também está nele, então, qualquer planeta que observarmos neste plano, nós veremos alinhados. Essa ‘linha’ no céu será justamente correspondente ao plano em que esses astros se movimentam entorno do sol”, continuou.

“O que é raro é você, comutantemente, ver a olho nu os cinco planetas no céu. Esse fenômeno ocorre, aproximadamente, há cada 18 anos. A última vez que isso aconteceu, se não me engano, foi em 2004”, acrescentou.



O docente contou que esse fenômeno pode ser explicado como uma “coincidência”. “Cada planeta tem um tempo de rotação. Então, à medida que o tempo passa, esses corpos celestes vão se distanciando", disse Las Casas.

"A coincidência que tem é o ciclo deles serem tais que eles são observados no mesmo lado do céu. Ou seja, se da Terra for visto esses corpos celestes em um ângulo de 180º, será possível vê-los comutantemente. Por esses dias, eles estão no ângulo de, aproximadamente, 120º”, completou.

'Dança dos planetas' permanece nos próximos dias


Renato Las Casas assegura que em cada noite dos próximos dias será possível observar algo diferente. “Mercúrio e Vênus se movem muito rapidamente no céu. Então, se nesta madrugada a posição do primeiro era tal, hoje o corpo celeste estará mais perto do sol, já vai estar mais afastado de Vênus. Além disso, nestes dias a Lua também embelezando o fenômeno”.



Conforme o especialista em Física e Astronomia, neste fim de semana o satélite natural da Terra estará bem perto desses planetas. “De sábado para domingo, teremos a Lua em conjunção com Vênus. De domingo para segunda, o satélite estará bem próximo de Mércurio. Será muito bonito, sobretudo no primeiro caso.”

O professor da UFMG relembra que o fenômeno da conjunção entre a Lua e Vênus é representado de várias maneiras. “Existem bandeiras de alguns países, como o da Mauritânia, localizado no Noroeste da África, com aquele ‘fiapinho’ de Lua, quase nova, perto de uma estrela bem brilhante, que mostram como é esse momento".


"Na década de 1970, era muito comum as meninas usarem anéis de Lua e estrela.  Caetano Veloso até compôs a canção ‘Lua e Estrela’. Isso também será a representação do que veremos de sábado para domingo”, ressaltou Las Casas.





 

Fotógrafo mineiro registra momento


O fotógrafo Vinícius Pissá, 36, registrou o fenômeno desta madrugada em Iguatama, no Centro-Oeste de Minas Gerais, onde mora. Retratar paisagens noturnas é um dos seus principais hobbies.

Pissá costuma sempre se programar para eventos astronômicos. Neste caso, porém, acabou sendo uma coincidência. “Eu marquei o evento na minha agenda telefônica, porém esqueci completamente. Acabei dormindo e, quando deu 4h da madrugada, meu celular despertou, o que me acordou. Nisto, relembrei da conjunção, que teria, desta vez, a Lua entre dois planetas”.


Na visão que tinha de sua casa só era possível localizar os planetas a partir da Lua. “Para conseguir fotografar todos os corpos celestes, precisei ir até outro ponto perto de onde moro. Chegando lá, consegui ver toda a conjunção”, contou Vinícius.




Ele afirma que o planeta mais difícil de observar foi Mércurio. “Só iria ficar visível no momento em que o dia estivesse começando a amanhecer. Além disso, Mércurio é muito pequeno e, conforme o dia clareou, começamos a perder a visibilidade. Por isso, ele foi observado por pouco tempo”.


Para chegar no resultado, Pissá precisou colocar a câmara no modo manual, sendo o necessário para fazer esse tipo de foto. “É tentativa e acerto. Como eu estava na zona urbana, precisei tirar umas 15 fotos, para chegar no efeito que eu gostaria. Na zona rural, é possível se distanciar da poluição, o que torna a visualização melhor. Nestes casos, eu só preciso tirar em torno de três fotos para conseguir as configurações ideais”.


*Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Arruda