(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas

Estudo de células-tronco pode explicar diferenciação do homem de outros primatas


postado em 25/10/2013 08:07 / atualizado em 25/10/2013 07:11

 O chimpanzé compartilha cerca de 98% dos genes com os seres humanos(foto: José Varella/CB/D.A Press - 26/1/05)
O chimpanzé compartilha cerca de 98% dos genes com os seres humanos (foto: José Varella/CB/D.A Press - 26/1/05)

Apenas 2% do genoma separam homens, chimpanzés e bonobos. Descendentes de uma única espécie, os três grupos de grandes primatas se diferenciaram em algum momento da história e adquiriram características próprias. O que ocorreu nessa pequena porção do DNA é uma questão ainda não completamente desvendada. Para uma equipe de pesquisadores do Instituto Biológico Salk, na Califórnia, as células-tronco poderão esclarecer como o mecanismo da evolução operou em nível molecular, fazendo com que homens, chimpanzés e bonobos se transformassem em animais tão diferentes, apesar de compartilharem 98% dos genes.

Em um artigo publicado na revista Nature, eles propõem essa abordagem, justificando que se trata de uma ferramenta a mais para compreender a evolução dos grandes primatas. “A antropogenia, ciência que tenta explicar a origem do homem, usa diferentes perspectivas para nos fornecer insights sobre um dos grandes mistérios da evolução: a ascensão da linhagem humana. Graças à análise de fósseis, acreditamos que houve muitos troncos dessa linhagem, mas apenas uma espécie, nós, sobreviveu, e o interesse natural em entender o processo que nos fez humanos vai além de debates meramente antropocêntricos e filosóficos”, defende o geneticista Freg Gage, coautor do estudo.

O cientista explica que, atualmente, as informações genéticas para estudos comparativos entre os grandes primatas vêm de amostras de DNA e RNA extraídas de tecidos post-mortem. “Essas amostras nem sempre representam fidedignamente os traços distintos do desenvolvimento celular, nem reproduzem o comportamento de uma célula”, diz. É por isso que, segundo Gage, os cientistas precisam adotar protocolos que utilizem estruturas vivas, cultivadas em laboratório, que possam ser acompanhadas durante seu desenvolvimento. “Esse modelo pode fornecer novos insights sobre a adaptação humana, com consequências em potencial para pesquisas biomédicas, assim como estudos futuros sobre a base biológica das espécies”, afirma o geneticista.

Comparação
No artigo, Gage e outros cientistas do instituto californiano descrevem o cultivo de células-tronco pluripotente induzidas de humanos, bonobos e chimpanzés, para fins comparativos. Esse é o tipo de célula-tronco mais utilizada atualmente em pesquisas: trata-se de uma estrutura adulta, retirada do tecido da epiderme, que volta ao estágio indiferenciado ao ser manipulada no laboratório. A partir daí, pode ser reprogramada para se transformar em qualquer tipo de tecido. “As distinções entre os humanos e demais grandes primatas tornam-se mais claras nos estágios mais tardios de desenvolvimento. À medida que as espécies se desenvolvem, diferenças morfológicas tornam-se mais e mais evidentes”, conta o geneticista.

De acordo com Gage, a observação das células crescendo in vitro permitiu constatar que, comparado aos humanos, nos genes dos chimpanzés e bonobos ocorre uma expressão bem maior do transpóson L1, um elemento do DNA nuclear que pode mudar de localização no genoma. O cientista afirma que a mobilidade desses conjuntos de genes pode estar por trás das diferenças entre as espécies, pois, ao se transferir de local, os blocos mudam a estrutura e função do genoma. O geneticista afirma que mais observações precisam ser feitas, mas acredita que, com as células-tronco, as respostas sobre a origem da espécie humana ficarão mais completas.

Segundo ele, não se trata apenas de sanar uma curiosidade. Gage explica que entender melhor as diferenças entre os primatas poderá contribuir para avanços médicos em relação a doenças que atingem homens, gorilas, bonobos e chimpanzés, mas se comportam de maneira diferente em cada um deles. Como exemplo, ele cita a Aids e a malária. “Ter diferentes tipos de células de humanos e outros primatas para estudo nos permite pesquisar as diferenças à suscetibilidade a essas doenças e mesmo pensar em novos tratamentos”, afirma.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)