Depois de mais de 10 anos em operação, a espaçonave Messenger vai encerrar suas atividades de monitoramento de Mercúrio. A vida do equipamento de 485kg deve chegar ao fim neste mês, quando ele colidir com a superfície do planeta a uma velocidade de 3,9km/s. Essa foi a primeira sonda a orbitar o planeta mais próximo do Sol e forneceu dados inéditos sobre a geologia, a composição e o campo magnético do corpo celeste.
A Messenger foi lançada em agosto de 2004 e viajou 7,9 bilhões de quilômetros até chegar à órbita mercuriana, em março de 2011. A jornada incluiu 15 viagens ao redor do Sol e algumas passagens pela Terra e por Vênus. Desde que chegou ao seu destino, a espaçonave produziu dados por mais de três anos terrestres –14 anos, se a referência for a órbita de Mercúrio.
A sonda foi a segunda a ser enviada ao planeta. Em 1974, a espaçonave Mariner 10 passou pelo objeto três vezes, capturando dados de cerca de metade da superfície do objeto. Já a Messenger revelou detalhes da composição da superfície, rica em elementos voláteis como enxofre e sódio e pobre em ferro. Essas informações descartaram antigas teorias que tentavam explicar a alta densidade do planeta.
Também foram identificadas grandes rachaduras no solo que podem indicar o encolhimento do planeta, que teria perdido 14km de diâmetro ao longo de 4 bilhões de anos. A missão também mostrou que Mercúrio foi formado por uma intensa atividade vulcânica e mantém até hoje grandes quantidades de gelo, apesar da sua extrema proximidade com o Sol, o que gera temperaturas que superam os 400ºC.
Os pesquisadores atualmente monitoram a navegação da sonda para mantê-la funcionando pelo maior período possível. Atualmente, ela orbita a uma altitude que varia de 6km a 39km acima do solo. A operação é feita com base nos dados colhidos pelo altímetro a laser do equipamento, que determina as correções necessárias durante a constante descida e, ao mesmo tempo, ajuda a mapear a superfície do corpo. “É um caso especial usar esse instrumento científico para auxiliar a navegação”, afirmou em comunicado Dan O’Shaughnessy, engenheiro da missão Messenger no Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory. As informações são enviadas diariamente à Terra, onde os cientistas são capazes de criar detalhados modelos tridimensionais do solo.