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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Cruzeiro virou nau sem comando

Uma coisa é fato: o Cruzeiro virou uma bagunça, desde que as denúncias contra a diretoria explodiram, em maio. De lá para cá, foram eliminações, campanhas pífias, salários atrasados e uma série de desencontros


postado em 30/09/2019 04:00 / atualizado em 29/09/2019 22:34

Abel foi contratado após a demissão de Rogério Ceni e terá a missão de evitar o rebaixamento do Cruzeiro(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Abel foi contratado após a demissão de Rogério Ceni e terá a missão de evitar o rebaixamento do Cruzeiro (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


Esta é a pergunta que tenho recebido de internautas e seguidores, depois que Rogério Ceni foi demitido e Abel Braga contratado. Os torcedores acreditam que Thiago Neves e Fred foram os responsáveis pela indicação de Abel, com quem trabalharam no Fluminense. Outros dizem que Dedé teria sido o pivô da saída de Ceni. Uma coisa é fato: o Cruzeiro virou uma bagunça, desde que as denúncias contra a diretoria explodiram no Fantástico, da Rede Globo, em maio. De lá para cá, foram eliminações, campanhas pífias, salários atrasados e uma série de desencontros. Acho estranho, porque os próprios dirigentes admitiram que Ceni teve apoio do grupo, quando contratado. Porém, ao contrariar Fred e Neves, cavou sua própria cova. Ceni quis inovar, testar outros jogadores e mudar o esquema. Não conseguiu. Sucumbiu em 46 dias, fazendo o clube azul gastar quase R$ 4 milhões nesse tempo. Uma baita grana! E não é que já voltou para o Fortaleza, substituindo Zé Ricardo, demitido semana passada! Não existe ética entre os técnicos brasileiros. A maioria negocia, mesmo sabendo que há um companheiro empregado. A desunião deles é grande. Cada um só olha para o seu próprio umbigo.

Outra pergunta que me fazem é sobre Abel Braga. É um técnico vitorioso – ganhou Libertadores e Mundial, no Inter, e o Brasileiro, no Fluminense –, mas seus últimos trabalhos são pífios, no próprio Flu, onde foi demitido, e, mais recentemente, no Flamengo, onde cedeu o lugar para o português Jorge Jesus, líder do Brasileirão, com belíssima campanha. Se ele não conseguiu fazer o Flamengo, com esse timaço, jogar, será que vai conseguir algo com o Cruzeiro? Cada caso é um caso, e cada clube tem sua peculiaridade. Abel se apega ao fato de ter jogado no Cruzeiro em 1981, no século passado. Claro que ele foi jogador e sabe muito bem conviver com boleiros problemáticos e com ex-jogadores em atividade. Resta saber se Fred e Thiago Neves continuarão a dar as cartas, e se Abel fará o jogo deles. Os torcedores morrem de medo de uma queda, e a 'receita ideal' é ter três treinadores num mesmo ano. Vimos esse filme em várias equipes, e o Cruzeiro está com o enredo prontinho. Claro que há equipes mais desqualificadas, mas, a cada rodada, a coisa vai se complicando e deixando a situação insustentável. O contrato de Abel vai até dezembro de 2020. Alguém aí acredita nisso, em caso de queda do Cruzeiro? Balela!

Abel é um cara muito honesto, do bem, intelectual. Toca piano como poucos, gosta de bons vinhos e fala o francês fluentemente, pois jogou naquele país alguns anos. É um lorde. Como zagueiro era grosso e batia muito. Lembro-me de muitos jogos dele pelo Vasco, onde dava no meio dos jogadores do Flamengo. Ele e Moisés formavam uma dupla que batia muito. Porém, como técnico, suas equipes praticam bom futebol. Gosto do Abelão, embora não tenha amizade com ele. Espero que recupere o bom trabalho, que sempre fez por onde passou. A perda do filho, há dois anos, abalou sua carreira, como não poderia deixar de ser. Abel passou por um drama terrível, que nenhum pai deveria passar. Tenho um amigo que diz que “Deus deveria criar uma lei proibindo os filhos de morrerem antes dos pais”. É verdade. Não é fácil. Minhas irmãs perderam filhos e é uma cicatriz que não se fecha, não cura, não tem explicação. Todos fomos solidários a Abel, e ele encontrou no seu trabalho a força para continuar vivendo.

Tomara que Abel consiga dar um norte ao Cruzeiro, que ganhe vários jogos e tire o time dessa situação ruim na tabela. Para quem tem uma folha de R$ 20 milhões, o Cruzeiro está muito aquém do desejado. Contratações equivocadas e salários absurdos levaram o Cruzeiro a essa condição. O torcedor, magoado com a diretoria, exigindo sua renúncia, tem de separar as coisas, pois, mais do que nunca, Abel e o time precisarão de apoio. Uma vitória hoje sobre o Goiás poderá deixar as coisas menos complicadas e dar uma trégua. Se isso não ocorrer, porém, será um desastre. O time azul deve precisar de 45 pontos para escapar da queda. Tem apenas 19 em 20 jogos. Terá mais 54 pontos em disputa para conseguir fazer 26. Não é tão difícil assim, levando-se em conta a fragilidade das equipes que como ele brigam para não cair. O problema do Cruzeiro não é treinador e, sim, extracampo, com as denúncias que envolvem a diretoria. É preciso que a Justiça dê um parecer, favorável ou não, para que o clube se refaça, junte os cacos e comece a negociar a dívida de mais de R$ 500 milhões. Sem credibilidade na praça, fica difícil pagar salários em dia ou mesmo fazer uma barca, rescindir contratos e indenizar os “ex-jogadores em atividade”. Boa sorte, Abelão. O torcedor azul vai estar com você, acima de tudo. Entretanto, se houver um revés, saiba que sua história ficará marcada como o técnico que derrubou o Cruzeiro, uma marca que nenhum torcedor gostaria de carregar.

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