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Estado de Minas

Viagens para levar visitantes a Marte podem começar em 2018

Diferentes projetos buscam levar pessoas para morar em Marte, seja por um período ou até mesmo indefinidamente. Primeiras viagens tripuladas rumo ao planeta podem começar em 2018


postado em 26/12/2013 00:12 / atualizado em 26/12/2013 08:50


O que um planeta precisa para abrigar vida? Água, atmosfera adequada e temperatura razoável. Até agora, essas características tão valiosas só foram encontradas, reunidas, na Terra. A descoberta, cada vez mais comum, de exoplanetas (corpos que orbitam estrelas diferentes do Sol) aumentam as esperanças de que, um dia, seja possível haver pessoas vivendo em outros mundos. Contudo, o avanço tecnológico e um investimento de soma incalculável podem fazer com que o primeiro endereço alternativo da humanidade seja bem mais perto. Logo ali, a 225 milhões de quilômetros: em Marte.

Depois da órbita terrestre e da Lua, o Planeta Vermelho se tornou o próximo ponto do Universo a ser conquistado. Diferentes projetos, financiados por governos ou por empresas privadas, têm como objetivo fazer com que humanos adotem o mundo vizinho como local de residência. Em alguns casos, como uma iniciativa da Nasa, por um período de dois anos. Em outros, como o projeto privado Mars One, para sempre, sem direito a viagem de volta — e há quem queira ir.

A agência espacial americana planeja levar quatro pessoas em meados dos anos 2030. Para isso, trabalha no desenvolvimento de uma série de tecnologias, que incluem a cápsula espacial Orion, em que viajarão os astronautas; e um novo veículo lançador, com capacidade para transportar de 70t a 105t para além da órbita baixa da Terra, onde fica a Estação Espacial Internacional (ISS). Além disso, é preciso encontrar formas de superar obstáculos como o solo (que cientistas acreditam ser radioativo) e encontrar maneiras de transformar as moléculas de água existentes na superfície em líquido. Também será preciso enviar, antes da viagem, um hábitat para que a tripulação possa morar e trabalhar, além de uma tecnologia a laser para melhorar a velocidade da comunicação, entre uma série de outros detalhes.

Para Paul Kostek, membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), o maior obstáculo para a Nasa é o financiamento do projeto, algo que, aparentemente, não é um problema tão grande para as iniciativas privadas que buscam objetivos semelhantes. No entanto, ele diz, poucos contam com os recursos humanos da agência. “O desafio para a Nasa será o financiamento para a missão ser concluída, mas uma de suas grandes vantagens é a experiência de suas equipes, que são bem maiores do que outros projetos, que têm capital financeiro, mas não profissionais especializados”, avalia.

Polêmica Diferentemente da Nasa, há projetos privados com datas bem mais próximas para serem realizados. O Inspiration Mars, criado pelo milionário norte-americano Dennis Tito, quer enviar um casal de meia-idade para circundar a órbita do planeta. A viagem vai durar 501 dias e tem previsão de lançamento para 5 de janeiro de 2018. A data foi escolhida por ser um período de mínima atividade solar e coincidir com um alinhamento entre a Terra e Marte, que ocorre a cada 15 anos e favorecerá o voo. O casal participante não pousará em solo marciano, apenas o circulará a uma altitude de 160 quilômetros (uma órbita baixa).

O mais polêmico dos projetos é, sem dúvida, o Mars One. Criada por executivos holandeses, a missão tem como objetivo selecionar candidatos que queiram residir em Marte até o fim de suas vidas. Isso mesmo, A iniciativa planeja apenas levar as pessoas até o solo marciano e deixá-las morando lá, em cápsulas espaciais.

Bas Lansdorp, cofundador da iniciativa, explica que seu sonho de conhecer Marte é antigo e o inspirou a procurar parceiros para seguir com essa vontade. “Olhando para as imagens da superfície de Marte feitas pela sonda Sojourner, em 1997, quando era um jovem estudante, quis ir a Marte. Nos anos que se seguiram, no meu tempo livre, com amigos e colegas, cada peça do quebra-cabeça parecia cair no mesmo lugar. Quando resolvi a última peça do quebra-cabeça, vendi parte de minhas ações na minha empresa anterior para financiar essa viagem”, conta.

O cronograma também está apertado. As inscrições ocorreram até setembro deste ano pela internet, e um período de treinamento está previsto para 2017. Qualquer pessoa maior de idade podia se candidatar à seleção, que terá como principal critério a estabilidade emocional. Um grupo será selecionado para uma espécie de final, que dará origem a um reality show na tevê para a escolha de 24 astronautas. A chegada do primeiro grupo, de quatro pessoas, deve ocorrer em 2023.

Brasileiros na fila Por incrível que pareça, muitos se sentiram atraídos pela proposta. Mais de 160 mil se inscreveram, sendo mais de 10 mil brasileiros. Um desses voluntários é Vynicius Riuji Takada, 19 anos. O estudante explica sua intenção: “Quero inspirar pessoas e colonizar outros planetas. Atualmente, moro no Japão e acompanhei o desastre natural de 11 de março de 2011, que devastou uma parte do país. Para mim, esse episódio mostrou que não compreendemos todo o estrago ambiental que causamos à Terra e que não podemos controlar a natureza que nos cerca. Portanto, colonizar outros planetas me parece algo necessário para a sobrevivência da nossa espécie.”

Para Vynicius, problemas psicológicos deverão ser enfrentados na viagem. “Viver somente com outras três pessoas em um espaço pequeno vai ser um desafio. E também viver pelo resto da vida longe de parentes e amigos.”

Paul Kostek também acredita que uma das maiores dificuldades do início da colonização de Marte será o controle emocional. “Você seria confrontado com uma viagem de seis meses, com menor gravidade e em um ambiente hostil. Uma situação muito parecida à dos exploradores a bordo de navios nos séculos 15 e 16. Esses exploradores precisam lidar com a vida e as questões de morte por conta própria”, analisa.

Mesmo com as dificuldades, Vynicius está empolgado. “Inicialmente, teremos que começar a plantar a nossa comida, instalar painéis solares, moradia e tudo mais. Literalmente, levantaremos um novo mundo lá fora, que pertencerá a todos nós. Isso é muito emocionante. Acredito que, um dia, Marte será nosso segundo planeta. E espero que, desta vez, nós saibamos como cuidar de um planeta apropriadamente”, destaca.


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