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Estado de Minas

A volta das velhas fitas


postado em 05/12/2013 00:12 / atualizado em 05/12/2013 13:06

B.Piropo

Volta e meia falamos sobre big data, a enorme quantidade de dados gerados continuamente em todo o planeta. Vão de resultados de exames médicos de rotina até dados gerados pelo LHC, o colisor de partículas do CERN na fronteira franco-suíça. Não dá para se ter noção de sua quantidade. É muita coisa. Só o LHC acima citado gera de 3GB a 6GB (gigabytes) a cada segundo.

Se perguntarmos a um leitor bem informado onde esses dados são armazenados, é provável que responda: “Na nuvem”. E se tem a impressão de que tudo é muito simples. Uma nuvem é impalpável, celestial, quase etérea. E, quando pensamos nela, é impossível evitar o conceito de “ilimitada”. Mas as nossas são físicas, formadas por enormes conjuntos de discos magnéticos.

Acabo de ler um artigo sobre o tema no Business Insider que recomendo. Pode ser encontrado em https://www.businessinsider.com/magnetic-tape-solves-data-storage-problems-2013-12 e seu título é “A 60-Year-Old Technology Offers A Solution To A Modern Problem”. Quase todos os dados citados aqui foram lá obtidos, mas, se você é angloparlante, não deixe de lê-lo. Há mais coisas interessantes nele.

Antes, porém, para entender melhor a questão, vamos reiterar algo que já sabemos mas nem sempre nos damos conta. Dados são gravados sob a forma de conjuntos de bytes com oito bits cada. Então vamos lá: 1 PB (PetaByte) = 1.000 TB (TeraByte); 1TB = 1.000 GB; 1 GB = 1.000 MB; 1 MB = 1.000 KB; 1KB = 1.000 Bytes. Logo: 1 PB = 1.000.000.000.000.000 Bytes ou um quadrilhão (nada a ver com a do mensalão) de bytes. E lidaremos com capacidades de armazenamento de 150 PB apenas em uma instituição, o CERN.

Os meus preclaros leitores (pelo menos, os mais velhos) já perceberam que a tecnologia a que o artigo se refere é a adotada nas fitas magnéticas. Mas não naquelas tipo cassete usadas nos primeiros micros (inclusive o PC), mas fitas modernas contidas em cartuchos estocados em nichos de grandes repositórios, de onde um braço mecânico remove o cartucho desejado e o introduz no local de leitura/gravação onde a fita se move com velocidade da ordem de 5 m/s.

Pois bem: o CERN está migrando seu armazenamento para fitas. Mantém um conjunto de discos magnéticos com capacidade de 50 PB, mas adicionou um repositório de fitas que pode armazenar 100 PB. Situação ideal para comparar as tecnologias. E concluiu que as fitas são mais baratas (US$ 0,04 contra US$ 0,10 por GB) e mantém os dados por mais tempo (30 anos, contra apenas cinco). Não requerem energia para manterem os dados armazenados (os discos nunca param de girar; pará-los quando não em uso aumenta a probabilidade de falhas). São mais seguras: se um biltre mal-intencionado romper a segurança da central de dados do CERN, apagaria os 50 PB armazenados em discos em segundos mas levaria alguns anos para conseguir o mesmo resultado com os dados das fitas.

Além disso, se uma fita se romper, pode ser emendada e se perdem “apenas” algumas centenas de MB do total de 100 PB. Mas, se um disco de 1 TB falhar, perde-se todo o seu conteúdo (o CERN perde anualmente algumas centenas de MB dos dados armazenados em fita, enquanto a perda anual de dados nos discos chega a algumas centenas de TB. E, neste ponto, surge a questão inevitável: a rapidez. Pois bem: depois que o braço mecânico gasta seus 40 segundos para localizar e inserir a fita, os dados são lidos quatro vezes mais rapidamente do que os dos discos graças à moderna tecnologia que pode armazenar até quase 30 GB por polegada quadrada de fita, o que permite gravar 35 TB em um cartucho (estas ainda estão em estágio experimental, mas a densidade de dados das fitas disponíveis no mercado já é suficiente para fabricar cartuchos com capacidade de 6 TB).

No artigo há mais fatos interessantes, muitos mais. Por exemplo: com as enormes densidades de dados das fitas modernas, a posição da cabeça magnética tem que ser ajustada com uma tolerância da ordem de 10 nm, o que não é tarefa simples com a fita se movendo a 5 m/s. Quem já usou fita magnética para dados se surpreende com o retorno triunfal deste meio de armazenamento. Neste caso, garanto que vale a pena uma consulta ao artigo citado.


PERGUNTE AO PIROPO
Vírus transmitido por pendrives

Tenho dois computadores com antivírus e quatro computadores para edição de vídeos sem antivírus e sem internet. Todos foram infectados, os dois primeiros via internet e os demais por um pen drive usado nos outros. Não posso ter antivírus nos computadores de edição, pois ficam lentos. Há algum antivírus bom e gratuito, instalado em pen drive, para fazer a varredura e limpeza em todos os computadores?

Richard Guedes – Belo Horizonte / MG

Há diversos. O mais completo me parece ser o AVG Rescue, que pode rodar tanto a partir de um pendrive quanto de um CD. Ele é carregado antes do sistema operacional, permitindo varrer sistemas cuja rotina de inicialização foi corrompida no disco. Consiste em um pacote de ferramentas (antivírus, “anti-spyware”, editor de registro e diversas outras). O único inconveniente é que, segundo a própria AVG, “é destinado a usuários avançados pois, além de estar em inglês, diversas opções disponíveis podem não ser bem executadas pelos usuários iniciantes”. Se isto o intimida, procure ajuda de um profissional ou usuário avançado seu conhecido (todo o mundo tem um amigo que “entende de computador”; os meus pensam que o deles sou eu...). E, depois de descontaminar todos os seus computadores, habitue-se a antes de conectar qualquer pen drive às máquinas de edição, varrer os arquivos do pendrive usando o antivírus instalado em um dos outros computadores. Boa sorte.


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