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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Em jogo, a esperança do Cruzeiro. Em votação, nova muleta para clubes

Enquanto o Cruzeiro luta pela classificação na Copa do Brasil diante da Juazeirense, Senado pode instituir mais uma mamata com o Clube empresa


09/06/2021 04:00

No primeiro duelo, no Mineirão, vantagem para a Raposa sobre a Juazeirense: empate na Bahia garante a vaga celeste(foto: RAMON LISBOA/EM/D.A PRESs)
No primeiro duelo, no Mineirão, vantagem para a Raposa sobre a Juazeirense: empate na Bahia garante a vaga celeste (foto: RAMON LISBOA/EM/D.A PRESs)


A cabeça inchada pelos problemas, desilusões e raivas provocadas tanto pelo time quanto pela diretoria talvez tenha serventia nesta quarta-feira de futebol e política, para nós, cruzeirenses. Ela pode ficar tão gigante o ponto de nos permitir um olho apontado para Brasília e outro enxergando a cidade de Juazeiro, a 1.500 quilômetros de distância, na beirada do Rio São Francisco.

Se no sertão baiano, à noite, pela terceira fase da Copa do Brasil, estará em jogo a opção mais real de um alívio esportivo e financeiro a curto prazo para o Cruzeiro, mais cedo, no Planalto Central, pode se concretizar a mais nova aposta de todos os incompetentes e caloteiros clubes brasileiros para garantirem mais uma sobrevivência a médio prazo. Mesmo que isso custe – lá na frente – pagar o preço por transformarem a ligação de amor entre clube-torcedor no modus operandi do clube-investidor (leia-se união enquanto houver lucro).

Espera-se para a sessão plenária do Senado Federal a votação do Projeto de Lei do Clube empresa. Para agremiações claramente arruinadas financeiramente, como Cruzeiro, Atlético de Lourdes, Botafogo, Vasco, Internacional, Corinthians, Fluminense e tantos outros, é a chance de jogar – mais uma vez – para debaixo do tapete dos cofres públicos suas dívidas estratosféricas e, ao mesmo tempo, encontrarem investidores interessados em lhes dar capital para continuarem no mundo absurdo da mercantilização do futebol.

Nos Brasis Colônia, República e Milícia, esse é o imutável “jeitinho”. Do calote do latifundiário nos bancos; do perdão aos crimes ambientais; das concorrências viciadas para empreiteiros e da taxação desigual para os banqueiros. Por que no futebol, a “paixão nacional”, seria diferente? Desde sempre, políticos e cartolas se misturam para, a cada quebradeira, encontrarem uma forma de “esquecer o que passou”.

Porém, diante da situação dramática do Cruzeiro e da intolerância da sociedade brasileira, levantar a voz do contraditório na discussão sobre a morte anunciada do futebol-paixão é quase um ato de suicídio. É entregar as pedras a um exército e se postar à espera do apedrejamento sumário (arrisquei).

Certo é que, com a solução fácil do Projeto do Clube empresa em vias de ser aprovado, e sendo a arma perfeita para quem defende a mercantilização do futebol como a sua única saída, ninguém se dedicará à construção de alternativa. No caso do Cruzeiro, a diretoria não fará e, tampouco, a oposição a ela. Ambas não bebem, elas gargarejam nessa “fonte milagrosa”.

Aos que ainda acreditando no amor entre clube-torcedor e que dispõem apenas do grito de incentivo, o ingresso ou uma cota de sócio como possibilidade de investimento na instituição, como é o meu caso, nos resta o segundo olho voltado para o Estádio Adauto Moraes, às margens do Velho Chico, casa do Juazeirense.

A classificação para a próxima fase da Copa do Brasil será mais uma chance para engrenar uma recuperação esportiva. Financeiramente, a premiação torna-se um respiro a curtíssimo prazo, mesmo sabendo que os R$ 2 milhões, como se diz na minha terra, “não tamparão nem o buraco do dente”, tamanho o precipício em que vivemos.

Se para o jogo no tapete azul do Senado, em Brasília, vou optar por tapar o olho, na peleja em Juazeiro estarei atento e incentivando. Eufórico com o tapete verde e esburacado de um grotão gostoso do Brasil, onde ainda se respiram os últimos segundos do futebol-paixão, mesmo que em tempos de completa tristeza. Vamos, Cruzeiro!

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