Minas Gerais já teve 11 parlamentares na lista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), entidade que desde 1994 analisa o desempenho de deputados e senadores e faz um ranking dos 100 mais influentes. Hoje tem apenas quatro entre as lideranças do Congresso – o senador Aécio Neves (PSDB) e os deputados federais Gilmar Machado (PT), Odair Cunha (PT), Paulo Abi-Ackel (PSDB) –, mas nenhum deles figura na relação dos 10 mais importantes. Mesmo tendo uma das maiores bancadas no Congresso, com 56 parlamentares, atrás apenas de São Paulo, que tem 73 representantes, o estado vem registrando queda a cada ano na relação dos mais influentes.
Para o assessor político do Diap, Antônio Augusto Queiroz, essa queda é circunstancial e pode ser mudada nos próximos anos ou legislaturas, mas não deixa de ser um sinal de que Minas tem perdido poder e influência nas decisões do Legislativo. “Com poucas lideranças no Congresso, o estado perde capacidade e poder de articulação e influência para atrair investimentos e aprovar projetos de interesse dos mineiros”, comenta Queiroz.
"JEITINHO DISCRETO" Presente na relação dos 100 mais desde 2008, o deputado federal Paulo Abi-Ackel credita a baixa participação de Minas na lista dos cabeças “ao jeito mais discreto do mineiro de fazer política”. “O que não quer dizer que a bancada mineira não tenha influência nas decisões do Congresso. Pelo contrário, somos sempre procurados por outros estados por causa de nosso peso nas decisões”, comenta. Um exemplo, segundo ele, desse jeito mais discreto de atuar no Parlamento é o do deputado federal Paulo Piau (PMDB). “Ele foi o relator de um dos projetos mais importantes e de maior interesse do governo federal e não entrou na lista”, destaca.
Mas quando o assunto é a presença de Minas no governo federal o parlamentar é taxativo. “O governo federal não dá a Minas Gerais a importância que o estado merece. E isso não se aplica somente na baixa representatividade do estado no primeiro escalão do governo. Também não recebemos recursos e a atenção devidA do governo”, reclama. Segundo ele, há nove anos e cinco meses o estado espera uma decisão do governo federal sobre a duplicação da BR-381. “O governo precisa apenas decidir se vai duplicar a rodovia e depois privatizar ou se vai privatizar e exigir da concessionária que faça a duplicação.”
Além disso, ele cita a não inclusão do aeroporto de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na lista dos terminais entregues para concessão. “É que o governo Dilma faz política partidária e não republicana. O governo federal só olha para a parte do Brasil onde a presidente foi majoritária nas eleições de 2010, o Nordeste.”
Listas dos influentes
O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) elabora anualmente duas listas de congressistas. A dos 10 mais influentes é feita pelos próprios parlamentares, que elegem os indicados por meio de voto. A outra, das 100 maiores lideranças, é feita pelo Diap com base em três critérios. O cargo que o parlamentar ocupa no comando das Casas, nas lideranças dos partidos e do governo e também na relatoria de projetos relevantes é um dos itens avaliados. O segundo é a reputação entre os próprios congressistas, consultores legislativos e jornalistas. Entram ainda na avaliação as votações e articulações em torno de projetos nos quais os deputados estão envolvidos. A relação, de acordo com o assessor político do Diap Antônio Augusto Queiroz, foi criada para auxiliar as entidades sindicais e movimentos sociais a entender melhor quem é quem no Congresso e quem tem o poder de influenciar nas decisões importantes.