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Estado de Minas

Nasa prepara o mais rico estudo sobre como se formam os furacões


postado em 22/06/2012 12:44 / atualizado em 22/06/2012 12:57

 

O comportamento dos furacões ainda é um mistério para a ciência. Embora seja possível prever quando um deles vai atingir determinada cidade, ainda é difícil dizer com antecedência o caminho dos ventos, ou adivinhar quando eles vão evoluir para precipitações mais violentas e perigosas. Buscando desvendar essa incógnita, a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) vai investigar de perto as precipitações que atacam todos os anos a Baía do Oceano Atlântico. Batizada de Sentinela de Furacões e Grandes Tempestades (Hurricane and Severe Storm Sentinel, em inglês, ou HS3), a missão vai durar até 2014.

Os estudos acompanharão a época mais intensa da temporada de furacões no Sul dos Estados Unidos dos próximos três anos. Os ciclones já começaram a se manifestar neste mês e devem perdurar até novembro. A missão tem início em agosto. O projeto conta com os mais modernos equipamentos de análise meteorológica, que verão de perto o que ocorre no olho do furacão e vão ajudar os pesquisadores a entender melhor o que faz as nuvens se converterem em tempestades tropicais.

Para chegar aos ciclones, a Nasa vai usar dois aviões não tripulados do modelo Global Hawk (GW). A equipe de pesquisa poderá comandá-los a partir de uma base terrestre ou programar a rota. Conhecidos como “aeronaves acima das tempestades”, esses aviões são capazes de voar a 19km de altitude. “Com os Global Hawks, temos um raio de ação de mais de 12 mil milhas, então podemos chegar a qualquer lugar da Bacia do Atlântico”, explica Scott A. Braun, principal pesquisador do HS3.

Enquanto um dos aviões voará sobre o furacão para recolher dados de seu interior, o outro vai monitorar as áreas próximas. As aeronaves decolarão da costa leste dos Estados Unidos rumo ao Caribe, ao Golfo do México ou a outras áreas do Atlântico. Mas o roteiro não é definitivo. “Serão cinco semanas de análises, e teremos tempo suficiente para 10 ou 11 voos. Então, vai depender das tempestades que vão ocorrer”, ressalta Braun.

As aeronaves serão equipadas com seis aparelhos diferentes. Entre eles está a dropsonda, que é literalmente jogada do céu em direção ao oceano. A máquina mede as condições do ar enquanto despenca em alta velocidade. A equipe do HS3 tem mais de 80 desses sensores. Mas a máquina essencial da missão será o HIWRAP, radar de frequência que consegue mapear os padrões de vento e chuva em um modelo de três dimensões, e será o maior responsável por explicar a variação de intensidade do ciclone.


Quebra-cabeça
Nunca houve uma missão tão longa e tão bem preparada para ver de perto as mudanças no interior das tempestades. Com a nova tecnologia, talvez seja possível revelar dados que permanecem desconhecidos. “Sabemos que a temperatura da superfície do mar transfere energia para a atmosfera. Há algumas teorias, mas a dinâmica ainda não é bem compreendida. O ponto principal é que hoje você não consegue ter informação de dentro de um furacão. A imagem dos satélites acaba prejudicada pela nebulosidade”, atesta Manoel Alonso Gan, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no Brasil.

Conhecer a dinâmica do furacão pode ajudar os meteorologistas a prever com mais precisão o comportamento das tempestades. “Quando surgiu o furacão Katrina, existiam duas trajetórias prováveis, e havia uma dúvida sobre qual delas ele iria seguir. Hoje, só conseguimos definir uma previsão com uns dois dias de antecedência”, compara Gan.

A precisão é fundamental quando se trata de tempestades violentas que podem derrubar casas e fazer milhares de vítimas – cada hora de antecedência faz toda a diferença para a preparação e evacuação da área.

A missão HS3 tenta encontrar as peças que faltam para completar o quebra-cabeça que são os furacões. Todas as observações serão consolidadas em um programa de computador. Com dados detalhados do maior número possível de precipitações, será possível aperfeiçoar os modelos numéricos que auxiliam os meteorologistas. “Já existe uma capacidade extraordinária. Não é necessário mudar a fórmula, e sim melhorá-la. Quanto mais você conhecer, mais precisão você tem”, esclarece Luiz Cavalcanti, chefe do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Atualmente, para saber o clima com muita antecedência, é feita uma previsão por conjuntos. O computador roda mais de 50 cenários, baseado em diversas possíveis variações, e os compara para chegar a um consenso, que nem sempre é exato. “O objetivo do avião é colher dados numa situação muito mais dinâmica e detalhada”, especula Cavalcanti.

Com uma quantidade considerável de dados, talvez seja possível esclarecer se as variações de intensidade e de direção dos furacões depende mais de mudanças do ambiente ou de um processo interno da tempestade.

Entre os mistérios a serem desvendados pelos norte-americanos, está a participação dos ventos do Saara na formação de furacões a mais de 7 mil quilômetros da costa africana. Há diversas hipóteses sobre como o ar quente e seco do deserto influencia na criação de furacões ao se encontrar com a atmosfera fresca a úmida do oceano. No entanto, até hoje não se chegou a uma conclusão.

 


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