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Estado de Minas

SUS atrai gestantes que têm plano de saúde

Partos lideraram internações na rede pública de clientes com convênio. Para médicos, um dos motivos seria evitar cesárea


postado em 28/12/2014 08:00 / atualizado em 28/12/2014 08:58

Julia Chaib e Renata Mariz


Luana Carneiro, de 28 anos, teve Ananda em unidade pública especializada. Ela optou pelo SUS desde o pré-natal(foto: Marcelo Ferreira/CB DA Press)
Luana Carneiro, de 28 anos, teve Ananda em unidade pública especializada. Ela optou pelo SUS desde o pré-natal (foto: Marcelo Ferreira/CB DA Press)
Brasília – Apesar de pagarem mensalmente para ter acesso ao serviço privado, parte dos mulheres com planos recorre a unidades públicas para dar à luz. Os partos foram maioria entre os 1,2 milhão de internações realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS), entre 2008 e 2012, por quem tem convênios particulares. O número corresponde a 1,7% do total de procedimentos semelhantes feitos na rede gratuita: 57 milhões. Entre os atendimentos prestados a clientes das operadoras, foram 96,2 mil partos naturais e 72,2 mil cirúrgicos, segundo relatório da Agência Nacional de Saúde (ANS).

Não é possível, a partir dos dados, saber os motivos que levaram o usuário de plano a uma unidade pública. A diretora de Desenvolvimento Setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Martha Oliveira, pondera que nada pode ser descartado, sobretudo a respeito do parto, procedimento mais realizado. “A maior parte das internações é referente a algo que acontece e o Samu leva ou a pessoa acaba indo ao hospital mais próximo. Mas é possível que ela (a mulher) tenha escolhido o SUS. E aí temos de analisar o porquê. Foi falta de confiança? Foi porque estava fora do domicílio? Temos de saber e desenvolver mecanismos e trabalhar a qualidade da rede.”

O principal motivo que levou a estudante Luana Carneiro de Oliveira, de 28 anos, à rede pública, mesmo tendo plano de saúde, foi o receio de não conseguir ter um parto natural. Ela engravidou em 2012 e começou o pré-natal com uma médica do convênio. “Ela me tratava mal e me colocava medo quando eu dizia que não queria cesárea. Cansei disso e decidi ir para o SUS”, explica. Com 15 semanas de gravidez, ela começou a fazer o acompanhamento em unidade pública ao lado de casa, onde teve a filha, Ananda.

Usuária de plano de saúde, a servidora pública Camila Ramos Cabral, de 33, decidiu no início da gravidez que teria o filho em uma casa de parto em São Sebastião, mantida pelo governo, para ter a garantia de um procedimento natural. Mas aproveitou o convênio para fazer o pré-natal. “A médica (do plano) sempre falava que, se desse tudo certo, eu teria um parto normal. Quando o certo seria dizer: se der algo errado, você faz a cesárea. Então, fiz todo o pré-natal com ela e, na hora de ganhar o bebê, fui para a casa (de parto). Se algo desse errado, tinha a minha obstetra”, diz.

RECORRENTE Histórias como a de Luana e Camila são conhecidas da ginecologista e obstetra Jussara Beatriz Pasquali. Ela, que atende na rede privada e acompanha grávidas em um posto de saúde, afirma que vê com frequência pacientes com plano de saúde optando pelo SUS para dar à luz de forma natural. De acordo com ela, esse procedimento leva muitas horas e, por isso, não é rentável aos profissionais da rede privada, que ganham por número de atendimentos. “Não compensa, financeiramente, parar as consultas para fazer um parto, sem saber quanto tempo vai demorar”, comenta a médica, ao explicar por que a taxa de cesáreas nos hospitais particulares chega a 84%, longe do índice de 15% recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O problema é tão grave que a própria ANS reconheceu neste ano o excesso de cesáreas na rede suplementar e lançou medidas para reduzir a taxa e controlar a ação dos médicos.


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