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Estado de Minas

Acordo permite produção de vacina combinada para sete doenças

Ministério da Saúde assina acordo com Fiocruz, Butantan e a mineira Funed para produzir vacina heptavalente. Hoje, lança imunização contra cinco males


postado em 18/01/2012 07:51 / atualizado em 18/01/2012 07:58

(foto: Arte D.A Press)
(foto: Arte D.A Press)
 

A logística necessária para estabelecer um cronograma de imunização em um país com as dimensões do Brasil é bastante complexa. O desenvolvimento de vacinas que protegem contra várias doenças em uma só dose, além de simplificar o processo, reduz significativamente os custos. As vacinas combinadas – pentavalente, que será lançada às 15h de hoje em Brasília, na sede do Ministério da Saúde (MS), e a heptavalente, que começará a ser produzida a partir de um acordo de cooperação técnico-científica a ser assinado no mesmo evento –, são inéditas no país e resultados dessa estratégia, que visa também fortalecer os laboratórios públicos nacionais.

A pentavalente, que imuniza contra cinco doenças – difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite B –, foi desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, e pelo Instituto Butantan, de São Paulo. Já a heptavalente será produzida a partir de uma combinação de vacinas já existentes, desenvolvidas pela Fiocruz, pelo Butantan e pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), instituição de pesquisa ligada ao governo de Minas Gerais. A tríplice bacteriana (DTP), contra difteria, tétano e coqueluche, e a HepB, contra hepatite B, são de responsabilidade do Butantan. A vacina da poliomielite inativada (IPV) e a Hib, contra a influenza tipo B, são da Fiocruz. Por sua vez, o componente relativo à vacina MenC, contra a meningite C, será produzido e fornecido pela Funed, cuja sede está em Belo Horizonte.

Homero Jackson de Jesus Lopes, chefe de gabinete da Funed e membro do comitê gestor da vacina, explica que o acordo é uma proposta das secretarias de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) e de Vigilância em Saúde (SVS) do ministério e tem vigência de cinco anos. “A previsão é de que até 2017 a heptavalente passe a fazer parte do calendário de vacinação brasileiro, sendo distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na reunião de hoje em Brasília será proposto o plano de trabalho com prazos e responsabilidades para cada um dos laboratórios envolvidos. Trata-se de algo demorado por envolver muita tecnologia e conhecimento que precisa ser internalizado nos institutos”, acrescenta Homero.

(foto: Arte D.A Press)
(foto: Arte D.A Press)

A partir da assinatura do acordo, em até um mês será criado um comitê técnico-científico para o desenvolvimento das etapas de trabalho, envolvendo representantes dos três laboratórios. Cada um deles deve fornecer gratuitamente as quantidades necessárias dos componentes da vacina heptavalente, além de toda documentação técnica disponível para formular, envasar e realizar os testes de controle necessários ao processo.

Segundo Lopes, as doenças escolhidas para serem imunizadas nessa vacina inédita estão entre as mais prevalentes no país e foram definidas pelo Ministério da Saúde. Tanto a heptavalente quanto a pentavalente atendem o Programa Nacional de Imunizações (PNI), que faz parte da Política Nacional de Desenvolvimento de Fármacos do ministério. Por meio dessa política, são incentivados o desenvolvimento e a produção dos medicamentos estratégicos de alto custo pelos laboratórios oficiais e também a parceria entre laboratórios privados e públicos para a nacionalização da produção de drogas, por meio de transferência de tecnologia.

Inserida nessa política, a Funed já firmou parcerias anteriores, como na produção do Tenofovir, medicamento usado no tratamento da Aids, e também em relação à vacina contra a meningite C. Em 2009, foi assinado um acordo com o laboratório privado Novartis, que dominava a produção dessa vacina e transferiu o conhecimento à Funed – que ainda não produz a vacina independentemente, mas está em uma das fases conclusivas. Desde 2010 a fundação mineira é responsável por fornecer as doses anuais da vacina contra a meningite C para atender o calendário nacional de imunização.

Resposta imunológica

Para o virologista Paulo Miche Roehe, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, além das vantagens logísticas e econômicas, as vacinas combinadas são mais confortáveis para quem as recebe e significam menos inoculações, ou seja, menos introdução de vírus no corpo humano para fins de imunização.

De acordo com o especialista, não há problema em inocular vários antígenos – que provocam uma resposta imunológica com formação de anticorpos – em uma só vacina, desde que os imunológicos sejam administrados em quantidade adequada. “Nosso organismo é capaz de lidar com diferentes antígenos, especialmente pelo fato de cada um ser reconhecido por linfócitos distintos”, explica. Os linfócitos são um tipo de glóbulo branco do sangue que produzem anticorpos para combater organismos estranhos e defendem o corpo de possíveis doenças. Em relação à escolha das enfermidades a serem imunizadas com a vacina heptavalente, Roehe acredita se tratar de uma combinação útil e interessante sob o ponto de vista da saúde pública. “Apesar de a poliomielite já estar em erradicação no país, são doenças importantes para a imunização de jovens.”

 


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