Jornal Estado de Minas

RICARDO KERTZMAN

Deixe de ser trouxa, Moro! Não faça como eu. Caia fora daí! Ainda dá tempo

Por alguma razão que não compreendo, milhões de leitores Brasil (e até mesmo mundo) afora - especificamente 16.5 milhões deles - me acompanharam durante 2021 e visitaram meus textos no Estado de Minas Digital, Portal UAI e site da revista IstoÉ mais de 50 milhões de vezes, um resultado espetacular para um ‘não-jornalista’, que me coloca dentre os mais lidos destes veículos de comunicação e mesmo do País.





Diante deste sonoro ‘sucesso’, já há alguns anos, um monte de políticos costuma fazer contato comigo, sobretudo de Belo Horizonte, minha cidade (quase) natal - sou de Brasília, DF. Por três vezes, desde então, fui solenemente enganado, ou melhor, feito de trouxa por estes, digamos, anormais. Sim, políticos não são pessoas normais, seja para o bem ou para o mal. Aliás, às vezes, eu desconfio que não sejam nem deste planeta.  

- Leia: "Erros em série de Moro afunilam terceira via em Doria e Ciro"


Certa vez, o deputado federal Marcelo Aro (Progressistas), após um texto meu o criticando por ficar sobre o muro, na reta final do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, através de um amigo comum, me procurou para justificar sua posição. O cara olhou nos meus olhos e me contou a maior lorota do mundo! Eu, tolinho, não só acreditei como, no dia seguinte, publiquei uma coluna meio que me retratando.

Entenda bem este caso: É, deputado Marcelo Aro, eu me enganei
 
Depois foi a vez do deputado estadual Mário Henrique (PV), o ‘caixa’. Conhecido por narrar os jogos do Atlético Mineiro, também através de um amigo em comum, me procurou para se explicar. Eu o havia criticado por votar pelo aumento de ICMS sobre os combustíveis, e ele, como Aro, me contou uma lorota qualquer, e lá fui eu ‘me desculpar’. Porém, assim como no caso anterior, logo descobri que fui infantilmente enganado.

Entenda bem este caso: Pimentel pede, deputados dão e você paga
 
Marcelo Aro me disse que havia esperado até o último segundo para declarar seu apoio à cassação da petista, porque tentava convencer outros colegas indecisos, e não para esperar o cenário se consolidar e não ‘ficar vencido’ em caso de opção errada. Já o Caixa me disse que votou induzido ao erro - e acreditei!! -, mas um colega seu me provou o contrário, já que houve dois turnos na ocasião, e ele não foi enganado duas vezes.





Sergio Moro vem tendo seus dias de Ricardo Kertzman. Assim como eu já fui - e de certa forma ainda sou -, o ex-juiz é neófito no mundo da política, por isso tem se tornado um joguete nas mãos dos ‘profissas’ do ramo; dos reis da engabelação. Esses caras conseguem nos convencer que a Terra é plana!. Ora, Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, não convenceu milhões de brasileiros de que a cloroquina funcionava contra a covid-19?

E como desconsiderar a liderança folgada de Lula da Silva, o meliante de São Bernardo, nas pesquisas? O povo brasileiro realmente acredita que ele é inocente e a ‘alma mais honesta deste País’. Como eu disse, essa turma sabe o que dizer e como dizer, e nós, os trouxas, caímos como patinhos. Moro, por sua vez, acreditou nos líderes do Podemos e quebrou a cara. Acreditou nos líderes do União Brasil e… irá quebrar a cara novamente.

O ‘marreco’ precisa fazer como eu e deixar de ser (menos) trouxa. Precisa entender que ainda tem muita estrada até conseguir ‘ler’ o jogo político e as segundas, terceiras, quartas intenções dessa gente. Imaginem vocês: o moço deixou um empregaço nos EUA para tentar ser presidente da República. Antes disso, deixou a carreira de funcionário público federal concursado para se tornar Ministro da Justiça de… Jair Bolsonaro!

Assim como 57 milhões de brasileiros, o paranaense acreditou que o amigão do Queiroz falava sério quando dizia que iria acabar com a corrupção, com o ‘toma lá, dá cá', com a distribuição de cargos e verbas, com o Centrão, etc. Aliás, eu também acreditei. Como já disse, sou trouxa de pai e mãe quando o assunto é acreditar em políticos e promessas. Por isso eu digo: acorde, Moro! Vá cuidar da sua vida e largue essa porcaria toda para lá.