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Estado de Minas

Sem inovação

Pegar carona nas tendências, ousar, fugir do lugar comum e criar. Essa é a fórmula para o êxito de um negócio, como deixaram claro as mensagens de evento tecnológico da IBM


postado em 23/08/2012 07:00

Rowan Gibson criou um modelo de processo inovador, que pode ser adotado por empresas de qualquer porte (foto: Silas Scalioni/EM/D.A Press)
Rowan Gibson criou um modelo de processo inovador, que pode ser adotado por empresas de qualquer porte (foto: Silas Scalioni/EM/D.A Press)
O caminho para o sucesso de qualquer empresa passa por uma palavra: inovação. Essa foi uma das mensagens do Forum IBMcc 2012, evento de tecnologia realizado pela empresa em São Paulo, na semana passada, que em sua sexta edição trouxe ao Brasil o inglês Rowan Gibson para abordar o tema. Conhecido como o mestre da inovação, ele mostrou, baseando-se em dezenas de exemplos, como empresas que tiveram a coragem de fugir do tradicional se tornaram referências de mercado.


Outra presença internacional no encontro foi do executivo de projetos da IBM Jim de Piante, que participou do desenvolvimento do supercomputador Watson. Em palestra para centenas de empresários e parceiros de negócios da IBM, o pesquisador apresentou detalhes do projeto da máquina que é capaz de pensar, aprender e derrotar humanos em uma competição em que o jogo de palavras e sutilezas de um idioma eram presença constante. Watson utiliza tecnologias baseadas em computação semântica e, cinco anos depois de ser criado, dá sinais de que poderá ter várias aplicações práticas na vida humana.

Fazer bonito Para o presidente da IBM Brasil, Rodrigo Kede, o país, até por conta da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, é a bola da vez dos investimentos tecnológicos. “Temos problemas e estamos preocupados com questões de infraestrutura física, mas posso afirmar a tecnologia não representará nenhum gargalo”, disse. Ele acredita que nos próximos 12 meses vai haver forte aporte de recursos em tecnologia no país e que muitos projetos vão se realizar. “Pode até ser que muita coisa não fique 100% pronta, mas os projetos sairão do papel trazendo muitos resultados adiante.”


A IBM aproveitou o encontro para anunciar a criação de mais um laboratório de desenvolvimento de softwares no Brasil. Na nova unidade, pesquisadores vão desenvolver soluções que atendam as principais carências enfrentadas pelas empresas brasileiras ligadas à exploração de recursos naturais, especialmente óleo e gás. “As soluções desenvolvidas aqui serão usadas por nossas empresas e poderão ainda ser vendidas para o resto do mundo, pois pretendemos realizar um trabalho de excelência nessa área no Brasil”, revelou Ulisses Mello, diretor de Recursos Naturais da IBM Research Brasil.

 

No rastro do sucesso

 

Encontro promovido pela IBM mostra que a hora é de apostar nas boas ideias e
na inovação 

 

"A Apple, em 1997, era uma empresa que valia, na Bolsa de Valores de Nova York (Wall Street), no máximo US$ 2 bilhões. Esta semana, tornou-se a empresa de capital aberto mais valiosa da história: o valor de mercado dela agora é de US$ 622 bilhões. Por que isso? Simplesmente porque Steve Jobs inovou, enxergou as tendências e criou aquilo que o usuário queria.”

A afirmação é do inglês Rowan Gibson, conhecido mundialmente como Mr. Innovation (senhor da inovação) e autor de best-sellers como Rethinking the future (Repensando o futuro) e Innovation to the core (Inovação para o núcleo). Palestrante dos mais disputados (nos últimos quatro anos levou suas ideias e conceitos a seminários e painéis de 51 países), Gibson participou na semana passada do IBM Forum 2012, em São Paulo, evento promovido regularmente pela multinacional para apresentar e discutir novas tecnologias e tendências. Nesta sexta edição, o encontro se baseou no tema “Histórias de sucesso começam com grandes ideias”, visando conectar diferentes visões de mercado com prioridades de negócios.

E qual o assunto enfocado por Rowan Gibson em sua apresentação? Claro que foi inovação, uma das palavras-chaves do Forum 2012, onde mostrou sempre com exemplos que para uma empresa crescer de forma sustentável só há um caminho: inovar. E que a inovação não pode ter interrupções, deve obedecer a um processo contínuo e atingir todos os setores da companhia, não se restringindo somente aos departamentos de pesquisas e desenvolvimento. Diante disso, ele criou um modelo de ação, que chamou de “Quatro lentes”, no qual o profissional, para ser inovador, precisa se basear. Os quatro pontos são: desafiar o tradicional (challenging orthodoxies), dominar e perceber as tendências (harnessing trends), alavancar recursos (leveraging resources) e compreender  as necessidades (understand the client).

Segundo Gibson, ao contrário da Apple, a Sony, que era sinônimo de músicas e entretenimento, esqueceu de olhar para frente e hoje amarga uma corrida atrás dos concorrentes para recuperar o mercado que perdeu justamente por não ter inovado. “Quem tinha de inventar o iPod era a Sony, que dominava a área, e não a Apple. Só que o ato de vislumbrar o futuro estava na mente de Steve Jobs e não na dos executivos da Sony.”

Lentes que traçam um futuro

“Os tempos mudaram. No passado, dizia-se que o cliente era rei. No século 21 o cliente é Deus." Rowan Gibson afirma que sem inovação não há futuro, defendendo que as quatro lentes do modelo que criou, quando bem utilizadas, podem ser ferramenta importante para auxiliar no processo inovador de empresas de qualquer porte e segmento. “Sem inovar, uma empresa fatalmente será atropelada por outra. O iPhone representou um tsunami na vida do BlackBerry. Agora os aparelhos Android estão criando um tsunami no reinado do iPhone. Pensem nisso e ponham sempre a inovação à frente de suas prioridades se quiserem ter sucesso”, determina. Conheça os fundamentos das quatro lentes:

Questionar
A inovação está diretamente associada àqueles que questionam, desafiam o tradicional e não fogem dos riscos de pensar diferente. “Quantas vezes ouvimos que ‘isso não vai dar certo’? A frase retrata perfeitamente o momento em que a inovação será descartada”, considera Gibson. Exemplos de empresas que souberam utilizar essa lente, segundo ele, foram a Dyson, que criou nos Estados Unidos eletrodomésticos com design e funcionalidades inovadores em relação aos tradicionais; a Swatch, mostrando ao mundo que os relógios não precisavam ser caros e poderiam ser fabricados em grande  variedade de modelos e a Pringle Prints, que, para ele, merece destaque especial. “Batata frita sempre será batata frita. Quem poderia pensar em imprimir textos em rodela de batata frita? Pois a P&G lançou uma linha especial de batatas com textos impressos em tinta comestível sobre recordes, piadas, curiosidades etc., que se tornou sucesso.”

Percepção

Mais do que identificar as tendências de mercado, estudá-las e entendê-las bem é primordial. É preciso pegar carona nessas tendências. O principal exemplo dado por ele é o eBay . “Todos nós guardamos objetos em casa raramente usados. É comum nos Estados Unidos a venda de objetos que são vendidos na garagem das casas (garage sales). Por que não criar um local on-line para isso? A eBay trouxe esse conceito para o mercado, e se transformou em referência”.
Recursos
“Você sabe quais são suas principais competências e seus ativos estratégicos? Você os está utilizando da melhor forma possível ou os está subutilizando?” Assim Rowan Gibson aborda a terceira lente do seu modelo e cita a Disney como a empresa que soube identificar bem suas competências e inovar, abrindo outras áreas de negócio. “Você pensaria em participar de aulas de inglês com os personagens  criados por Walt Disney? Foi isso que fizeram, abrindo uma linha de negócio totalmente nova. Não se limitando só às aulas, criaram ainda um programa internacional (até na China já está presente), totalmente alavancado por esse mundo mágico do entretenimento.”
Conhecer
O mestre da inovação diz que parece simples, mas será que todos conhecem bem os seus clientes? “Sejam eles diretos ou indiretos, internos ou externos, você sabe mesmo o que  querem?”, questiona. Para Gibson, há muitas oportunidades ainda não exploradas. “Alguém, algum dia, pediu para o Google inventar uma ferramenta de buscas? Ou à Apple para inventar o iPad? E quem pediu para a IBM inventar o PC? Esses fatos servem como exemplos de empresas que inovaram com base no conhecimento que têm do mercado, em percepções e objetivos claros.”

 

Muito inteligente, meu caro Watson

 

No início de 2011, um supercomputador criado pela IBM e chamado de Watson  ganhou o prêmio de US$ 1 milhão ao derrotar Ken Jennings e Brad Rutter, os dois maiores vencedores doJeopardy, jogo de perguntas e respostas, da TV norte-americana. Ken e Brad já haviam levado, cada um, mais de US$ 3 milhões no quizz show, mas Watson conseguiu o que poucos apostavam: uma máquina pensante vencendo o cérebro humano.


O Jeopardy, ao apresentar perguntas divididas em categorias e baseadas em jogos de palavras, trocadilhos e outras sutilezas do idioma inglês, tornou-se há cinco anos um desafio para a IBM: mostrar a capacidade de um computador armazenar informações, analisá-las, aprender com elas e dar respostas corretas.

 

Mais do que entender a informação que teria de buscar, Watson precisaria avaliar as probabilidades de a resposta estar certa. Baseado nessas análises, o supercomputador tinha de decidir quando valia arriscar um palpite em todas as rodadas e quando os competidores precisavam apertar um botão para ter direito a responder.


“Criar computador para competir com o homem não é novo na IBM”, afirmou Jim de Piante, executivo de projetos da empresa que participou do desenvolvimento do Watson. Ele se referia a outra supermáquina, a Deep Blue, que em 1997 derrotou o campeão mundial de xadrez Garry Casparov. “O desafio no caso do Watson, entretanto, foi muito maior, pois envolvia muitas variáveis. Só o desenvolvimento de um sistema analítico muito sofisticado, complementado por uma capacidade de processamento superior, poderia dar resultado.


E o resultado já se sabe: o Watson se tornou um sistema de inteligência artificial capaz de responder perguntas formuladas em linguagem natural. Jim de Piante apresentou alguns exemplos mostrando a evolução do Watson, desde quando foi iniciado até hoje, depois do aperfeiçoamento em que foram adicionados novos algoritmos.


O pesquisador da IBM explicou que o processo de aprendizado do computador ocorre em duas etapas. Primeiro, Watson absorve, analisa, computa as informações e as armazena. Depois, ao receber a pergunta, procura respostas plausíveis e as justifica, já que acredita que há uma resposta correta. “E tudo isso tem de ser feito quase  em tempo real, o que demanda uma incrível capacidade de processamento.”

Uso prático A etapa atual do projeto é tornar a máquina um negócio e que, além disso, seja útil à humanidade. Ou seja, implementar a tecnologia em várias áreas, como saúde, call center, segurança pública, gestão de pessoas etc. “É difícil saber para onde a computação semântica vai caminhar. “Já estamos vendo demandas úteis, como na área de diagnósticos médicos”, revela. Explicando, ele aponta como exemplo casos de pacientes relatando que sentem dores e indicando um sintoma principal de uma doença. Ao passar os dados para Watson, a máquina poderá processar as informações e alertar o profissional sobre outros fatores que poderiam pesar em um diagnóstico.


Áreas como transporte, logística e finanças foram também citadas por ele como promissoras para o desenvolvimento de tecnologias baseadas em computação semântica. Complementando, ele afirmou que o Watson é um caminho de desenvolvimento do conhecimento humano. “Sua história de sucesso apenas está começando, pois só a partir de agora é que o mercado poderá vislumbrar aplicações práticas para essa nova tecnologia. O Watson é mais uma ferramenta poderosa a serviço da humanidade e que vai mudar a forma de interação entre o homem e a máquina.”


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