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Estado de Minas

Ministro que levou a poesia ao Supremo preside a última sessão


postado em 15/11/2012 06:00 / atualizado em 15/11/2012 07:04

Ayres Britto se despede do STF antes do fim do julgamento do mensalão (foto: Ueslei Marcelino/EM/D.A press)
Ayres Britto se despede do STF antes do fim do julgamento do mensalão (foto: Ueslei Marcelino/EM/D.A press)
Para o ministro Carlos Ayres Britto, a última década passou “em um piscar de olhos”. Integrante do Supremo Tribunal Federal (STF) desde junho de 2003, o magistrado presidiu nessa quarta-feira sua última sessão na Corte em meio a homenagens de colegas, parentes e representantes da advocacia. Britto, que completa 70 anos no domingo e que, por isso, terá de deixar o STF, se emocionou com os discursos de reverência e disse que se sente honrado e alegre por ter tido a oportunidade de integrar a mais alta Corte do país. “O tempo só passa rápido para quem é feliz. Para quem não é feliz o tempo é penoso, um fardo”, justificou.

As homenagens a Ayres Britto abriram a sessão de ontem, antes da retomada do julgamento do mensalão. Em discurso, ele agradeceu à mulher, Rita de Cássia, e aos filhos, que participaram da sessão. O presidente do Supremo disse que estava feliz por chegar ao fim de seu mandato com “saúde, ânimo e alegria”. “Os gregos diziam que o entusiasmo é Deus dentro da gente. Quando cheguei, o então presidente Maurício Corrêa me disse que o tempo passaria muito rápido. E, de fato, passou em um estalar de dedos”, contou.

Ayres Britto lembrou que o Supremo tem um papel cada dia mais importante na sociedade. “O STF interfere mais e mais no curso da vida. O Supremo está mudando a cultura do país a partir da Constituição”, disse o presidente. Explicou que os ministros são “os guardiões da Constituição, que é o mais legítimo dos documentos jurídicos”. O presidente também brincou com o fato de ser conhecido por causa de seu jeito tranquilo e sereno. “Dizem que sou pessoa calma e dizem que isso é uma virtude. Não vou fazer aqui autolisonja, mas, se tenho coeficiente emocional razoavelmente administrado, é por conta de algumas convicções”, disse. Para o magistrado, a sociedade tem o direito de se tranquilizar “sabendo que a sua causa está com um juiz sereno e equilibrado”.

Decano do Supremo, o ministro Celso de Mello falou em nome dos colegas. Mais uma vez, ele criticou a exigência legal que obriga os funcionários públicos a se aposentar compulsoriamente aos 70 anos. “Não fosse essa regra implacável, certamente o país e, particularmente, o STF poderiam continuar beneficiando-se da valiosa doação do eminente ministro Ayres Britto, cujos julgamentos luminosos tiveram impacto decisivo na vida dos cidadãos desta República e na vida das instituições democráticas deste país.”

Pelo segundo dia consecutivo, Ayres Britto cobrou o reajuste salarial para o Judiciário. O ministro se reuniu pela manhã com senadores e deputados. O presidente do Supremo argumentou que o aumento do subsídio é necessário porque a Justiça tem perdido servidores para outros poderes. Segundo ele, o Judiciário “experimenta há anos um perigoso e temerário processo de desprofissionalização”.


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