Evolução dos games traduz cada vez melhor o prazer de dirigir

Marcus Celestino

Que garoto – ou adulto – nunca passou horas a fio na frente da tevê jogando um dos títulos dos seus consoles favoritos? Certamente, houve um relacionado ao mundo da velocidade e recheado de carrões movidos a pixels. A origem dos games de corrida foi em 1973 com o Space race, do Atari. Muito similar ao megassucesso Pong, o jogo consistia em uma competição entre duas naves que tinham de atravessar a tela desviando-se de asteroides e, a cada passagem, o jogador marcava um ponto. Algo básico, mas que se tornou o embrião de um gênero que encanta milhões de aficionados mundo afora. Confira algumas das obras-primas que já estão no hall da fama dos clássicos de corrida, além dos recentes sucessos.


ALTO NÍVEL
Ainda vale uma menção honrosa para alguns jogos que representam com maestria o alto nível dos games de corrida da atualidade: Ridge racer unbounded, Dirt 2, Forza motorsport 4 e Gran turismo 5. Além do estonteante Driveclub, primeiro do gênero para o tão esperado Playstation 4, que chega em breve para a briga. Esses serão os clássicos do futuro.

O pioneiro
Gran trak 10 (1974, Atari Arcade) foi o primeiro título a propiciar ao jogador a emoção de guiar um “carro” – se é que se pode chamar aquele quadradão poligonal de veículo – por intermédio de um volante, câmbio de três velocidades (uma ré esperta) e dois pedais para aceleração e frenagem. Além disso, é considerado o primeiro jogo de corrida de fato. O piloto competia apenas contra o relógio, mas o game contava com grau de dificuldade razoável e proporcionava horas de diversão em inúmeros circuitos. Havia também obstáculos, como o óleo espalhado em um dos setores da pista, que fazia a caranga derrapar. Além da ótima jogabilidade, Gran trak 10 tinha bons efeitos sonoros para a época, inclusive com o áudio perfeito das trocas de marchas. Ele fez um sucesso tão grande que rendeu uma continuação para dois jogadores simultaneamente e influenciou toda uma gama que estava por vir.

Campeão do rali
Em uma época na qual os jogos apresentavam visual uniforme e com pouquíssimas variações em termos de paisagem, Enduro (1986, Activision, Atari 2600) era o suprassumo dos games. A Activision sempre saía na frente dos concorrentes, e usou, à época, todo o poderio que o console da Atari entregava. No game, o jogador pilota um bólido com rodas off-road e tem como objetivo viajar o mundo em cinco dias a fim de se tornar o campeão de uma grandiosa competição de rali. Enduro se tornou um clássico instantâneo pelas cores vibrantes, pelos gráficos maravilhosos, pela jogabilidade viciante e pela dificuldade, que crescia gradativamente conforme o piloto vencia as provas. Nesse título, você joga contra o tempo e tem que ultrapassar uma quantidade específica de carros a cada dia. Além disso, você ainda dispõe de um odômetro para conferir a quilometragem.

“Não vale o carro vermelho”
A frase acima foi proferida por nove entre 10 amigos antes de jogar uma partida de Top gear (1992, Kemco, SNES). O possante, inspirado na Ferrari Testarossa 1991, era o carro mais rápido do jogo, que tinha ainda máquinas baseadas na 288 GTO, no Porsche 959 e no Honda NSX. Uma evolução do game do NES de 8 bits, Rad racer, mas que não se aproveitou muito das possibilidades gráficas dos 16 bits do popular SNES. Apesar disso, é um dos grandes clássicos da história por elevar a sensação de velocidade à 10ª potência e criar desafios nas trocas de marcha (que tinham de ser clínicas), no desgaste prematuro dos pneus, na falta de gasolina e também por contar com competição mais acirrada entre os rivais. Aliado a uma trilha sonora eletrizante, Top gear é mais um que entra no panteão dos grandes jogos de corrida e ainda gerou outras boas continuações, especialmente a versão Rally para o Nintendo 64.

Salto de qualidade
Quando a nova geração de consoles chegou, os jogos tiveram um salto de qualidade estrondoso. Lançado pela Sony em 1997, com influências de clássicos como Test drive, Gran turismo é um marco. No modo Simulação, grande destaque, o jogador tem de tirar licenças para estar apto a competir nos eventos. É possível adquirir até 142 carros, de 11 marcas (Dodge, Aston Martin, Acura, Nissan etc.) e ajustá-los da maneira que lhe parecer melhor. A jogabilidade de Gran turismo é extremamente precisa e esse foi o primeiro game com pretensões de chegar próximo à realidade. Para quem é fã, vale ter toda a coleção da série, que já se encontra no quinto capítulo em versão exclusiva para Playstation 3.

Virando Toretto
Need for speed: underground foi uma sacada de mestre da Electronic Arts. Lançado em 2003, o jogo pegou carona na onda do filme Velozes e furiosos, de 2001, e simula (em estilo bem arcade) pegas nas ruas entre carros envenenados, além de destacar modalidades como drift e drag racing. Com bons gráficos e som impecável, Underground arrebatou entusiastas da película estrelada por Vin Diesel e conquistou aficionados por tuning. O jogador pode personalizar o veículo com peças de marcas importantes da indústria. São 20 modelos para tunar e se divertir. Só tome cuidado para não estourar o motor ou detonar o Skyline R34 GTR, o que seria uma pena.

A saga continua
Jogos de Fórmula 1 sempre foram muito populares, principalmente no Brasil, na Europa e no Japão. F1 2012 (Codemasters), para diversas plataformas, é uma experiência e tanto para os amantes do automobilismo. Com um joystick usual, a diversão já é garantida, mas com um bom kit, incluindo volante, câmbio de seis marchas e pedais, a adrenalina de pilotar um fórmula 1 é ainda maior. Tudo no jogo reproduz a realidade com similaridade incrível. A física do game é quase perfeita, evita colisões exageradas e permite que você sinta o carro com maestria. Muitos torceram o nariz para a série depois de a Codemasters tê-la assumido, mas há de se admitir: a desenvolvedora vem acertando em cheio ano após ano.