(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas

Escolas têm infraestrutura, mas não ensinam ética nem comportamento seguro na web

Pesquisa mostra que instituições de ensino têm infraestrutura tecnológica e acesso à internet, mas falta incluir na grade curricular orientação sobre ética e segurança on-line


28/02/2013 08:50 - atualizado 28/02/2013 08:50

Shirley Pacelli

Clique para ver outros gráficos
Clique para ver outros gráficos (foto: Arte D.A Press)
Em suas andanças por escolas dando palestras, Patricia Peck Pinheiro, advogada especialista em direito digital e fundadora do Movimento Família Mais Segura na Internet, já ouviu muitos casos intrigantes. Certa vez, adolescentes contaram que há pessoas que instalam remotamente um software que liga a webcam de um computador sem o dono perceber. Outro dia, uma garotinha de oito anos ficou surpresa ao descobrir que é proibido por lei baixar músicas e filmes, gratuitamente, protegidos por direitos autorais.

Motivada pela carência de orientação das crianças e adolescentes em relação ao uso ético e seguro da internet, a advogada idealizou a pesquisa Panorama da Educação Digital no Brasil . O estudo foi feito em 1 mil escolas, entre públicas e privadas, em 21 estados brasileiros. As instituições ouvidas oferecem desde a educação infantil até o ensino técnico e profissionalizante. Cada uma delas respondeu a um questionário com 46 perguntas, entre os meses de julho e setembro de 2012.

São Paulo foi o estado com maior número de escolas ouvidas (56%), seguido por Rio Grande do Sul (8%) e Minas Gerais (7%). No estado mineiro, participaram instituições de ensino de Belo Horizonte, Sabará, São João del-Rei, Itajubá, Itaúna e Passos. Os dados não foram estratificados por estado.

Patrícia Peck destaca o papel das escolas e dos pais na formação da consciência digital
Patrícia Peck destaca o papel das escolas e dos pais na formação da consciência digital (foto: Adriana Elias)
Segundo o levantamento, apesar de 96% das escolas pesquisadas no Brasil contarem com computador e acesso à internet, cerca de 55% não têm aulas sobre Educação em cidadania, ética e segurança digital. O panorama levou em conta quatro indicadores na avaliação: infraestrutura, governança (em quais canais a escola está on-line), processo pedagógico (relação da disciplina com a tecnologia) e a orientação dos pais. O plano é fazer a pesquisa anualmente e mostrar ao Ministério da Educação (MEC) como é necessário implementar uma disciplina de educação digital nas instituições de ensino. “A gente vive em uma era de exposição muito grande. Tem um terremoto e os jovens fazem comentários inadequados achando que é normal. A liberdade de expressão acaba virando ofensa”, destaca Patricia Peck.

Apesar da discussão que hoje se faz no Brasil e da maior conscientização nas escolas, a especialista se surpreendeu por haver cyberbullying nas escolas. Patrícia acredita que o caminho mais eficaz é sempre educativo e não proibitivo. “Você controla em casa, mas não no vizinho”, lembra. Para a advogada, a iniciação em redes sociais, como o Facebook, deve ser feita pelos pais e é importante que a família leia o termo de uso junto com os jovens.

A rede de Zuckerberg só permite a criação da conta a partir dos 13 anos. Se o filho menor insiste em ter um perfil, o ideal é criar um cadastro com os dados dos pais e fazer uma espécie de teste de maturidade com a criança. “Se o pai sabe que não tem tempo para acompanhar os passos do filho na rede, é melhor não criar a conta”, alerta.

Patricia Peck explica que, felizmente, os mais jovens hoje estão conscientes em relação à publicação de fotos on-line, principalmente depois do escândalo das imagens de Carolina Dieckmann que vazaram na rede no ano passado. Mas se descuidam com os comentários de rotina: contam que estão em casa sozinhos, que os pais viajaram ou que a família vai fazer um passeio na Disney. Além disso, distribuem check-ins por toda parte. Isso atrai a atenção de pessoas mal-intencionadas. A advogada acredita que se um trabalho for implantado nas escolas para orientação quanto ao uso das novas tecnologias, há chances de garantir a formação de indivíduos “digitalmente” corretos e evitar o crescimento dos crimes virtuais.

CIDADANIA DIGITAL
Lançado em outubro de 2009, o movimento foi idealizado por Patricia Peck Pinheiro e recebe o apoio da Associação Brasileira de Anunciantes. O projeto visa à capacitação e proteção da família com relação ao uso ético, seguro e legal da internet e dos novos recursos tecnológicos. Para estimular a adesão do público, foram criadas ferramentas como um site, cartilha ilustrada com orientações sobre comportamento na web, um selo que atesta o comprometimento de empresas e instituições com a iniciativa, além de palestras em escolas.

criancamaissegura.com.br

PAIS E PROFESSORES:
Façam o teste!

Confira lista de indicadores para que você possa medir se conhece quem é seu filho ou seu aluno digital:

1) Você sabe o que seu filho e/ou aluno faz diante do computador?
2) Você sabe como seu filho e/ou aluno consegue “mexer” no computador?
3) Você sabe se seu filho e/ou aluno tem perfis em redes sociais?
4) Você sabe se seu filho e/ou aluno tem amigos virtuais e se comunica com eles?
5) Você sabe o que é “sexting?” Será que seu filho e/ou aluno sabe usar a câmera do telefone celular adequadamente, de forma ética, sem gerar danos às outras pessoas?
6) Você sabe se seu filho e/ou aluno tem fotos em poses sensuais ou íntimas publicadas na internet?
7) Você autoriza seu filho a manter o computador em seu próprio quarto ou o deixa em um local mais público da casa, de livre circulação?
8) Você controla o tempo que seu filho passa realizando atividades no computador?
9) Você já pesquisou sobre a vida digital de seu filho e/ou aluno? E a sua própria, buscando por seu nome ou imagem?
10) Você sabe se seu filho e/ou aluno está copiando trabalhos existentes na internet para apresentá-los como se fosse dele em seu colégio?
11) Você sabe que tipo de informação seu filho e/ou aluno armazena dentro do computador?
12) Você sabe se seu filho e/ou aluno frequenta lan houses para justamente se ver livre de qualquer monitoramento por parte dos pais e/ ou professores?

Fonte: Cartilha orientativa – Recomendações e dicas para a família sobre o uso correto das novas tecnologias. Produzida pelo Movimento Família Mais Segura na Internet


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)