Jornal Estado de Minas

OPINIÃO SEM MEDO

Walmir, Jair e as comemorações do aniversário de 66 anos



Walmir é meu amigo. Mais que um amigo. Um irmão que a vida me deu. Há alguns dias, ele comemorou seu aniversário de 66 anos. Que bom que eu estava lá.

Jair é meu inimigo. Não eu dele, mas ele de mim. Jair nem sabe quem sou. Ou melhor, até sabe, mas não se importa. No que está certo. É raro ele estar certo.





Walmir é um cara do bem. Tosco, é verdade. Meio sem modos, é verdade. Brigão até não poder mais, é verdade. Mas muito, muito do bem. Pura verdade.

Jair é do mal. Um pulha. Um sociopata. Um verdugo. Também tosco, sem modos e brigão. Mas por causas ruins, como rachadinhas, poder e mortes por COVID-19

Walmir luta como um leão por sua vida. Sempre foi assim. Encontra-se intubado, numa UTI, combatendo o maldito novo coronavírus, que Jair tanto adora e cuida.

Jair comemorou seu aniversário de 66 anos. Parecia satisfeito e gozando de plena saúde. Não merecia nem uma coisa nem outra. Não faz por merecer.





Walmir se cuidou. Jair, o contrário. Walmir protegeu os seus. Jair, o contrário. Walmir se contaminou. Jair, também. Parece que o vírus trata bem quem lhe trata bem.

No dia do aniversário, Walmir festejou. No dia do aniversário, Jair guerreou. Walmir esbanjava gratidão. Jair esbanjava ira. A gênese do Walmir não é a do Jair.

Sinto uma baita falta do Walmir. Sinto um baita asco do Jair. Num domingo assim, queria beber uma gelada com meu amigo, falando mal do meu inimigo, de quem ele gosta.

A vida não foi feita para ser justa ou injusta. Apenas bela. Às vezes triste, às vezes plena, mas sob a ótica de um humanista, sempre bela. Não sou humanista.  

Jair merece o que Walmir tem. Walmir merece o que Jair tem. Enquanto o primeiro é aliado da doença, o segundo a combate. Quem deveria, pois, estar sem saúde?

audima