(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas

Amazônia conectada

Bons resultados em localidades paraenses mostram como os programas de inclusão digital ajudam no desenvolvimento e na integração de regiões tecnologicamente pouco favorecidas


postado em 28/06/2012 13:40

Crianças da distante comunidade paraense de Suruacá já conhecem a internet, sabem usar o celular e entendem a importância de estar inseridas no mundo digital(foto: Fotos: Silas Scalioni/EM/D.A Press)
Crianças da distante comunidade paraense de Suruacá já conhecem a internet, sabem usar o celular e entendem a importância de estar inseridas no mundo digital (foto: Fotos: Silas Scalioni/EM/D.A Press)

O nome Connect to learn pode até parecer estranho e totalmente incompreensível para uma grande maioria de moradores, mas não resta dúvidas de que a funcionalidade do projeto e seu alcance estão mudando, para melhor, a cara e a forma de relacionamento com o mundo dos moradores da região amazônica. Mesmo que, por enquanto, de poucos milhares de habitantes e de só um pedacinho do infindável mar de florestas e rios daquela parte do Norte do Brasil.

Garantir educação moderna e fazer uso de tecnologias da informação e comunicação (TIC) para conectar salas de aula e melhorar o acesso aos recursos educacionais existentes são os principais objetivos do projeto, que está sendo implementado pela primeira vez no Brasil por meio de parceria entre a Ericsson (empresa sueca de telecomunicações) e a operadora Vivo. A comunidade de Suruacá e a pequena cidade de Belterra, na região amazônica do Pará, próximas a Santarém, são os primeiros pontos a receber a experiência.

Força transformadora O Informátic@ visitou o local e comprovou que os equipamentos e serviços de comunicação via tecnologia 3G que vêm sendo implantados lá desde 2009 funcionam bem e têm mudado a vida das pessoas no raio de abrangência das torres e antenas já instaladas, desde a forma de interação até as possibilidades de negócios de cada um. Com foco dirigido a países em desenvolvimento, as ferramentas utilizadas ajudam a promover acesso à educação de maior qualidade. Já são usadas no Chile e em locais do continente africano. “O desafio dessa ação, no entanto, está sendo implementar o projeto em uma comunidade que tem energia elétrica limitada, como é o caso de Suruacá”, diz a diretora de Sustentabilidade da Ericsson para a América Latina, Carla Belitardo.

A localidade, de aproximadamente mil habitantes, fica a cerca de três horas de barco de Alter do Chão, um distrito administrativo do município de Santarém bastante conhecido por ser um ponto turístico paraense. Cercada pela floresta amazônica, já está recebendo internet banda larga e programas de inclusão digital voltados para a educação em uma escola que mal tem energia elétrica, uma vez que a comunidade funciona à base de geradores: energia elétrica lá tem dia e hora para ser consumida.

Para Carla Belitardo, as TICs são uma força transformadora regional, ao possibilitar o acesso à educação para todas as comunidades, principalmente para as mais remotas e com baixa renda. “Para isso, faremos uso da computação em nuvem como aliada nesse cenário, além de toda expertise que temos desenvolvido ao longo de anos em soluções de tecnologia de banda larga mundo afora”, diz.

 

Ligada ao mundo

 

Usar o celular ou acessar a rede 3G da Vivo pelo smartphone, laptop ou tablet pela região abrangida pelas antenas não teve qualquer problema. Mesmo no barco que fez o trajeto entre o distrito de Alter do Chão até a localidade de Suruacá, cerca de três horas pelo Rio Tapajós, que nessa região tem em média 18 quilômetros de largura, o acesso à comunicação se mostrou rápido e eficiente. Com tanta água e matas à vista, navegar pela internet, postar uma foto no Instagram, compartilhá-la no Facebook e logo em seguida ver os comentários sobre ela se mostrou uma atividade normal, quase como se estivesse numa grande cidade.


Não é à toa que a internet está mudando a cara da localidade. Andrea Kilvia Vieira Marques, hoje monitora do telecentro de Suruacá – que atende a comunidade tanto para treinamentos de informática quanto para uso dos computadores em pesquisas –, aprendeu a trabalhar com as máquinas praticando lá e hoje vive de ensinar crianças e adolescentes. Por intermédio da informática, ela chegou, inclusive, a participar da última Campus Party, onde foi para conhecer o evento e falar sobre o trabalho realizado no telecentro amazônico. “O celular e a internet nos ligaram ao mundo. Nossa vida hoje é bem diferente aqui”, afirma.


Quem geralmente leva os cartões para a comunidade para repassá-los aos moradores é Djalma Moreira Lima, pai de oito filhos e uma espécie de líder natural local. Ele conta que, anteriormente, vivia com a esposa Margarete da venda do mel que produzia nos fundos da casa onde moram. A venda era por consignação, feita de forma indireta e dependente da ajuda dos amigos.

 

“O produto era deixado duas vezes na sede da ONG Saúde e Alegria (que por sinal tem participação ativa também nesse processo de inclusão digital na região, sendo também parceira da Vivo e da Ericsson nos projetos locais), devido à dificuldade de transporte e locomoção por aqui”, conta. Hoje, o mel passou a ser produto secundário do casal, que ampliou os negócios para o comércio de gêneros alimentícios feitos em casa, principalmente pães. “A venda agora é direta, tudo acertado com os interessados pelo celular. Hoje, o mel é levado por barco e o cliente vai buscá-lo no porto de Santarém, tudo previamente acertado. Meu volume de venda atualmente é infinitamente maior.”

 

Interiorização da saúde

 

Outro exemplo da região de como a tecnologia é essencial atualmente para a vida humana é o barco-hospital Abaré, que há seis anos atende as comunidades ribeirinhas do Rio Tapajós, no Pará. A embarcação tem uma antena direcional, que se conecta à estação rádio base 3G mais próxima. Conta ainda com aparelhos amplificadores de sinal, o que permite acesso permanente à banda larga móvel em seu interior, que é transmitida a todos os computadores via rede wireless. Com isso, médicos a bordo podem, por exemplo, se comunicar com especialistas de outras cidades quando precisam de uma segunda opinião sobre um caso e até enviar exames feitos em seu laboratório para análises em locais com maiores condições técnicas.


O Abaré visita a cada 40 dias 70 comunidades ribeirinhas, onde fica desde quatro horas até um dia inteiro (dependendo do seu tamanho). Ele é dotado de aparelho de raios X, consultório odontológico, farmácia e laboratório. “O barco é a única forma por aqui de interiorizar o acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirma Fábio Tozzi, médico e coordenador do projeto, que é gerido pela ONG Saúde e Alegria e foi financiado pela ONG holandesa Terre des Hommes. No caso do Abaré, a conexão 3G é fornecida pela Vivo, por meio de torres instaladas com a Ericsson nas cidades de Santarém e Belterra e na comunidade ribeirinha de Suruacá.


Segundo Fábio Tozzi, a experiência do Abaré será replicada em toda a Amazônia, uma vez que 100 novos barcos do tipo serão construídos, com financiamento do Ministério da Saúde e com gestão dos municípios atendidos, que irão realizar via rios o papel que o SUS não consegue fazer em terra. A iniciativa, com certeza, vai criar demanda pela instalação de novas antenas, como a da comunidade de Suruacá, nas rotas cobertas pelas embarcações. “A comunicação 3G pode não ser imprescindível para o funcionamento dos novos barcos-hospitais, pois há outras opções de comunicação, como antenas via satélite ou rádios. Mas não há dúvidas de que, se for adotada, vai representar uma segurança muito maior para a tripulação e contribui de forma significativa para a melhor precisão dos diagnósticos”, assegura.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)