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Estado de Minas

Lâmpadas LED são mais ecológicas e duráveis que as fluorescentes


postado em 17/09/2012 07:53 / atualizado em 17/09/2012 07:58

Se antes era a solução para o setor energético brasileiro, agora virou problema. Apesar de gastar menos energia, a lâmpada fluorescente não é devidamente descartada e pode poluir o meio ambiente. O alerta é de alunos do curso de ciências biológicas do Centro Universitário UNA, de Belo Horizonte, que apostam na tecnologia LED (diodo emissor de luz) para eliminar o risco de contaminação e gerar economia ainda maior de eletricidade.

A lâmpada fluorescente veio para substituir a incandescente, que ainda é bastante usada, principalmente em residências, por fornecer uma luz mais aconchegante e ser mais barata. Depois do apagão de 2001, quando houve racionamento de energia em todo o país, o governo passou a incentivar o uso da fluorescente, na tentativa de diminuir o consumo de energia elétrica, e anunciou recentemente que vai deixar de fabricar a incandescente. A decisão preocupa os sete estudantes do curso de ciências biológicas da UNA, que condenaram as lâmpadas fluorescentes em pesquisa apresentada em sala de aula. “O número vai aumentar e muita gente vai descartá-las de forma incorreta, pois desconhece que essas lâmpadas contêm mercúrio, que causa dano à saúde”, diz Vivian Jordania da Silva, uma das autoras do projeto que propõe a instalação de LED em todas as unidades do centro universitário.


Cada lâmpada fluorescente contém 21 miligramas de mercúrio, substância que ajuda a tornar a luz visível. Pode parecer pouco, mas essa quantidade do metal tóxico, se não for descartada de maneira correta, pode contaminar o ar, o solo e a água. O analista de sustentabilidade do UNA, Herbert Lima, explica que o mercúrio é uma substância bioacumuladora. “Os animais vão absorvendo o metal e, com o passar do tempo, o acúmulo da substância no organismo pode causar danos.” Quando inalado ou ingerido, o mercúrio é capaz de afetar o funcionamento normal de pulmões, sistema nervoso central, rins e fígado.

A lâmpada fluorescente só polui o meio ambiente se estiver quebrada, o que faz com que o mercúrio escape em forma de vapor. A informação seria animadora se não fosse comum ver o vidro ser jogado de qualquer maneira no lixo, podendo ser facilmente rompido em um transporte inadequado. Estima-se que, de 100 milhões de lâmpadas fluorescentes consumidas anualmente no Brasil, 70 milhões sejam descartadas de maneira incorreta. “As pessoas jogam essas lâmpadas no lixo comum, que acabam quebradas em caçambas ou aterros sanitários e contaminam o solo, o lençol freático, o ar e os alimentos”, pontua Vivian.

Implementada em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos é clara: fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de lâmpadas fluorescentes são obrigados a recolhê-las depois que são usadas pelo consumidor para dar a destinação adequada, independentemente do serviço público de limpeza urbana. A regra, chamada de logística reversa, prevê a disponibilidade de postos de coleta de resíduos sólidos para toda a população. Mas isso não é o que ocorre na prática. “Infelizmente, para você dar a destinação correta, tem que pagar, o que dificulta muito o descarte. Ninguém quer ter gasto a mais” observa a universitária. De acordo com Vivian, representantes do setor alegam que o custo de recolher e dar o fim adequado ao material é muito alto.

Alguns empresários enxergaram a oportunidade de ganhar dinheiro recolhendo lâmpadas fluorescentes, mas o levantamento dos estudantes mostra que, ao menos em Belo Horizonte, o preço não é nada acessível. Além do transporte, o consumidor tem que pagar pela quantidade de material que será recolhido em casa. Cada lâmpada inteira custa R$ 0,50 e a lâmpada quebrada vale, em média, R$ 2,50 o quilo. O grupo sugere, portanto, que a prefeitura de cada cidade fique responsável pelo recolhimento do material, assim como já ocorre em São Paulo. Lá, ficam espalhados pontos de entrega voluntária que recebem, além de lâmpadas, pilhas e baterias.

Com a pesquisa, os universitários querem provar que a melhor alternativa para substituir a fluorescente é a lâmpada LED, ainda pouco usada no país. A primeira vantagem é ela não conter mercúrio, o que elimina o risco de poluição do meio ambiente. Pelo mesmo motivo, as lâmpadas LED podem ser descartadas junto com o vidro comum e não precisam de tratamento especial antes da reciclagem, como ocorre com as fluorescentes. Quando se compara a durabilidade, a nova tecnologia também desponta como a melhor opção. As lâmpadas fluorescentes funcionam por cerca de 30 mil horas, enquanto as LED podem durar até 45 mil horas.

O que ainda dificulta a popularização das lâmpadas LED é o alto valor (uma unidade chega a custar R$ 100). Até o ano passado, não havia nenhuma empresa no Brasil que fabricasse o produto, que era importado, principalmente da China e dos Estados Unidos. Apesar de ainda não ter a tecnologia para produzir todos os componentes das lâmpadas LED, que continuam a ser trazidos de outros países, a boa notícia é que elas algumas peças começam a ser produzidas por aqui. “Isso aumenta o incentivo para o brasileiro comprar LED, porque não adianta nada comprar lâmpadas que vieram da China, com as condições de trabalho que existem lá e o transporte, que acaba encarecendo o produto”, ressalta o analista de sustentabilidade do UNA.

Apesar de reconhecer que o gasto com a implantação da lâmpada LED é mais alto com a fluorescente, a universitária Vivian da Silva não tem dúvida de que a nova tecnologia deve ser mais usada. “Você vai ter um custo inicial alto, mas com o tempo de uso consegue economizar na conta de luz e ter retorno do seu investimento. A LED consome bem menos energia”, diz.

O engenheiro de soluções energéticas da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) Leonardo Resende Rivetti defende que o consumidor deve mudar a lógica na hora de comprar uma lâmpada. “É preciso analisar quanto custa usar o equipamento, e não o valor dele. Assim, a pessoa vai tomar uma decisão consciente.” Segundo Rivetti, o valor de uma lâmpada LED já baixou bastante desde que chegou ao Brasil, quando custava cerca de R$ 300. Ele afirma que a nova tecnologia consome, sim, menos energia e está se mostrando economicamente atrativa por ser mais durável.

Incentivo do governo
Em Minas Gerais, deve ser aberta no fim do ano a primeira licitação da Cemig para comprar lâmpadas LED. O material vai ser aproveitado no programa Energia Inteligente, que incentiva os consumidores a gastar menos eletricidade. Desde 2006, a iniciativa já beneficiou em todo o estado 350 mil famílias, que tiveram cinco lâmpadas incandescentes trocadas por uma fluorescente. A expectativa para o ano que vem é oferecer a cada cliente duas lâmpadas LED em troca de três antigas. Para participar, a família precisa estar inscrita em algum programa social do governo federal.

Memória
Tragédia no Japão

A maior catástrofe envolvendo mercúrio ocorreu em 1953, na cidade de Minamata, Japão. A população foi contaminada pelo metal pesado, que se acumulou em peixes. Mais de 900 japoneses morreram e muitas crianças que nasceram depois do desastre ficaram com graves sequelas. Ao que tudo indica, a culpada era uma fábrica de carbureto de cálcio, que lançava resíduos no mar. O desastre foi tão marcante que a síndrome causada pelo mercúrio é chamada de doença de Minamata, cujos principais sintomas são febre alta e convulsões, porque danifica o sistema nervoso central.

 


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