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Estado de Minas COLUNA DE JAECI CARVALHO

Bastidores da melhor Copa da minha vida: Sorín, encontros e grande final

Que os deuses do futebol estejam no Lusail Stadium na noite deste domingo, aqui em Doha, e que tenhamos uma final de tirar o fôlego


17/12/2022 12:52 - atualizado 17/12/2022 13:13

Sorín, ídolo do Cruzeiro, e sua filha Elisabetta no Catar
Sorín, ídolo do Cruzeiro, e sua filha Elisabetta no Catar (foto: Reprodução/Instagram)


Ídolo da torcida cruzeirense, Juan Pablo Sorín, tem sido visto com sua esposa Sol e a filha, Elisabetta, nas cadeiras dos estádios, em jogos da Argentina, vibrando, pulando e cantando a cada vitória dos Hermanos. 

Sempre cercado de ex-companheiros, como Crespo, Batistuta, Cambiasso, e outros, nosso Sorín está confiante numa grande conquista do Mundial. 

Curiosamente, o primeiro título dele na seleção sub-20, foi o Mundial aqui do Catar, em 1995, quando foi capitão daquele time. Mesmo jovem, ele já havia estreado pela seleção principal, e José Pékerman era o treinador e escolheu Sorín como capitão. 

Parece que o Catar faz muito bem aos argentinos, que terão a chance de se sagrar tricampeões mundiais, neste domingo, no confronto com a França. Sorín é pé quente e junto com sua família, quer comemorar a grande conquista.

Gripe


O surto de gripe que atacou os jornalistas aqui em Doha, inclusive a mim, chegou à seleção da França na quarta-feira, quando Rabiot e Upamecano não puderam atuar contra o Marrocos. Agora, mais 3 jogadores pegaram a gripe e estão ameaçados de não jogar a final. 

Dembele, sempre de bom humor, disse que fez chá para os companheiros, e que eles estarão prontos para a grande decisão. As pessoas podem pensar que uma "gripezinha" não tira ninguém de uma final de Copa do Mundo, mas, na verdade, não é simples assim. 

Dor no corpo, vias aéreas totalmente congestionadas e coriza. Eu tomei antibiótico por uma semana, e 5 comprimidos de Tamiflu, 1 por dia. Não deixei de trabalhar nos jogos, usando máscara, para não transmitir para as outras pessoas, mas que foi um sacrifício, não posso negar.

Noite espetacular


Me reuni numa noite só com vários campeões do mundo franceses em 1998. Um time que tenho decorado na ponta da língua, com os nomes compostos de cada um deles. Eu sabia que um dia eu teria a oportunidade de dizer para cada um deles, aquele timaço, que enfiou 3 a 0 no Brasil, que só tinha gênios da bola. 

Estive com Yuri Djorkaef, Lilian Thurran, Cristian Karembeu e David Trezeguet, em noite espetacular no Fairmont Hotel Fifa, onde os ex-jogadores convidados pela entidade estão hospedados. 

Tive a oportunidade de treinar meu francês, que andava enferrujado, de ouvir várias histórias desses craques, e de por Karembeu com Toninho Cerezo, ao telefone, tão logo o craque francês me disse que Cerezo era seu grande ídolo. 

No viva voz, em italiano, ambos relembraram momentos de suas carreiras. Uma noite espetacular. Karembeu ficou meu fã, e me deu seu telefone pessoal. Também fiz amizade, no começo da Copa, com John Terry, ex-capitão e legenda da Seleção da Inglaterra. Outro cara que sempre admirei.

Souq Waqif


Caminhando pelas ruas de Doha, a gente já sente o clima de "fim de feira", pois a Copa do Mundo termina amanhã. Um ponto onde a gente mede a temperatura da cidade é Souq Waqif, ponto de encontro de todas as torcidas, agitado dia e noite. 

Porém, nesses últimos dias, a temperatura por lá diminuiu, com a partida de várias delegações, torcedores e jornalistas. Os países eliminados se despediram de Doha e aqui estão argentinos, franceses, marroquinos e croatas. 

Claro que há alguns torcedores de outros países, que compraram ingressos para a disputa do terceiro lugar e final, mas são pouquíssimos. E o Catar usou uma estratégia inteligente para manter todos os jogos lotados. Doou ingressos para sua gente, que vestiu camisas variadas de outras seleções. 

Claro que Messi tem um apelo muito grande por essas bandas, e há muitos catarianos vestidos de argentinos, que irão apoiar os Hermanos na grande decisão deste domingo.

Unidades vazias


Estou com 3 companheiros num apart hotel em Musheireb, bem central, que fica a 5 minutos de caminhada do Souq Waqif. O apart estava cheio de jornalistas e torcedores, mas ontem, para nossa surpresa, na portaria, o pessoal que trabalha aqui nos disse que somente nós 4 ainda estamos no prédio. 

Perguntei como será daqui pra frente e a manager me disse que muito provavelmente, todos perderão o emprego, pois não há procura para o período pós-Copa. 

Talvez por isso tenham super faturado os preços das habitações e hotéis da cidade. Quando descíamos a portaria estava sempre movimentada, com torcedores e camisas variadas. 

Agora, é um silêncio só, e ficará ainda mais silencioso, pois partiremos na segunda-feira, logo após a grande final do Mundial.

Vai deixar saudades


Esta é a minha oitava Copa do Mundo, in loco, a décima na carreira, e posso confessar que a melhor que vivi e cobri, pela organização, estrutura, transporte, segurança, qualidade. 

A gente pode caminhar pela madrugada em Doha, mesmo com ruas desertas, que não há o menor problema. A violência aqui podemos dizer que é zero, pois as leis do islamismo para crimes, é bem severa. 

A gentileza dos voluntários, no metrô, nas ruas, nos ônibus que transportam a imprensa, os médicos no IBC, enfim, tudo aqui funciona maravilhosamente bem. Uma Copa do Mundo sem defeito. 

Claro que aqui é um dos países mais ricos do mundo, mas o fato de a competição ter sido disputada numa única sede, na capital Doha, aproximou todos, e fez com que a cidade vivesse dias e noites maravilhosos. Sem dúvida nenhuma, a Copa do Catar vai deixar saudades em cada um de nós. Para mim, a melhor da minha vida. 

Que os deuses do futebol estejam no Lusail Stadium na noite deste domingo, aqui em Doha, e que tenhamos uma final de tirar o fôlego. No fim, venceu a arte, o drible, a tabela e o gol. As duas seleções que privilegiaram a essência do futebol, França e Argentina, vão disputar a taça.

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