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Estado de Minas

Luta pela memória no game 'Remember me'

Apesar da premissa criativa, da trilha sonora envolvente e do visual bem trabalhado, título erra ao insistir em combates repetitivos, que apresentam referências a jogos de outras franquias


postado em 15/08/2013 14:00 / atualizado em 15/08/2013 17:06

(foto: Divulgação)
(foto: Divulgação)

Em meio a tantas evoluções tecnológicas, o ano de 2084 teve como destaque a digitalização de memórias. Responsável por isso, a empresa Mesmerize, agora, domina o mundo com o aparelho Sensen, que permite a interação dos usuários com lembranças próprias e de terceiros, podendo compartilhá-las. Com o surgimento desse dispositivo, também aparecem os mutagenos – seres humanos que, de tanto consumir recordações, tiveram a genética alterada – e os terrorists, um grupo reacionário que vai contra os ideais da companhia e tem como principal membro Nilin, uma mulher provida da habilidade de mudar as reminiscências de qualquer pessoa. Após ser aprisionada e ter perdido quase tudo, a jovem passa a ter um objetivo: lembrar-se da própria vida.

A premissa é digna de um filme de Hollywood e, mesmo após a polêmica que antecedeu o lançamento, 'Remember me' acerta em cheio nos minutos iniciais, ao introduzir o jogador a esse clima futuro-distópico. Uma breve observação nos cenários é o bastante para notar o esmero dos designers ao criar níveis que trazem não só texturas muito bem desenhadas, mas também detalhes que ajudam a crer naquele universo. O visual do game só perde pontos com o aspecto da protagonista Nilin e de outros personagens humanos, nos quais pele e cabelos artificiais não foram tão trabalhados.

A trilha sonora do primeiro jogo do estúdio francês Dontnod é excelente. A mistura entre música clássica e efeitos de computador consegue dar um toque a mais às cenas de passagem e aos combates com chefões. Além disso, a canção é o único elemento que não se torna repetitivo nas lutas. Conforme os combos são realizados e quando as habilidades especiais são usadas, a intensidade dela vai aumentando.

Na jogabilidade, as legendas interativas são uma mão na roda. O jogador, por meio do aparelho Sensen utilizado por Nilin, consegue ver a qual distância está do objetivo e quais caminhos pode seguir para alcançá-lo – ou até mesmo a indicação sobre a temperatura de um incêndio no cenário. Além de ajudar na imersão à atmosfera, constituem um ótimo elemento para guiar, de forma criativa e divertida, quem está jogando.

(foto: EM / DA Press)
(foto: EM / DA Press)
A mecânica que mais chama a atenção é justamente o talento especial de Nilin: a capacidade de mudar as memórias de outras pessoas. Em alguns momentos do jogo, são apresentadas cenas das lembranças de um indivíduo e um objetivo. Depois disso, o jogador pode retroceder ou avançar no tempo, tentando procurar e alterar objetos espalhados pelo cenário a fim de mudar o desfecho da história. Isso faz com que a experiência se torne um pequeno quebra-cabeça, muito divertido, mas pouquíssimo explorado – apenas quatro vezes.

O laboratório de combos é outra ideia muito interessante. O jogador pode posicionar golpes que dão diferentes benefícios quando executados. Por exemplo: é possível realizar uma sequência de socos que regeneram a vida. Há também os que dão um poder de força maior e os que multiplicam a intensidade das três pancadas anteriores. Conforme Nilin vai adquirindo experiência, novas formas são desbloqueadas. Infelizmente, a quantidade excessiva de movimentos iguais torna a jogabilidade mecânica e, por vezes, cansativa.

CONTROLE
'Remember me' falha em adaptar mecânicas já utilizadas em outros jogos famosos. É o que ocorre com o combate, por exemplo, que segue o modelo de socos, chutes e esquivas rápidas, mesclados com finalizações e habilidades especiais em câmera lenta – algo que lembra as lutas em Batman: Arkham City. A diferença é que no jogo do homem-morcego os golpes são espontâneos e se adaptam bem ao controle, fazendo com que o jogador se sinta o próprio herói, exatamente o oposto do título da Dontnod.

O título ainda erra na tentativa de explorar os cenários. Quando Nilin não está lutando contra inimigos, os controles básicos – como pular ou escalar paredes – não respondem muito bem. As escaladas, à la Assassins’ creed e Uncharted, são outro exemplo do quanto a jogabilidade se torna obsoleta conforme o game vai avançando, não trazendo nenhum desafio à experiência.

Novas propriedades intelectuais são sempre bem-vindas na indústria dos games, e se arriscar em criar inovações em alguns elementos da jogabilidade também é louvável. A Dontnod errou muito ao insistir no combate repetitivo e não dar mais chances à mistura de memórias. Além disso, unir a excelente trilha sonora com o design de níveis muito bem elaborado não foi o bastante para encobrir as falhas que comprometem o aproveitamento do título. Infelizmente, não vai ser fácil se lembrar de Remember me.

RESPOSTAS
Os meses antecedentes ao lançamento de Remember me foram marcados por uma polêmica. Em entrevista ao site Penny Arcade Report, o diretor-criativo do título, Jean-Maxime Moris, comentou que, antes de ser publicado pela Capcom, o game teve várias respostas negativas de outras empresas, que achavam que ter uma mulher como protagonista poderia influenciar negativamente as vendas.


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