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Estado de Minas

Óleos ricos em ácidos graxos previnem o câncer

Estudo da Universidade Federal de Viçosa mostra que substituir tipo de óleo usado na dieta alimentar pode evitar tumor de intestino


postado em 07/05/2012 08:50 / atualizado em 07/05/2012 09:00

(foto: MARCOS MENDES/AE)
(foto: MARCOS MENDES/AE)
Incluir os óleos de linhaça, oliva e peixe na alimentação, mesmo que em pequena quantidade, pode ajudar a prevenir o câncer de intestino. É o que constatam estudos do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Viçosa, na Zona da Mata mineira. Na pesquisa, foi testada a influência desse tipo de alimentação nas mucosas intestinais. O resultado foi que os componentes desses óleos, diferentemente do de soja – o mais usado na mesa dos brasileiros – reduzem as chances de inflamações e de a pessoa desenvolver células cancerosas. O câncer de intestino, ou do cólon e do reto, é o terceiro tipo mais comum nos homens e o segundo entre as mulheres. Também a terceira causa de morte no mundo, depois dos de mama e pulmão. Somente neste ano, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estimam-se 30 mil novos casos da doença.

A nutricionista e doutora em bioquímica da nutrição Maria do Carmo Peluzio trabalha na linha de pesquisa do efeito dos lipídios no organismo para a prevenção de doenças, principalmente ácidos graxos polissaturados, como ômega 3 e ômega 9. Ela explica que a alimentação, além da genética do indivíduo e de fatores como sedentarismo, consumo de produtos tóxicos ou alguns medicamentos, é um importante fator que pode levar ao câncer intestinal. A falta de fibras, por exemplo, pode ser um fator de pré-disposição à doença. “Esse é um dos tipos de câncer em que o hábito alimentar influi muito. Tirando o fator familiar, é o que mais influencia”, pondera.

Por esse motivo, a pesquisa comparando os óleos de soja, linhaça, oliva e peixe foi feita no sentido de observar os efeitos de cada um deles. Para isso, a pesquisadora usou 30 ratos, durante 72 dias. O experimento avaliou o uso de alimentos que contêm os ácidos graxos ômega 3 e ômega 9 para analisar se eles poderiam auxiliar na reversão do início do processo de proliferação de células cancerosas. Além disso, os pesquisadores, coordenados por Maria do Carmo Peluzio, verificaram seus efeitos para prevenir a incidência de proteínas que auxiliam na formação de um código genético que leva ao câncer.

O que se observou foi que não houve nenhuma diferença no ganho de peso ou na eficácia alimentar, mas no controle do colesterol total e na mucosa do intestino, os demais óleos tiveram melhores efeitos do que o de soja para a qualidade da saúde. Conforme o estudo, esses ácidos graxos inibem a ativação de processos inflamatórios. “O azeite de oliva, o óleo de peixe e o óleo de linhaça, ou mesmo os peixes de água gelada, como o atum e a sardinha, são alimentos ricos nesses ácidos graxos que podem prevenir o câncer. É comum, hoje em dia, as pessoas sentirem a “lipofobia”, o medo de lipídios na dieta, mas elas se enganam. Afinal, os ácidos graxos compõem o lipídio e ingeridos de forma moderada trazem vários benefícios para a saúde, além dos comprovados pela pesquisa”, recomenda.

O óleo de soja foi usado como controle, por ter consumo majoritário na alimentação do país. Os de peixe, linhaça e oliva por serem fontes importantes de ômega 9 e ômega 3. “O óleo de soja é rico em ômega 6. Na literatura médica, o ômega 3 e os ácidos graxos têm ação mais anti-inflamatória, enquanto o ômega 6 é mais pró-inflamatório. Não é que ele ative a inflamação, mas ele vai ativar a produção de moléculas que têm maior tendência à inflamação”, explica Maria do Carmo. Por esse resultado do estudo, a pesquisadora indica a substituição dos óleos no cardápio alimentar: ou seja, reduzir o consumo de óleo de soja e aumentar o uso dos de linhaça, oliva e peixe.

Comercialização
Mas essa troca pode esbarrar no problema da comercialização. Enquanto o óleo de soja é vendido em grande escala nas redes de supermercado, os que contêm os ácidos graxos são mais difíceis de achar. O óleo de peixe é geralmente consumido em cápsulas, encontrado em farmácias. Já o óleo de linhaça tem suas propriedades presentes no farelo de linhaça, também encontrado em mercados, farmácias da manipulação e lojas de produtos naturais. Todos devem ser misturados à dieta. Pode ser no feijão, no iogurte, na salada de frutas ou em outra composição.

Além de ser comprovado que o ômega 3 e o ômega 9 são agentes na prevenção do câncer de intestino, a cientista alerta que uma dieta equilibrada de ácidos graxos é importante para prevenir doenças crônicas como a aterosclerose (doença inflamatória crônica na qual ocorre a formação de placas nas paredes dos vasos sanguíneos). O próximo passo da pesquisa da Federal de Viçosa é testar a quinoa, um grão rico em ômega 3 e também altamente cicatrizante. Os pesquisadores estão avaliando se a ingestão do alimento traz um benefício extra, o da cicatrização interna, e se a quinoa atua na produção de proteínas auxiliares na recuperação do ciclo celular e no impedimento da produção de células mutáveis.

De acordo com o Inca, somente este ano são esperados 14.180 novos casos de câncer do cólon e reto em homens e outros 15.960 em mulheres no Brasil. Ou seja, estão em risco 15 em cada 100 mil homens e 16 em cada 100 mil mulheres. O câncer do intestino é o segundo mais frequente na região Sudeste e o terceiro nas regiões Sul e Centro-Oeste. A doença tem chances de cura se diagnosticada nos estágios iniciais. De acordo com estudo do Inca, a sobrevida média é de 5 anos em 55% dos casos nos países desenvolvidos e 40% nos em desenvolvimento. As taxas de mortalidade são maiores entre os homens.

Fique alerta aos sintomas da doença
Para obter um diagnóstico precoce da doença, segundo o Instituto Nacional do Câncer, são usadas a pesquisa de sangue oculto nas fezes e métodos endoscópicos, que podem encontrar e remover os chamados pólipos adenomatosos colorretais (precursores do câncer do cólon e reto e de tumores em estágios iniciais). Os sintomas do câncer de intestino são vagos, nos estágios iniciais podem não aparecer. Em fases avançadas, a doença pode ser detectada pela anemia, cólicas, dores abdominais, náuseas e vômitos, prisão de ventre ou diarreia. Até mesmo sangramento intestinal pode ocorrer.


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