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Estado de Minas

Lula joga 'uma bomba" no colo do PT de Minas

Lula conduz pessoalmente a filiação de Josué Gomes da Silva ao PMDB, surpreende petistas e peemedebistas mineiros e pode influenciar a formação da chapa ao governo


postado em 02/10/2013 07:26 / atualizado em 02/10/2013 07:31

Filiação do empresário Josué Gomes da Silva ao PMDB foi prestigiada pelo ex-presidente Lula e pelo vice-presidente da República, Michel Temer (foto: Carlos Moura/CB/D.A Press)
Filiação do empresário Josué Gomes da Silva ao PMDB foi prestigiada pelo ex-presidente Lula e pelo vice-presidente da República, Michel Temer (foto: Carlos Moura/CB/D.A Press)

A filiação do empresário Josué Gomes da Silva ao PMDB abriu uma grave crise que atingiu tanto os petistas quanto os peemedebistas mineiros. Toda a operação foi comandada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou a discursar em encontro no Palácio do Jaburu, do vice-presidente Michel Temer. O presidente licenciado do PMDB mineiro, Antonio Andrade, ministro da Agricultura da presidente Dilma, não esteve presente e só ficou sabendo o que estava acontecendo depois do fato consumado. Já os aliados do ministro Fernando Pimentel (PT), de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, resumem bem a situação: “Caiu uma bomba no colo do Pimentel”. Trocando em miúdos, Josué, com a bênção de Lula, pode até vir a ser candidato ao governo de Minas.

Nessa terça-feira em Brasília, momentos depois de Josué seguir para a liderança da Câmara dos Deputados para assinar a ficha de filiação, o ministro Antonio Andrade recebia em seu gabinete o deputado federal Geraldo Resende (PMDB-MS), que é mineiro mas se elegeu pelo Mato Grosso do Sul. “Foi uma surpresa, é boa para o PMDB, vamos ver o que acontece”, foram as primeiras palavras de Andrade sobre o assunto. Depois de citar o ex-presidente Lula, o ministro de Dilma foi mais incisivo: “Tem um ano pela frente ainda, a política dá muitas voltas”.

Antonio Andrade, à medida que ia falando, deixava claro o descontentamento que seus companheiros de partido descreviam sem dar as caras. “Este é o momento de filiar, não tem este compromisso de vaga na chapa, de candidatura ao governo. Só tem o compromisso de ser companheiro.” O problema é que o “companheiro” Lula está um passo à frente dos mineiros do PMDB e do PT. Foi ele quem operou diretamente a filiação de Josué e fez com que ela fosse feita em Brasília.

Além disso, o ex-presidente não confia muito na candidatura de Fernando Pimentel ao governo do estado no ano que vem. Daí o jogo com Michel Temer. Lula aposta na candidatura alternativa de Josué Gomes da Silva na briga pelo comando do Palácio da Liberdade. Tanto que foi Lula quem operou para que as opções do empresário não fossem o PSD e o PRB, partido a que seu pai, o vice-presidente José Alencar, era filiado. “Precisamos de uma alternativa mais sólida”, disse Lula a alguns interlocutores.

Os aliados de Fernando Pimentel não escondem que foram surpreendidos com o que chamam de “uma atuação tão intensa do ex-presidente Lula”. É que o próprio Josué suspendeu as conversas sobre a chapa com o ministro de Dilma, chegou a dizer que era melhor deixar a filiação para depois do prazo que permite a candidatura no ano que vem. “Eu posso ajudar, mas sou muito novo ainda.” Depois disso, não houve mais contatos efetivos para discutir a composição da chapa. Por isso Pimentel abriu as negociações com o ministro Antonio Andrade.

Nessa terça-feira, no Palácio do Jaburu, pouco antes do ato de filiação de Josué Gomes da Silva, Lula fez questão de rasgar elogios ao seu novo pupilo: “O Josué tem uma coisa que acho que é nobre neste momento político: ele aprendeu com o pai dele e tem consciência das mudanças que precisam acontecer neste país”, disse. (Colaborou Luiz Ribeiro)

Quem foi

No Palácio Jaburu, do vice-presidente Michel Temer (PMDB), estavam presentes Josué, Lula, o presidente em exercício do PMDB mineiro, Saraiva Felipe, o deputado Mauro Lopes, o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), cotado para assumir o Ministério da Agricultura. No ato de filiação na Câmara dos Deputados, já sem Lula e Temer, estava presente o senador Clésio Andrade (PMDB-MG).


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