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Estado de Minas

Pesquisa mostra que não é fácil resistir ao Facebook

Experimento que propõe ausência total da rede por 100 dias mostra que não é fácil resistir: 15 pessoas já sucumbiram à tentação. Dependência já é caso de consultório


postado em 13/12/2012 00:12 / atualizado em 13/12/2012 09:38

Shirley Pacelli

Para o psiquiatra Cristiano Nabuco de Abreu, o problema não é a rede, mas o uso que as pessoas fazemdela(foto: Arquivo Pessoal )
Para o psiquiatra Cristiano Nabuco de Abreu, o problema não é a rede, mas o uso que as pessoas fazemdela (foto: Arquivo Pessoal )
“Estou bem. Começando a me sentir limpo e com tempo de sobra para outras coisas”. Parece, mas o depoimento não foi ouvido em uma reunião dos Alcoólicos Anônimos ou pessoas tentando se livrar de qualquer outra dependência. Marcelo R. é uma das 100 pessoas que toparam participar de um desafio: 100 dias sem Facebook. Mais do que ideia de algum hater (odiador) da rede, o #100Face (100face.com.br) é um projeto de experimento social. O objetivo não é defender a permanência ou saída de ninguém da rede. O intuito é levantar questionamentos sobre o domínio que ferramentas privadas e mecânicas têm sobre os aspectos sociais mais comuns dessa geração.

O projeto foi criado no dia 22 de setembro e vai até 1º de janeiro. Dos 100 participantes, muitos já sucumbiram aos encantos da telinha azul. No blog do experimento, eles relatam por quê. Entre as maiores tentações está a vontade de ver as fotos da festa mais recente e até carência de conversar com os amigos próximos que, de repente, sumiram. Alguns dão desculpas mais sérias. “Tive que voltar ao perfil para pegar conteúdos de disciplinas da faculdade”.

Na página não há uma contabilidade, à la big brother, com os eliminados/desistentes. Mas contando um a um, de acordo com as declarações nos posts, 15 já desistiram. Muitos deles não fizeram atualizações, o que faz concluir que mais pessoas podem ter abandonado o desafio. A ideia, segundo Felipe Teobaldo, idealizador do projeto, não é descobrir quanto tempo se consegue ficar sem o Facebook, mas do que você depende para ser feliz. No blog, os organizadores afirmam que cada vez mais a identidade digital faz parte da construção da identidade social. Nesse ponto, os participantes do experimento tentariam descobrir o porquê da necessidade de consumir tantas informações sobre os círculos sociais on-line. Talvez, em janeiro haja respostas.

CONEXÃO EXCESSIVA Há como saber se está viciado na internet? Segundo Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do Grupo de Dependências Tecnológicas do Programa Integrado dos Transtornos do Impulso (PRO-AMITI), da Universidade de São Paulo, é preciso ir com calma. Antes de fazer a autoavaliação, é necessário analisar que vivemos em uma época em que a tecnologia está muito presente. “O celular é tudo: despertador, câmera, PC e ainda permite que você ligue para alguém. Transformou-se em um portal pessoal”, exemplifica. Para ele, delimitar o que é dependência não é uma tarefa das mais fáceis. Um sinal seria quando a pessoa percebe que, prioritariamente, prefere utilizar a tecnologia para resolver tudo: da compra de um tênis a um convite de aniversário.

Abreu explica que surgem vários problemas dessa conexão excessiva, como baixo nível de comunicação pessoal e perda da capacidade de foco, que alguns gostam de chamar de pessoa multitarefa. “É como meu pai dizia: o homem dos sete instrumentos não toca nenhum direito”, reflete. Ele conta que há duas correntes de pesquisa sobre essa geração de jovens conectados. A primeira diz que eles nunca foram tão rápidos e que houve um leve aumento do QI. A outra acredita que ser rápido não necessariamente os faz mais inteligentes. Além de dizer que essa juventude não consegue acumular conteúdo ao longo da vida – afinal todas as pesquisas estão a um clique.

O coordenador se inclina a favor dessa segunda visão. “Nossa geração mudou muito. Se não usarmos a tecnologia a nosso favor, ela nos engole. O problema é você, não a rede.” Para ele, essa geração está navegando à deriva, não existe uma massa crítica. Abreu lembra que um estudo do Ibope, divulgado em setembro deste ano, apontou que 70% dos brasileiros assistem o seu programa favorito com outra tela na mão. Outra pesquisa apontou que 10% dos usuários no mundo são viciados na internet e cerca de 20% seriam dependentes do celular. Isso em 2010, quando não havia o boom dos smartphones.

“Na sala de espera do meu consultório, todas as vezes que abro a porta para chamar os pacientes, eles estão entretidos com o iPhone”, conta. Ele explica que verificar o celular é normal, mas não a cada minuto. “Seria o mesmo que fazer ginástica o dia inteiro ou comer todo o tempo”, compara. Abreu aconselha a estabelecer um horário para o acesso às redes sociais e desabilitar as notificações do aplicativo do celular, que, normalmente, insistem em apitar de 30 em 30 segundos. Suspeita que está viciado? Faça um teste no Dependência de Internet (dependenciadeinternet.com.br). O site, coordenado por Abreu, reúne orientações sobre o tema.  


A FILA ANDA, MAS DEMORA
Se o Orkut já foi o queridinho entre os usuários no Brasil, no início do ano o Facebook conquistou de vez um espaço cativo no coração dos brasileiros. É a lei da vida, ou melhor, das redes. Em um dia você é o mais acessado, no outro você se transforma em reduto de spammers.  Grande parte dos especialistas da área afirma que ainda não surgiu uma rede capaz de destronar o Facebook – são todos sites de nicho. Entre os candidatos à posição ocupada hoje pelo site de Zuckerberg estão o Google +, o Socl (da Microsoft) e o Pinterest.  Na última semana, o Google + ganhou o recurso de comunidades, ponto forte do quase esquecido Orkut. Pode ser que essa cartada atraia a atenção dos usuários não ativos entre os 250 milhões cadastrados.



CAMINHO DO FIM
Desativar e deletar a conta no Facebook são duas ações distintas. Na primeira delas, é possível retornar à rede com todos os amigos e linha do tempo intactos; a segunda opção extingue todo o rastro na rede social. Quer saber como excluir sua conta no Facebook? Siga os passos:

1: » Entre no site e acesse o seu perfil.
2: » Acesse “Configurações da conta” no canto superior direito da tela, onde há uma setinha.
3: » Vá ao menu geral. Antes de concluir a ação, clique sobre a opção “Baixe uma cópia dos seus dados do Facebook”. Esse recurso guardará seus álbuns.
4: » Uma tela aparecerá pedindo para abrir o arquivo da cópia. Abra-o. Uma nova mensagem informará que você vai receber um e-mail com o link do backup. Espere recebê-lo e baixá-lo no PC antes de desativar sua conta, caso contrário você perde todos os dados. Quanto mais fotos e vídeos, mais tempo leva o processo. Pode demorar horas.
5: » Feita a cópia, vá a “Segurança” ainda no menu de configurações. Clique em “Desativar conta”. Seu perfil não ficará disponível para pesquisas, mas algumas informações suas ainda permanecem visíveis até o cancelamento real.
6: » Aquela clássica mensagem “Tem certeza que quer desativar sua conta?” aparecerá em seguida. O Facebook ainda dá uma choradinha e mostra para você os perfis dos seus amigos que sentirão sua falta. Escolha o motivo de sua saída na lista oferecida. Falta de privacidade, gasto excessivo do tempo e conta invadida são algumas das opções.
7: » Decida se quer receber e-mails de marcações e convites dos amigos após o cancelamento da sua conta. Feito isso, é só confirmar a desativação com a senha. Há uma verificação de palavras antes. A conta foi desativada, mas caso queira voltar, o Facebook grava algumas das suas informações originais. Basta fazer o login normalmente.

Exclusão permanente
» Para excluir de verdade, é preciso acessar o link: facebook.com/help/delete_account. O site solicitará a confirmação de senha e de palavras. Você perderá todos os dados na rede social.


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