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Estado de Minas

Atletas virtuais

Campeonatos ricos em patrocínios e premiação reúnem adeptos no mundo inteiro. Em BH, cena de gamers se fortalece e ganha espaço a partir de eventos cada vez mais concorridos


postado em 26/01/2012 11:04

A comunidade mundial de gamers é enorme e pode dar suporte aos campeonatos(foto: Marcos Vieira/EM/D. A Press)
A comunidade mundial de gamers é enorme e pode dar suporte aos campeonatos (foto: Marcos Vieira/EM/D. A Press)
No lugar de chuteiras, botões. Em vez de luvas de boxe ou espadas afiadas, os lutadores se protegem atrás de mouses, teclados e controles. Assim competem os atletas virtuais, que, com dedos velozes e habilidosos, colocam toda a sua experiência em prática para levarem a melhor em cima de seus adversários. Estudantes, gerentes, funcionários e empresários se transformam em jogadores de futebol e personagens de outro mundo para serem os melhores em vários games famosos. Levar a competição do real para o virtual é coisa séria e campeonatos desse tipo movimentam muito dinheiro. E quem se atreve a ser campeão nessas batalhas pode levar um belo prêmio para casa.

Inúmeros são os campeonatos on-line e off-line de jogos de luta, esporte, estratégia e shooters e incrível é a quantidade de dinheiro reservada para premiações. De acordo com a Programing Tours (PGT), especializada em prover informações sobre eSports – ou esportes virtuais – para atletas virtuais, em 2011, a desenvolvedora Blizzard Entertainment distribuiu mais de US$ 2,5 milhões em torneios do Starcraft II. Mas a empresa não para por aí: em 2012 Starcraft II poderá ser o primeiro jogo a ter uma premiação de US$ 10 milhões. No Brasil, um campeonato em local area network (LAN) do jogo acontecerá entre 6 e 12 de fevereiro, no Campus Party, em São Paulo. Serão US$ 21 mil divididos entre os 16 melhores jogadores do mundo.

Esses gamers são verdadeiros atletas. Treinam movimentos e estratégias todos os dias e destrincham o jogo do começo ao fim para entender todo o funcionamento e as brechas possíveis. Na Stadium Games, loja especializada em jogos e HQs em Belo Horizonte, toda sexta-feira a partir das 16h é dia de treinamento para os competidores mineiros. Entre amigos, eles jogam uma tarde inteira sem parar. Rafael Lourenço Navarro, de 28 anos, é proprietário do local há quatro anos e promove campeonatos de jogos de luta – Street Fighter 3: Third Strike, Street Fighter 4, Marvel vs Capcom 3 e Mortal Kombat – várias vezes ao ano. Nos eventos acontecem disputas de dois ou três jogos e reúnem de 30 a 40 combatentes por vez. “Com o dinheiro arrecadado pelas inscrições fazemos a premiação. Metade do montante vai para o campeão”, explica Rafael. O próximo campeonato será em 29 de janeiro. Ele divulga os acontecimentos pelo site www.hitconfirm.com.br e pelo Facebook da loja.

Um desses atletas é Tiago Souza, de 27, gerente. Ele compete há cinco anos e diz que se sai melhor no Third Strike. Sempre viajando para São Paulo e Rio de Janeiro para competir, em 2011 ficou em 2º lugar na última competição nacional do ano. “Jogo sempre com o Akuma, e perdi para um paulista que estava jogando com um personagem exclusivo dessa versão do Street Fighter, o Necro”, lembra Tiago. De acordo com o gerente, os campeonatos são bem equilibrados, pois não há um jogador melhor que os outros de forma disparada, sempre há rotatividade de campeões.

Fernando Castro de Souza Santos, de 25 anos, campeão do primeiro campeonato mineiro do antigo Winning Eleven, realizado em 2004, sempre compete nos campeonatos do esporte em Minas Gerais, promovidos pela Federação Mineira de Futebol Virtual (FMFV). O jogo oficial agora é o Pro Evolution Soccer (PES), “filho” do Winning Eleven, ambos desenvolvidos pela japonesa Konami. “Quem organiza também se diverte, já que todo mundo ama futebol virtual”, conclui Marcelo Starling Mol, empresário e presidente da federação. Os torneios maiores reúnem cerca de 340 pessoas e duram um fim de semana inteiro. As premiações são bem generosas, como motos ou R$ 5 mil. “São ao todo 70 afiliados na FMFV, mas qualquer um pode se inscrever. Ano passado o campeonato mineiro aconteceu em um shopping e foi patrocinado em R$ 40 mil”, conta Marcelo. A próxima competição será dias 4 e 5 de fevereiro.

Nível alto
A motivação para competir vem do desafio e da diversão. “Todos são conhecidos, então já vão se formando as rivalidades e parcerias, o que deixa tudo mais emocionante”, diz Frank Matheus Sampaio Moreira, de 30, gerente de projetos e diretor da FMFV. Ele compete desde 2005 e já enfrentou três disputas nacionais, que começaram em 2006. O nível dos torneios no Brasil é muito alto, os jogadores são muito competentes, segundo Frank.

Viver videogames na vida adulta é a imagem no espelho de uma infância regada a muito Mario Bros, Sonic e Legend of Zelda. O Mega Drive de João Penna, de 26, estudante de computação, ainda funciona, tamanho é o esmero pelo console. Rafael joga desde 1992 e teve um Master System, já seu irmão mais velho se entretia no “vovô” Atari. Inclusive competir não deixa de ser divertido e é uma forma de relembrar os velhos tempos. “Todos nós começamos jogando com amigos quando éramos crianças. Foram milhares de partidas”, diz Fernando Castro.

O fortalecimento dos grupos é importante para que as competições continuem e ganhem mais apoio. “A comunidade mundial de gamers é enorme e pode dar suporte para esse tipo de acontecimento. Mas o Brasil é fraco em divulgação. Há um público grande, mas não é atendido, por causa da grande taxação sobre jogos”, reclama Rafael. (Com Raphael Pires)


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