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Renato Tavares: 'A vida virou um frame dentro de uma webinar'

No 'Diário da quarentena', edição especial da 'Coluna Hit', publicitário busca respostas sobre como lidar com a reviravolta causada pela COVID-19


04/09/2020 04:00 - atualizado 04/09/2020 17:16

Diário da quarentena

O pior já passou

Renato Tavares
Publicitário

Quem diria... O que achávamos que duraria uma semana, no máximo duas, acabou levando cinco meses da nossa vida! O noticiário passando na TV todos os dias, nos lembrando dos protocolos, das máscaras, das ordens, mas também das vítimas, dos amigos que se foram, dos trabalhadores que não pararam de trabalhar, das famílias separadas. Não tem mais festas, não tem mais celebrações, nada de encontros com os amigos no barzinho. A vida virou um frame dentro de uma webinar!

Por outro lado, os dias se tornaram cada vez mais lindos. O céu em várias tonalidades de azul – às vezes sem nenhuma nuvem – se confundia com o tom laranja vivo do pôr do sol. Será que os dias ficaram assim porque não tinha muito carro nas ruas, as fábricas e empresas estavam paradas, e com isso diminuiu a poluição? Ou eles sempre foram assim e nós não tínhamos tempo para apreciá-los?

Estávamos sempre atrasados! Atrasados para o trabalho, para a reunião, pra pegar o filho na escola, encontrar com a amiga que terminou o namoro de anos, atrasados para ver a última notícia nas redes sociais e os trending topics do Twitter!

Então, chega um vírus vindo do outro lado do planeta e pronto! Você ganha todo o tempo do mundo. Após os primeiros momentos de angústia e aceitação, você elenca tudo aquilo que deixou de fazer a vida inteira e escreve na agenda com ares de vitória. “Agora vai!”, você pensa, iludido. E decide ser muso fitness, ler finalmente a biografia da Michelle (no caso, Obama), arrumar todos os armários de todos os cômodos da casa, retomar o inglês, fazer meditação, aprender a fazer pão e fazer lives!

Porém, agora você tem de montar protocolos de sobrevivência dentro de sua própria casa. Será que se eu colocar a máquina de lavar no hall de entrada do apartamento os vizinhos vão reclamar? Seria mais fácil já chegar, tirar a roupa e deixar tudo lá dentro. A roupa nem entra em casa! Talvez meu vizinho de porta queira usar também... Sei lá... E brotam potes, dispensers, tubos de álcool em gel para todos os lados.

E você precisa convencer a sua mãe, idosa, de que ela não pode sair na rua. Nem pra comprar pão ou conversar sobre a novela com a vizinha. Com isso, tudo aquilo que você escreveu na agenda que iria fazer vai ficando para trás... Você precisa focar na reunião on-line do trabalho, organizar a expedição ao supermercado para não se esquecer de comprar nada, vigiar o vizinho solteiro e pegador pra ver se ele não vai fazer outra festinha e empestear o prédio inteiro com o vírus, dar sequência ao misto de colônia de férias e escola infantil que virou a sala de jantar.

E então, entre um afazer e outro, entre uma crise de riso porque viu um vídeo engraçado no grupo da família e a perplexidade a respeito dos números apresentados na TV, você para e pensa: será que, um dia, voltaremos ao normal?. Voltaremos ao nosso ritmo usual do dia a dia quando tudo isso passar? Qual será esse ritmo? O de antigamente, que nos impedia de ver a beleza do pôr do sol, ou o de agora, quando nos preocupamos com a sanidade física e mental? Haverá uma outra alternativa mesclando essas duas fases da nossa vida?

O tempo não espera. O tempo não para. Ele passa cada vez mais rápido. Se você bobear, ele o atropela e você acorda com o Macaulay Culkin fazendo 40 anos!

Mas uma coisa é certa. O tempo tem um dono, um proprietário, um patrão: eu... você. No final das contas, é você quem decide o que fazer com ele, como aproveitá-lo ou desperdiçá-lo. Sem culpa.

Tudo bem se você não deu conta de fazer tudo o que tinha planejado. Tudo bem se você mal conseguiu sair da cama todos os dias rumo ao home office. Está tudo certo se você conseguiu ser o misto de Super-Homem com professor de escola infantil e um toque de MacGyver. Relaxa. Todas essas versões são apenas você tentando se adaptar e sobreviver a esse tempo de céu azul lindo.

O importante é que ao final desses cinco meses, caminhando para o sexto, o pior já passou. E você continua aqui. Vivo.

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