O regime militar só acabou em 1985, com a eleição de Tancredo Neves, seu adversário histórico do antigo PSD. O tempo fora suficiente para volatilizar seu projeto de chegar á Presidência da República, frustração que também ocorreu com outros políticos golpistas, como o ex-governador carioca Carlos Lacerda, que teve o mandato cassado pelos militares.
Na terça-feira, Dia da Independência, Brasília amanheceu sob um ameaçador cumulolimbus, uma formação semelhante àquelas “Nuvens Negras” que intitularam o editorial do antigo ''Correio da Manhã'', a senha para a marcha das tropas do general Mourão Filho, de Juiz de Fora para o Rio de janeiro, em 31 de março de 19654, o estopim da destituição do presidente João Goulart.
O nome cumulus vem do latim e significa “pilha” ou “montão. Nimbus é a palavra para “nuvem” em latim. Nuvens Nimbus são produtoras de precipitação. A categoria nimbus é frequentemente combinada com outras categorias para indicar condições de tempestade.
Na aviação, limitam o espaço aéreo, pois o vôo dentro delas é de extremo risco; também afetam pousos e decolagem. No mar, nos rios e nos lagos, pode causar naufrágios. Provocam turbulência, granizo, formação de gelo, saraiva (granizos lançados para fora da nuvem, em ar claro), relâmpagos e, por vezes, tornados.
Há registros de ventos de 100 milhas/hora e tempestades de 8 mil toneladas de água por minuto, que duram não muito mais do que meia-hora. Seus raios podem chegar a 100 milhões de volts.
Dissipação
No auge da tensão entre os manifestantes que ocupam a Esplanada e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), as tropas do Comando Militar do Planalto, chefiadas pelo general de divisão Rui Yutaka Matsuda, estavam de prontidão, para garantia da lei e da ordem, se assim fosse necessário.
Não estavam aquarteladas para dar um golpe de Estado, mas, sim, proteger o Supremo Tribunal Federal (STF), se fossem requisitadas pelo presidente da Corte, Luiz Fux. Por muito pouco, o presidente Jair Bolsonaro não cometeu um grave crime de sedição ao incitar os caminhoneiros contra o Supremo.
Enquanto as multidões que mobilizara urravam, Bolsonaro se isolado politicamente. Na quarta-feira, as reações do presidente do Supremo, Luiz Fux, e dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), refletiram essa situação.
O antológico discurso do ministro do STF Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), durante a sessão da Corte, deixou muito claro que os ministros do Supremo não se acovardariam.
Coube ao ex-presidente Michel Temer, como se fosse um velho controlador de voo, convencer o presidente Bolsonaro a mudar de rota, enquanto as nuvens se dissipavam. O que Bolsonaro fala não se escreve; agora, com a sua Declaração à Nação, na qual se compromete a respeitar os demais poderes e a Constituição de 1988, veremos se cumpre o que escreve.