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Estado de Minas TIRO LIVRE

Galo ronda o perigo da Série B

"O Atlético não cai", garantem. Bem, pela experiência de quem acompanhou todo o processo de 2005 de perto, acho que não custa avisar: melhor não pagar pra ver


postado em 18/10/2019 04:00 / atualizado em 17/10/2019 21:55

Vagner Mancini estreou no alvinegro com o empate por 2 a 2 com o CSA, em Maceió(foto: Bruno Cantini/Atlético)
Vagner Mancini estreou no alvinegro com o empate por 2 a 2 com o CSA, em Maceió (foto: Bruno Cantini/Atlético)


Por vezes, ao longo da vida, a gente se vê às voltas com certos abismos e, em vez de nos afastar deles de vez, teimamos em brincar com a sorte e ficar por ali, rondando o perigo. É como se tivéssemos a certeza de que o mal maior não ocorrerá, apegado à fé de que, de alguma forma, os problemas serão resolvidos, tudo vai ficar bem. Esqueça os livros de autoajuda e aquelas frases de otimismo exacerbado que pululam por aí, tentando mostrar que tudo vem para o seu bem, tudo é movido por uma força maior, e no fim acaba bem. Amigos, sinto informar, mas não é exatamente assim. A vida nos prega peças. Algumas pesadas demais. E no futebol não é diferente.

Digo isso porque a cada rodada do Campeonato Brasileiro o Atlético parece aumentar o flerte com um fantasma que já o aterrorizou e, acreditou-se, estava exorcizado. O time alvinegro fica aí, brincando com fogo, sem esboçar muito medo de se queimar. “Vai ficar tudo bem”, dizem. Enquanto isso, lá está a Série B em seu cantinho, aparentemente inofensiva, lançando olhares de soslaio para o Galo, como quem o despreza, mas pronta a recebê-lo de braços abertos. Tipo a Medusa, da mitologia grega, preparada para petrificar seu alvo. “O Atlético não cai”, garantem. Bem, pela experiência de quem acompanhou todo o processo de 2005 de perto, acho que não custa avisar: melhor não pagar pra ver.

Bom lembrar que esse alerta de Tiro Livre não chega apenas agora, quando o alvinegro vê a zona de rebaixamento crescer em seu retrovisor – são apenas seis pontos de distância para o primeiro time no grupo da degola. Sabe aquela história do “engenheiro de obra pronta”? Aqui não. Quem é leitor frequente da coluna pode se lembrar de que no texto publicado em 26 de abril o sinal amarelo já estava aceso. Àquela altura era possível perceber que faltava ao Galo uma base mais sólida para alicerçar o futuro que, no caso, é hoje, amanhã, depois de amanhã, semana que vem. Aquele futuro de abril é o que o time está vivendo agora. O tempo é implacável, meus caros.

São quatro rodadas sem vitória, e aí é até possível compreender a sequência de resultados diante de Palmeiras, Flamengo e Grêmio, mas o empate com o CSA, não. A conta, inclusive, tem de ir além dessa série recente: são apenas cinco pontos conquistados nas últimas 12 partidas. Esse dado mostra como tudo veio ocorrendo, rodada a rodada, não foi do dia para a noite. Uma das piores campanhas do returno. Que ninguém diga que foi surpreendido pela “queda” de rendimento e o declínio na classificação. Nem diretoria, nem comissão técnica, nem jogadores. Aqui em Tiro Livre, pelo menos, esse cenário era previsível. Imagino que quem vivencia o dia a dia do clube sabe que havia brechas perigosas no projeto como um todo, e que essa conta poderia chegar.

Fora da curva talvez tenham sido as rodadas em que o Atlético brigava no G-4 do Nacional. Sei que torcedor nenhum vai gostar de ler isso, ou de chegar a essa constatação. É dolorido perceber, em qualquer relação, que todo aquele mar de rosas era passageiro. Muita gente acreditou na possibilidade de título, embora o campeonato estivesse só no início, e já é sabido que o que vale, no Brasileiro, é regularidade. E essa regularidade não cai do céu. Precisa ser planejada. Bem planejada, ressalte-se.

O alvinegro sempre teve um grupo para campanha de meio de tabela. Em alguns casos, o olhar apaixonado pode ter superdimensionado a realidade. Uma das premissas da paixão é, justamente, a idealização do ser amado, a ilusão de que ele é melhor do que é. Experimenta tirar o filtro da paixão e olhar com o concretismo dos pragmáticos. É claro que o Atlético não precisava estar passando por esse temor que, por enquanto é psicológico. Podia estar ali, entre o oitavo e o 10º lugar sem sustos, com pontuação melhor. Mas deixou a receita desandar demais. E não adianta atribuir a derrocada apenas ao técnico Rodrigo Santana, que acabou de sair. Nem esperar milagres de Vagner Mancini, que acaba de chegar.

Importante, neste momento, é ter os pés no chão e não ignorar a possibilidade de que tudo pode acabar mal. É preciso agir. Viver alienado da realidade, abstrair-se dos problemas até ajuda muita gente a colocar a sujeira embaixo do tapete e continuar implementando o discurso do “está tudo bem”. Não está. Admitir isso, internamente, é um passo.

É tarde para mudanças bruscas que vão fazer grande diferença ainda em 2019, mas está em tempo de abrir a cabeça e ver o que o clube precisa fazer para um 2020 diferente. É evidente que o Atlético vem numa rota perigosa há algum tempo, pelo menos desde 2016. Erros estão sendo reeditados. Que não seja necessário reviver o pesadelo da Segunda Divisão para que as lições sejam aprendidas.



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