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Estado de Minas

A viagem da imaginação

Com estilo de jogo minimalista, visual belíssimo e trilha sonora perfeita, a aventura ao topo de uma montanha brilhante emociona e provoca sensações diversas nos jogadores


postado em 03/05/2012 09:26

(foto: FOTOS: Sony/Divulgação)
(foto: FOTOS: Sony/Divulgação)
O encapuzado acordou no meio de um deserto, com o vento soprando os infinitos grãos de areia. Onde estava? De onde tinha vindo? Por que foi parar ali? As questões pairavam na sua cabeça quando subiu uma duna e avistou uma montanha, cujo topo brilhava tanto quanto o sol. Naquele momento, sabia que ir até lá era a melhor chance de encontrar as respostas. Mas, à medida que se aproximava de seu destino, a quantidade de perguntas só aumentava. O que ele era? Por que continuava a andar? E o que encontraria no fim da estrada?

Jogar o título digital Journey, cujo início é descrito pelo parágrafo acima, é isso: ter mais dúvidas do que certezas durante praticamente toda a aventura. Mas, ao contrário do encapuzado que está em busca de autoconhecimento, você pode encontrar as respostas dentro de si. O game do estúdio norte-americano thatgamecompany, lançado em março (na PlayStation Network, é provavelmente a experiência mais pessoal já vista no meio. Você poderia colocar 10 pessoas para jogá-lo e teria 10 explicações diferentes. Apesar de apresentar cenários, personagens e trama, o jogo pede que você encontre o significado do enredo na própria imaginação.

São três comandos: andar, pular e emitir sons. As habilidades estão relacionadas. Para pular, você precisa de uma energia luminosa, armazenada no cachecol embutido no capuz. Ela pode ser obtida entrando em contato com vários seres de pano que estão pelo caminho. Para chamar a atenção deles, você precisa emitir sons. Tudo isso é ensinado em menos de cinco minutos de jogo, e sem nenhuma palavra. Journey é um jogo completamente sem falas e textos e ainda assim consegue evocar mais sentimentos que a maioria dos enredos complexos dos games de hoje.

O primeiro deles é o deslumbramento, por conta das incríveis vistas que oferece. Mesmo que você já tenha terminado o jogo, é difícil não parar por um tempo para observar o cenário em volta do personagem – e ele até senta, como se estivesse esperando o jogador. O mais interessante é que Journey não pede para ser apreciado. Suas paisagens simplesmente estão lá e, ao passar pelas dunas do deserto ou por um templo abandonado, é impossível ficar indiferente.

A sensação de descoberta e contemplação é amplificada pela trilha sonora, que, apesar de discreta, é tão importante quanto o visual. Uma cena define perfeitamente esse conceito: pouco depois do começo do jogo, depois de passar por ruínas antigas, há uma longa descida pela areia, que parece brilhar com o reflexo do pôr do sol. Você não precisa andar para frente, pois seu personagem escorrega sozinho, mas é necessário dar um pulo para começar a deslizar. A música, que é calma, se agita no momento em que você toca o solo e atinge o ápice exatamente na hora em que a ação culmina em um penhasco. E esse é só um exemplo dos vários momentos em que o jogo trabalha dessa forma.

Detalhes
A obsessão por um design de jogo acessível e artisticamente bem trabalhado é marca da thatgamecompany. Em Journey, eles conseguiram refinar essa ideia, que já havia servido de base para o título de estreia Flow (2006) e, principalmente, Flower (2009). Apesar de terem temas diferentes – no primeiro, você ajuda um micro-organismo a se expandir e, no segundo, você controla o vento e usa pétalas para desabrochar outras flores – é fácil detectar as semelhanças de estilo e os padrões que representam a filosofia do estúdio.

A principal diferença entre Journey e seus antecessores é o personagem com forma humana. Ele não só serve como um ponto para ligar você à jornada, mas também é a base para um dos conceitos mais inovadores e interessantes de multiplayer. Se você começa o jogo conectado à PlayStation Network, outros jogadores aparecem no cenário com você. Entretanto, o game não avisa que eles começaram a jogar. Eles simplesmente surgem, como se já estivessem ali há muito tempo.

Não é possível saber quem são seus companheiros de aventura e a única forma de se comunicar com eles é emitindo os mesmos sinais usados para pedir ajuda às criaturas de pano. E só isso já é capaz de tornar a experiência de cada jogador ainda mais pessoal. No teste do Informátic@, por exemplo, encontramos um bom samaritano que, durante duas etapas do caminho ao topo da montanha, nos guiou por praticamente todos os símbolos luminosos.

A característica mais marcante de Journey é, sem dúvida, a capacidade de passar um número enorme de experiências e sensações, com uma estrutura de jogo absurdamente simples e uma duração relativamente curta – é possível terminá-lo em duas horas, sem pausas. Ele pode ser uma experiência transcendental sobre a passagem da vida, ou pode ser aquele joguinho em que você escala uma montanha, ou muitas outras definições entre esses dois extremos. E, mesmo assim, qualquer experiência na travessia até a montanha brilhante terá algo belo a oferecer.

Sucesso instantâneo
Apenas duas semanas depois do seu lançamento, Journey quebrou o recorde de vendas da PlayStation Network e se tornou o lançamento mais bem-sucedido da história da rede. O anúncio foi feito pelo diretor de criação do jogo, Jenova Chen, no blog oficial do console da Sony. Entretanto, ele não divulgou exatamente quantas cópias digitais o game vendeu.

Avaliação
Jogabilidade
Entretenimento
Gráficos
Som

» Produção: Sony Computer Entertainment
» Desenvolvimento: thatgamecompany
» Plataforma: Exclusivo para PlayStation 3
» Número de jogadores: 1 (single-player)
» Preço: R$ 30,99


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