Um dos pontos cruciais que levantam uma enxurrada de dúvidas é o diagnóstico do transtorno. Feito por especialistas como psiquiatras, médicos e psicólogos, o exame leva em conta depoimentos de pais, educadores e é feito um questionário com a criança, o que, segundo a pediatra e professora da Unicamp Maria Aparecida Moysés, não é suficiente para saber se o paciente sofre ou não de algum problema. “São perguntas superficiais. A minha preferida é a que questiona se a criança tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma. O que é isso?”, ironiza.
O que dizem os laboratórios
O EM entrou em contato com os dois laboratórios, Janssen Cilag e Novartis (responsáveis pela fabricação do Concerta e da Ritalina, respectivamente), que não divulgaram dados de vendas dos medicamentos no país. Em nota, o Janssen Cilag informou que o Concerta é indicado para o tratamento do TDAH e deve ser usado somente sob prescrição médica. O neuropediatra e diretor médico da área terapêutica do Novartis, responsável pelo Ritalina, Marcelo Gomes, diz que o remédio é indicado diante do diagnóstico correto feito por especialista. "Os comprimidos não causam dependência. Os efeitos colaterais são pequenos, tem mais de 55 anos de mercado e é algo seguro," diz. "Os diagnósticos estão aquém do esperado, não correspondem ao percentual de crianças que precisam de se tratar."