(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas

Paleontólogos descobrem no Triângulo Mineiro crocodilo pré-histórico


postado em 29/05/2011 08:11 / atualizado em 29/05/2011 08:20

Pesquisador Luiz Carlos Ribeiro mostra crânio do Campinasuchus dinizi, o mais primitivo crocodilo a habitar o país(foto: L. Adolfo/FONSECA PRESS)
Pesquisador Luiz Carlos Ribeiro mostra crânio do Campinasuchus dinizi, o mais primitivo crocodilo a habitar o país (foto: L. Adolfo/FONSECA PRESS)
 

Ainda empolgados por terem encontrado, na sexta-feira, o fêmur de 1,45 metro do maior titanossauro brasileiro já descrito, o Uberabatitan ribeiro, na região de Serra da Galga, às margens da BR-050, entre Uberaba e Uberlândia, no Triângulo Mineiro, paleontólogos compartilham com a comunidade científica mundial, em artigo na revista especializada Zootaxa, um novo animal. Encontrado em Campina Verde, a 676 quilômetros de Belo Horizonte, também no Triângulo, o crocodilo Campinasuchus dinizi seria o mais primitivo do grupo de crocos que habitou o Brasil, com cerca de 90 milhões de anos.

A descoberta foi feita em dezembro de 2009, mas só agora vem à tona, devido aos estudos e todo o minucioso processo de descrição de uma nova espécie, ainda mais se tratando de um fóssil tão antigo. A ideia do grupo de pesquisadores é apresentá-lo com pompa e circunstância, inclusive com um filme especial em 3D, em uma inovação tecnológica para a difusão da paleontologia nacional, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que participou ativamente dos trabalhos.

Segundo o paleontólogo e pesquisador da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Luiz Carlos Borges Ribeiro, o crocodilo foi achado na Fazenda Três Antas, em Honorópolis, distrito de Campina Verde. “O proprietário, Amarildo Queiroz, veio até nós, porque sabia que trabalhávamos com animais pré-históricos, dizendo que havia achado uns ossos estranhos, como se fosse de um animal qualquer. Fomos até lá e nos deparamos com o que estamos considerando ser um novíssimo sítio paleontológico, o mais novo “Lagerstatten” continental brasileiro. Isso porque ele tem alta concentração de fósseis em bom estado de preservação, materiais completos, articulados e que nos contam detalhes da história biológica da vida durante o Cretáceo Superior”, explica Borges Ribeiro, que integra o grupo de pesquisadores que descreveram o Campinasuchus e é diretor do Centro Llewellyng Ivor Price e do Museu dos Dinossauros do Complexo Científico Cultural de Peirópolis/UFTM, que congrega a extinta Rede Nacional de Paleontologia.

Segundo ele, o ambiente denota uma mortandade em massa de animais, provavelmente advinda de momentos de estresse térmico e total ausência de água em períodos de extrema aridez da bacia. Sob o ponto de vista geológico, Campina Verde integra a Bacia Bauru, formação de aproximadamente 90 milhões de anos. O Campinasuchus dinizi é da família dos baurusuchideos, crocodilos terrestres predadores. O fóssil encontrado no Triângulo não ultrapassa 1,80 metro, mas há espécies da família encontradas no Brasil, como os Baurusuchus (B. pachecoi; B. salgadoensis; B. albertoi) e o Stratiotosuchus maxhechti, que chegavam a três metros de comprimento.

“Pelo o que conseguimos avaliar, o Campinasuchus era uma animal essencialmente terrestre, comprovado pelos membros longos e retos, olhos laterais, narinas frontais, cauda cilíndrica e curta, o que o tornava mais leve e ágil”, diz. O crocodilo se alimentaria de fragmentos de rochas. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão devido à presença de peças na porção abdominal do fóssil, de provável composição alcalina. “A associação dos fósseis a grande quantidade de fragmentos de rochas vulcânicas abre novas perspectivas para a datação dos eventos biológicos e físicos que ocorriam nesse momento naquela região de Minas”, acrescenta o pesquisador. O estudo teve patrocínio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais e do Rio de Janeiro (Fapemig e Faperj), UFTM, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Henkel.

Dente de carnívoro

Na retomada das escavações no sítio paleontológico da Serra da Galga, interrompida por causa de chuvas do início do ano, os cientistas tentam encontrar mais fragmentos que compõem o esqueleto do Uberabatitan ribeiroi. O fêmur encontrado sexta-feira está aflorando na rocha e só deve ser removido terça-feira para o laboratório. “A peça é um ponto-chave para nós, pois não tínhamos o fêmur completo. Se for necessário, até faremos alguma correção na réplica que fizemos do Uberabatitan”, conta, estusiasmado, Luiz Carlos Ribeiro, que coordena o Centro Llewellyng Ivor Price, localizado no sítio paleontológico de Peirópolis, na zona rural de Uberaba, e está à frente dos trabalhos de pesquisa há exatos 20 anos.

Os primeiros fósseis do titanossauro foram achados em 2004 e, em 2009, foram apresentados à comunidade científica. Na semana passada, foram encontrados dentes de carnívoros, um fóssil de uma tartaruga e algo que pode ser uma carapaça de crocodilo ou um peixe, o que pode render novas descrições de animais da Era dos Dinossauros.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)