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Estado de Minas

Brasileiros propõe avião com baixo custo de produção e manutenção barata

Expectativa é de que a aeronave chegue ao mercado em 2015


postado em 27/08/2012 08:25 / atualizado em 27/08/2012 08:52

(foto: Fapemig/Divulgação)
(foto: Fapemig/Divulgação)
 

Uma aeronave de pequeno porte, leve, aerodinâmica, silenciosa, econômica, eficiente, segura, fácil de pilotar, com manutenção barata e ainda por cima com melhor custo/benefício no mercado. O projeto está sendo desenvolvido pela Axis Aeroespacial e deve chegar ao mercado em 2015. O caminho escolhido pela equipe para o AX-2 Tupã (nome dado ao avião) foi encontrar soluções para todas essas demandas na fase de projeto, que prevê inúmeras otimizações em relação às aeronaves convencionais.

Principal responsável pela empreitada, o engenheiro aeronáutico Daniel Marins Carneiro trabalha há mais de 20 anos com projetos de aeronaves e conta com uma equipe de profissionais experientes no ramo aeronáutico. Ele explica que cada ponto do projeto do Tupã, cada modificação, assim como a integração de tudo, foi estudado ao mesmo tempo pensando a aeronave de fora para dentro e de dentro para fora. De acordo com Daniel isso deu muito trabalho à sua equipe.

Destrinchando o projeto (que parte da fase de desenvolvimento para a construção do primeiro protótipo), ou pelo menos a parte que pode ser divulgada (já que muitos detalhes são segredos industriais), o engenheiro aeronáutico fala sobre o material que será utilizado. No lugar do alumínio, a ideia é usar compostos. A intenção inicial é usar fibra de carbono, por suas características de leveza, resistência e melhor conformidade, o que ajuda até a melhorar a aerodinâmica. Perguntado sobre o alto valor de um material tão nobre quanto a fibra de carbono numa aeronave de baixo custo, Daniel afirma que fez um estudo e constatou que sua aplicação é possível. Caso contrário, o tecido de fibra de vidro aeronáutico, que é mais leve que o alumínio, pode ser usado.

A propulsão também tem suas particularidades. Além da adoção de um motor mais eficiente, isto é, com boa relação entre potência e consumo de combustível, a propulsão é feita por meio de hélices (chamafas de fan) e não por uma turbina. É aí que mora o segredo da eficiência, já que o fan consome muito menos combustível que uma turbina e tem custo bem inferior. A desvantagem é que a turbina, que equipa as aeronaves a jato, permite que elas desenvolvam maior velocidade. Segundo Daniel, em 2020 será possível adotar um motor nacional, que já está em desenvolvimento.

Para diminuir o arrasto, ou seja, a resistência ao ar, a aerodinâmica foi aperfeiçoada a partir do trabalho sobre o formato e o posicionamento das asas e da fuselagem. Além das melhorias aerodinâmicas e o uso de um motor mais eficiente, a redução de ruídos se deu pelo posicionamento do motor e a adoção do fan voltado para trás e com carenagem. Para reduzir o peso da aeronave, além da adoção de materiais alternativos, a própria eficiência energética da aeronave vai demandar o uso de uma menor quantidade de combustível, tornando possível abrir mão de reforços estruturais, deixando o avião mais leve.

Propulsão do AX-2 Tupã é feita por meio de hélices e não por turbina, o que sugere gasto menor de combustível(foto: (Fapemig/Divulgação))
Propulsão do AX-2 Tupã é feita por meio de hélices e não por turbina, o que sugere gasto menor de combustível (foto: (Fapemig/Divulgação))

Vantagens
A segurança da aeronave é aumentada com a facilidade de operação, boa visibilidade para o piloto e o fato de o Tupã ser um bimotor. Ou seja, no caso de um dos motores falhar, é possível ter o controle do avião usando apenas um deles. Para isso, o gradiente de subida da aeronave é muito maior do que os exigidos, permitindo até mesmo a decolagem usando um motor.

Além da própria aeronave, um dos objetivos do projeto Tupã é promover a integração de pequenos municípios com cidades maiores. Para isso, Daniel propõe a construção de mais aeroportos pequenos, otimizados e eficientes. Mas, segundo o engenheiro, atualmente, todas as iniciativas relativas ao aprimoramento da aviação nacional têm sido focadas em melhoria de grandes aeroportos.

Apesar de estabelecer como missão o desenvolvimento educacional do país, tendo portanto um objetivo semelhante ao de um instituto de pesquisa, a Axis se estabeleceu como uma empresa, mais especificamente uma empresa de inovação. Daniel explica que a adoção desse formato é fazer com que, diferentemente dos institutos, onde a produção do conhecimento é um fim, uma empresa permite a transformação desse conhecimento num produto diferenciado.

O engenheiro aeronáutico Daniel Marins Carneiro e o apoiador Ozires Silva, da Axis Aeroespacial: adoção de motor nacional é esperança para 2020(foto: (Fapemig/Divulgação))
O engenheiro aeronáutico Daniel Marins Carneiro e o apoiador Ozires Silva, da Axis Aeroespacial: adoção de motor nacional é esperança para 2020 (foto: (Fapemig/Divulgação))
Porém, o engenheiro destaca que os objetivos da Axis vão além dos de uma empresa. Nela, o capital é um meio e não um fim. Para garantir o controle do conhecimento produzido, a empresa não tem intenção de abrir o capital, tampouco ser controlada por grupos estrangeiros. Assim, ele cita o governo e instituições interessadas no crescimento do país como parceiros ideais.

Próximos passos
Para fazer um avião simples de pilotar, a equipe do Tupã precisou quebrar a cabeça. A simplificação de sistemas foi a palavra de ordem. De acordo com o engenheiro aeronáutico Daniel Martins Carneiro, nas aeronaves convencionais algumas características ficam “congeladas” ainda na fase de projeto, causando problemas de segunda ordem, que exigem a adoção de sistemas eletrônicos para solucioná-los. No Tupã, tudo foi feito para que a adoção de uma solução não prejudique um outro aspecto do avião. Assim, a manutenção da aeronave é mais econômica, já que foi evitada até mesmo a terceirização de componentes.

 


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