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Investidores não devem mandar nos clubes

Rui Costa foi indicado pelos patrocinadores e montou uma equipe pífia. O resultado está aí, e o Atlético virou chacota nacional ao ser eliminado pelo Afogados


postado em 01/03/2020 04:00

Rui Costa, ex-diretor de futebol do Atlético, demitido depois da desclassificação alvinegra da Copa do Brasil em Afogados da Ingazeira (PE) (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Rui Costa, ex-diretor de futebol do Atlético, demitido depois da desclassificação alvinegra da Copa do Brasil em Afogados da Ingazeira (PE) (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)




O Atlético vive sua mais profunda crise desde a de 2005, quando foi rebaixado para a Segundona, tendo Tite como técnico. Quando ele foi demitido, já não havia tempo para salvar o Galo de sua maior tragédia: a queda para a Série B. A história do clube fora manchada e dias terríveis se sucederam. De lá para cá, foram anos de trevas, até que em 2012/13/14 o torcedor conheceu seus melhores dias, com as conquistas da Copa Libertadores, Copa do Brasil e Recopa. Pelas ruas de Minas Gerais e do Brasil, exibia a camisa do clube com um orgulho danado. Os anos terríveis haviam ficado para trás e o Atlético era, novamente, respeitado e temido pelos adversários, principalmente no “Chiqueirinho”, o Independência, transformado no estádio mais temido pelas equipes brasileiras e argentinas. Com a saída da diretoria multicampeã, vieram os sucessores e, curiosamente, nada mais deu certo. O Atlético sucumbiu aos seus piores dias, com eliminações precoces e vexames em cima de vexames. Não há como negar que o principal investidor é um parceiro do Atlético. O clube lhe deve uma fortuna e terá que quitar a dívida algum dia. Não sei quais são os juros, nem me interessa saber, mas a dívida existe, é grande e tem que ser paga.

O grande problema dos clubes atualmente é que os investidores querem mandar, justamente por colocarem dinheiro. No Palmeiras, a Dona Leila quer mandar e desmandar. Parece que o Porco deve ao banco da mecenas algo em torno de R$ 100 milhões. Ela chegou a indicar contratações e bancar a manutenção de gente que, para ela, era necessária ao clube. Com isso, a dívida do Palmeiras cresceu de forma assustadora. Ou alguém acha que por ser palmeirense ela vai doar essa quantia ao clube? Mera ilusão. O mesmo acontece com o Atlético. O presidente atual deu uma declaração, semanas atrás, que “o Atlético não era asilo,” quando perguntado sobre Tardelli. Porém, o patrocinador entendeu diferente. Contratou o camisa 9 e o impôs goela abaixo. Rui Costa também foi indicado pelos patrocinadores e montou uma equipe pífia. O resultado está aí, e o Atlético virou chacota nacional ao ser eliminado pelo Afogados, na Copa do Brasil. De uma vez só caíram Rui Costa – ele mesmo, que deixou o Grêmio na lama e o tricolor gaúcho voltou a ganhar tudo só depois de demiti-lo –, Dudamel, técnico sem história no futebol mundial, exceto por ter dirigido a inexpressiva Seleção Venezuelana, e Marques, que não foi bem como diretor de futebol, nem tampouco como gerente. De repente, os que serviam e eram intocáveis não servem mais. O presidente chegou a questionar os repórteres quando perguntado sobre a eliminação da Sul-Americana, dizendo que ninguém iria demitir Dudamel precocemente. Deu como exemplo até Jorge Sampaoli, no Santos. Só que Sampaoli havia feito belíssimo trabalho na Seleção Chilena, dando a ela o seu título mais importante, uma Copa América.

Acho legal um clube ter patrocinadores que acreditam no trabalho e que vendem suas marcas, porém, tem que haver um limite entre o dinheiro investido no patrocínio e a diretriz do que deve ser feito: contratações, desligamentos e outras coisas pertinentes, são atribuições do presidente e ninguém mais. Um clube tem que ter quem manda. O presidente tem que presidir sem que os investidores mandem! É assim que funciona. Acho que o Atlético, ao vender sua outra parte no shopping DiamondMall, se isso se concretizar, deveria pagar o que deve em empréstimos aos patrocinadores e seguir sua vida com suas próprias pernas. Certas interferências prejudicam o clube, ainda que a intenção seja a melhor possível. No futebol moderno não pode existir a figura do mecenas. É preciso o clube ser gerido de forma competente. Vejam o exemplo do Flamengo, gerido com mão de ferro, com as finanças ajeitadas, dívidas pagas, que virou referência nacional, tanto nas finanças quanto em taças. Só este ano, já ganhou três. Enquanto isso, o Galo amarga duas eliminações precoces e um ano perdido. Um ano que deveria ter sido planejado em outubro, quando era sabido que Vágner Mancini não ficaria. Ali o Galo tinha que ter um treinador apalavrado, que indicaria jogadores para a temporada de 2020. Como isso não aconteceu, quando foi ao mercado havia Sampaoli e Dudamel. O primeiro levou bomba do Rui Costa. Sim, a contratação era viável, segundo me contou um dos empresários que participou da negociação, mas o tal Rui Costa foi contra. Preferiu arriscar com alguém que não tinha história nem currículo como treinador. Dudamel não poderia mesmo dar certo. O Galo tem que trabalhar para não cair novamente e repetir 2005, pois, com esse time e essa mentalidade, o caminho será esse. Ou algum atleticano iludido acha que o time tem condições de ganhar o Brasileiro por pontos corridos? De jeito nenhum. Nem o mais otimista dos alvinegros vai acreditar nisso. Um ano perdido, com dívidas para pagar e sem um norte. De que adiantará o Atlético construir um estádio com um time tão ruim e uma diretoria perdida? O Flamengo não tem seu próprio estádio, arrendou o Maracanã. Mas lá, com o time que tem, põe 60 mil pessoas por jogo, faturando os tubos. Gestão eficiente, austera e sem nenhum parceiro dando palpite. O BS2, por exemplo, paga R$ 25 milhões anuais, mas não dá nem um pitaco sequer em contratações ou demissões. O parceiro deve sempre exibir sua marca, da melhor maneira possível, mas jamais palpitar nas coisas do futebol. Isso cabe ao presidente e ponto. A torcida está furiosa. Não quer ver o clube passar pelo trauma de um novo rebaixamento. Por isso, é preciso se repaginar. Restou brigar para não cair, a realidade nua e crua para os atleticanos.





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