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Estado de Minas

Nascido do crowdfunding, FTL é um exercício de metalinguagem


postado em 17/10/2013 11:09 / atualizado em 17/10/2013 13:07

 

Uma viagem temporal no mundo dos videogames. Uma definição diferente dessa, que pode ser até mesmo um pleonasmo, não descreveria melhor a experiência de jogar FTL: Faster than light. Isso porque a obra é, em sua essência, uma demonstração do potencial de apenas dois desenvolvedores, que, no empenho de construir algo diferente do que a indústria tem como costume, elaboraram um título que circula por vários elementos característicos muito conhecidos no universo dos games, tornando o jogo um exercício de metalinguagem.

Para compreender melhor FTL, é necessário saber sua origem. O game surgiu como um projeto no Kickstarter e foi um dos jogos eletrônicos de números mais meteóricos na história do site de financiamento coletivo. Faltando três semanas para o fim da arrecadação, os membros da Subset Games já contavam com um orçamento 700% maior do que o esperado, de apenas US$ 10 mil. Essa captação já pode ser considerada a primeira característica que, mesmo atual, tem presença constante em parte da indústria – e é por aí que Faster than light começa a chamar a atenção do jogador às várias homenagens da indústria presentes em sua composição.

A premissa do jogo é básica: você é responsável por uma nave de exploração, que tem de atravessar galáxias sem perder os dados contidos no veículo espacial. A partir daí, o controle é todo seu. O ângulo da câmera é a própria nave. Ela é vista de cima e dividida em várias salas, cada uma responsável por uma função diferente (motores, cabine, oxigênio dos tripulantes, armas, escudo etc). Além disso, você controla três tripulantes. Esse é um dos pontos mais chamativos, em que o desenvolvedor dá total liberdade ao jogador, e mais importante: sem duvidar da capacidade dele de superar desafios que, em certos momentos, são extremamente complicados.

Quando você tem um incêndio, por exemplo, é possível apagá-lo tanto tirando o oxigênio da sala, ao abrir as portas para o espaço, quanto enviando uma equipe com extintores. O desafio pode ficar ainda maior no momento em que um asteroide bate na sala do escudo e deixa sua nave totalmente desprotegida. Esse tipo de situação é frequente em FTL, e a mistura de desafio com o senso de imediatismo faz do jogo uma experiência nunca antes vista em títulos de estratégia.

Um outro momento da viagem metalinguística de Faster than light ocorre com o uso de elementos conhecidos há décadas nos jogos como ponto principal para sua progressão. Uma lembrança de The Oregon trail é sempre presente quando, em certos momentos da história, os balões de texto descrevem uma situação atual em vez de mostrar uma cena. Isso dá mais liberdade de opção para o jogador. O melhor é que, mesmo usando esse recurso, o game não fica ultrapassado. Pelo contrário. Mais cabe definir como um charme a mais ao conjunto de boas escolhas que FTL coleciona.

PIXEL ART

O visual casa muito bem com a proposta simples do game. É uma pixel art simples, que ao mesmo tempo é elegante e chamativa. Lembra muito os jogos em flash que eram sucesso nos anos 1990, o que provoca uma experiência que mistura o inovador e o nostálgico. O design das dezenas de naves diferentes, que, inclusive, podem ser desbloqueadas mais tarde no game, oferecem um convite ainda mais atrativo.

Com o visual está a construção de efeitos sonoros, que também simulam a época dos jogos em 8 e 16 bits. Com isso, os efeitos de sons, de armas de íon e plasma, conhecidos dos fãs de séries e filmes de ficção científica, fazem a mistura acrescentar mais à experiência.

A trilha sonora em Faster than light é impecável. A diferença de estilos entre temas de menu, batalhas e exploração é o que mais conta para a imersão do jogador. Infelizmente, essa empolgação é encerrada com algumas horas de gameplay, nas quais as complicações elaboradas pelos desenvolvedores não são mais tão chamativas assim e acabam ficando entediantes.

A despeito desse detalhe mínimo, Faster than light é um jogo independente que surgiu com o poder dos jogadores. Felizmente, o retorno da desenvolvedora foi a melhor obra de estratégia vista em muito tempo, anos-luz à frente de muitos jogos de grandes empresas.

UM DOS PIONEIROS

Lançado em 1971, The Oregon Trail foi um dos primeiros games de estratégia em turnos. Ele foi criado com o intuito educacional para ensinar alunos estadunidenses sobre personagens importantes para o cenário do país no século 19. Nele eram dadas situações ao jogador, que decidia com as teclas do computador quais as ações feitas pelo personagem.

»  Classificação indicativa: livre
»  Produção: Subset Games
»  Desenvolvimento: Subset Games
»  Plataforma: PC, Mac e Linux
»  Número de jogadores: 1 (single-player)
»  Preço: R$ 16,99

 


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