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Estado de Minas

Minas nunca esteve tão sem representatividade no Governo Federal

Levantamento do EM comprova: nunca antes na história deste estado foi tão baixa - e pífia - a representatividade mineira nos ministérios e nos altos escalões do governo federal


postado em 27/05/2012 07:08 / atualizado em 27/05/2012 07:51

(foto: Ilustração Quinho)
(foto: Ilustração Quinho)

Nunca antes na história deste país Minas Gerais esteve tão ausente do cenário político nacional. Mas a presidente Dilma Rousseff (PT), que ocupa hoje o principal posto de poder, não é mineira? Apesar de ter nascido em Belo Horizonte, ela fez carreira política no Rio Grande do Sul, e basta dar uma olhada na composição de seu ministério para perceber que o lado gaúcho fala mais alto. Enquanto dos 38 ministros nove são dos pampas, apenas dois de Minas. Embora tenham nascido no estado com o segundo maior eleitorado e a terceira economiado país, os dois estão lá por serem aliados políticos com relações pessoais de amizade com a presidente.

Cenário desolador, não? Mas nem sempre foi assim. No período recente da redemocratização do país, Minas Gerais chegou a ter 17% dos ministros de Estado. Isso significa que do governo José Sarney (PMDB) até o de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre os 285 titulares dos ministérios, 46 são mineiros. Na composição feita por Dilma, São Paulo tem o maior peso, com 10 ministros, depois vem o Rio Grande do Sul, com 9, e o Rio de Janeiro, com cinco nomes. Minas Gerais tem o mesmo espaço do Paraná, Bahia e Maranhão, cada um com dois ministros.

Seja pelo tamanho, número de eleitores ou importância econômica, Minas teve papel preponderante no comando da nação desde os tempos da República do Café com Leite, quando políticos do estado e de São Paulo se revezavam na Presidência. No Congresso, já foram contabilizados 11 mineiros entre os mais influentes. Atualmente, apenas quatro figuram na lista, mesmo assim, nenhum entre os 10 mais. Mas, espere. O estado conseguiu a relatoria da Comissão Parlamentar Mistade Inquérito (CPMI)que investiga o bicheiro Carlinhos Cachoeira e sua relação com políticos. O posto é do deputado federal do PT mineiro Odair Cunha. Resta saber qual será o resultado, já que a comissão é vista como natimorta, pois como há representantes de todos os partidos envolvidos a tendência é de esvaziamento das investigações.

"Minas Gerais está vivendo um momento de ocaso político e acho que isso tem muito a ver com as características da política nacional. Não arrisco dizer que algum estado tenha tomado o lugar dos mineiros, no fundo é São Paulo que está conseguindo polarizar a política nacional", explica o historiador João Pinto Furtado. Mestre em sociologia e doutor em história, o professor afirma que o estado vive um período de decadência.

No governo Dilma, para ele não há representação, e no de Lula, que chegou a ter nove mineiros, vários eram da chamada "cota pessoal". "Pimentel está ali como amigo da Dilma, não é indicação de Minas Gerais nem tampouco pela força do estado. Eles foram colegas de militância e têm uma relação muito próxima tanto afetiva quanto política", diz o historiador. Na mesma cota de amigos de luta, está Eleonora Menicucci, secretária de Política para as Mulheres.

A redução do peso político mineiro, na avaliação do professor, começou com a ditadura. "Essa decadência tem muito a ver com a queda de Juscelino Kubitschek. Até os governos dele no estado e na Presidência, Minas ainda dava as cartas. A partir da ditadura o estado começou a perder proeminência."

O motivo, para Furtado, seria o fato de o golpe militar de 1964 ter sido articulado também por representantes civis, em sua maioria empresários de São Paulo. Depois disso, o eixo político se deslocou para os movimentos sociais, que eram mais organizados por lá. "São Paulo começou a puxar todo mundo para fazer política lá, pois eles tinham a maior economia e eleitorado, e continuaram com os movimentos sociais mais organizados. Então, a política em São Paulo passou a dominar e colonizar o país inteiro", afirmou.

SEM OBRAS A perda de influência de Minas pode ser medida também pela ausência de grandes obras de infraestrutura ou verbas destinadas ao estado. Nesse caso, isso não é um problema peculiar da gestão Dilma. Nos últimos governos, o desprestígio mineiro vem se acentuando. Isso ocorre, por exemplo, com a BR-381, que ganhou o apelido de Rodovia da Morte por causa do grande número de acidentes fatais contabilizados a cada ano. Esperada há anos, a duplicação até hoje não recebeu recursos suficientes, tendo apenas a manutenção dos trechos.

Para o metrô de Belo Horizonte, a presidente Dilma anunciou no ano passado R$ 3 bilhões, que serviriam para implementar uma rede metropolitana, obras no Complexo da Lagoinha e terminais metropolitanos de integração. A boa notícia, no entanto, já sofreu revés este ano com a divulgação pelo Ministério das Cidades de que haveria atraso. Também o Tribunal Regional Federal (TRF) de Minas Gerais até hoje não conseguiu se viabilizar politicamente, mesmo com os custos reduzidos possibilitados pela doação do local para abrigar os processos mineiros.


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