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Estado de Minas

Partidos recém-criados fazem de tudo para atrair parlamentares

O Pros oferece o comando da sigla nos estados, com liberdade para o deputado acertar alianças políticas e acesso ao tempo de televisão


postado em 27/09/2013 10:24 / atualizado em 27/09/2013 10:30

Eurípedes Júnior, presidente do Pros, é dono de uma van e de um campo sintético de futebol (foto: jANINE mORAES Janine Moraes/CB/D.A Press )
Eurípedes Júnior, presidente do Pros, é dono de uma van e de um campo sintético de futebol (foto: jANINE mORAES Janine Moraes/CB/D.A Press )

Oficializados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na noite de terça-feira, o Partido Republicano da Ordem Social (Pros) e o Solidariedade iniciaram ontem a corrida para filiar parlamentares e encher os cofres das novas legendas com o Fundo Partidário, financiado com recursos públicos. Para atrair políticos, oferecem acesso ao tempo de televisão, ao próprio fundo e, no caso dos deputados federais, o comando do partido nos Estados. O Solidariedade já conta com 23 deputados (leia mais na página 3). O Pros, cujo comando é dividido entre o proprietário de campo de futebol de grama sintética e de uma van para transportes urbanas (Eurípedes Júnior) e um construtor que se diz falido (Henrique José Pinto), espera chegar aos 30 deputados em breve. “São políticos que estão insatisfeitos com a alta carga tributária do país”, disse o presidente da legenda, Eurípedes Júnior.

O mesmo Eurípedes que garante uma cruzada contra os impostos abusivos e promete salário mínimo de US$ 1 mil e gasolina a R$ 1, declarou à Justiça Eleitoral não ter bens durante as campanhas de vereador pelo PSL em Planaltina de Goiás, em 2008, e de deputado estadual pelo PRP, em 2010. O político aparece relacionado a duas empresas de transporte rodoviário: a Rebeca Tur, coletivo de passageiros, com itinerário fixo e municipal, e a que leva o sobrenome Júnior, com itinerário fixo e interestadual. Ao Correio, Júnior afirmou que não declarou os bens porque tinha apenas uma van, autônoma, e que isso não seria necessário, de acordo com a lei. “Eu também me desfiz do campo”, completou.

Já o presidente de honra do partido, Henrique José Pinto, foi candidato a vereador em Planaltina de Goiás no ano passado pelo PSC, mas não conseguiu se eleger. Ele é dono da construtora HPE, que responde a mais de 20 processos judiciais no Tribunal de Justiça do Distrito Federal por atrasar obras. “Faltou dinheiro para concluir as obras e eu acabei vendendo os projetos para outra construtora, o ativo e o passivo. Continuo com a empresa, mas ela está inativa há mais de quatro anos”, disse Henrique.

O Pros começa com planos ousados. Além de buscar a filiação de 30 deputados, tem negociado com parlamentares e políticos de destaque. No Ceará, por exemplo, é dada quase como certa a filiação do governador Cid Gomes e do secretário estadual de Saúde, Ciro Gomes. “Nós tivemos uma boa conversa na semana passada. Ontem (terça-feira), o governador reuniu o grupo político dele. Na sexta-feira, devemos ter uma nova conversa”, completou o presidente do partido.

“Estímulo”


Os irmãos Gomes têm negociado com Eurípedes há um bom tempo. Sem clima no PSB após a decisão do partido de apoiar a candidatura de Eduardo Campos (governador de Pernambuco) à Presidência da República no ano que vem, Cid e Ciro têm estimulado, inclusive, deputados e vereadores a mudarem para o novo partido.
Eurípedes explicou que o Pros já tem os 10 diretórios formais exigidos pelo TSE: Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Alagoas, Amazonas, São Paulo, Tocantins e Amapá. Aos deputados federais que concordarem filiar-se à nova legenda, Eurípedes oferece o controle do partido no estado, o que, em tese, dá carta branca para o parlamentar negociar acordos políticos com governadores e deputados estaduais nas eleições de 2014.

Estão nesta situação pelo menos 10 estados. Em Minas Gerais, por exemplo, a legenda será presidida pelo deputado Ademir Camilo, hoje no PSD. Camilo é suspeito de intermediar acordos entre os prefeitos mineiros e o Instituto Mundial de Desenvolvimento e da Cidadania (IMDC). Procurado, ele não retornou as ligações. Na Paraíba, a legenda será presidida pelo deputado Major Fábio, que deixou o DEM e quer se candidatar ao governo estadual. “Posso garantir que o comando do novo partido é formado por pessoas de bem e muito simples”, disse Fábio.
Em Goiás, o Pros recebeu a ajuda do novo filiado do PMDB, José Batista Júnior, o Júnior da Friboi. Alguns políticos afirmam que o empresário ajudou financeiramente na construção do partido. Eurípedes nega. “O Júnior é meu irmão e me ajudou muito na coleta de assinaturas, na conversa com deputados e vereadores. Mas garanto que ele não colocou um centavo nesse projeto”, assegurou o presidente do partido.

O presidente de honra do partido, Henrique José Pinto, conta que o momento é de “correria para migrar o pessoal com mandato”. Uma reunião do novo partido foi marcada na manhã de ontem, na casa do deputado federal Salvador Zimbaldi (PDT-SP), que deverá ser o presidente da legenda em São Paulo, para traçar as estratégias de filiação.
Eurípedes lutou quase cinco anos pela criação do partido — “essa é a nossa diferença para outras legendas que começaram a se movimentar há seis, sete meses” —, tendo sido auxiliado “desde o primeiro dia” pelo vereador Deusimar Alves (PSDC). Apesar disso, Deusimar se disse “fiel ao atual partido e garante que não mudará de legenda”. Mas defende a criação da sigla.


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