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Estado de Minas

Argentina paralisada em primeira greve geral contra Macri


postado em 06/04/2017 12:16

Uma dezena de manifestantes foram detidos em incidentes com a polícia durante a greve geral que paralisa a Argentina nesta quinta-feira, a primeira contra a política econômica do governo do presidente Mauricio Macri.

Sem voos nacionais ou internacionais, nenhum meio de transporte público e com ruas bloqueadas, a greve de 24 horas contra o governo registra uma forte adesão.

"A greve é um sucesso, mostrou em todo o país a insatisfação com a política econômica do governo. Há cada vez mais demissões, foram assinados compromissos de que não haveria demissões. Eles não foram cumpridos", disse Carlos Acuña, líder da influente Confederação Geral do Trabalho (CGT).

O ministro do Trabalho, Jorge Triaca, reconheceu que "a greve tem uma alta adesão", mas criticou os sindicalistas, acusando-os de agir com motivações políticas em um ano no qual serão realizadas eleições legislativas no dia 22 de outubro.

Cinco pessoas ficaram feridas e 10 foram detidas em incidentes entre policiais e manifestantes registrados em um dos acessos a Buenos Aires, informaram fontes da justiça citando um relatório da Gendarmaria.

O governo advertiu que não permitirá o bloqueio de vias que impeçam o livre trânsito.

"Se não quiserem ir embora por bem, vamos iniciar o protocolo de ação; o objetivo é que existam caminhos alternativos" para chegar aos locais de trabalho, advertiu aos meios de comunicação a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, pouco antes de os agentes da Gendarmaria reprimirem o protesto.

A paralisação coincide com a realização em Buenos Aires do primeiro Fórum Econômico Mundial dedicado à América Latina (WEF Latam), que reunirá políticos, banqueiros e empresários no exclusivo bairro de Puerto Madero, sob fortes medidas de segurança.

Em um dia onde estão previstas dezenas de manifestações e bloqueios nos acessos a Buenos Aires, organizações sociais marcaram uma passeata rumo ao hotel Hilton, que abriga o fórum, a partir das 11h00 locais (mesmo horário de Brasília), horário em que Macri abriria o evento organizado pela fundação suíça que realiza o encontro anual em Davos.

- Mal-estar -

"Há um mal-estar enorme porque a política econômica não deu resultados" com seu modelo liberal de maior abertura às importações, demissões e flexibilidade trabalhista, declarou Juan Carlos Schmid, secretário-geral da influente Confederação Geral do Trabalho (CGT), controlada pelo opositor peronismo.

Um sinal do alto acatamento à medida de força foi a greve dos sindicatos aeronáuticos, de técnicos e trabalhadores gerais, que deixou sem voos o aeroporto internacional de Ezeiza.

A Administração Nacional de Aviação Civil (ANAC) indicou que a greve afetou mais de 800 movimentos aerocomerciais, prejudicando cerca de 60.000 passageiros.

A paralisação também afeta indústria, saúde, educação e serviços bancários em todo o país.

"É uma medida extrema que custa bilhões de dólares ao país", disse a vice-presidente Gabriela Michetti antes do início da greve, à meia-noite desta quinta-feira.

A terceira maior economia da América Latina segue em recessão. Caiu 2,3% no primeiro ano do governo de Macri e apenas em janeiro houve uma leve recuperação, ainda imperceptível para a classe média e trabalhadora.

A pobreza aumentou e alcança 32,9% dos argentinos. Os investimentos caíram 5,5%. A produção industrial está em queda há 13 meses.

- Exigências -

Esta greve é o corolário das grandes marchas de março organizadas por sindicatos, estudantes, organizações de direitos humanos e opositores, que tomaram as ruas diante de uma situação social e econômica em deterioração.

A inflação, que de acordo com consultores chegou a 40% em 2016, evaporou o poder aquisitivo do salário e o consumo interno está em queda há 13 meses.

Estimativas privadas situam a inflação em 21% para este ano, enquanto o governo insiste que será de 17% e busca impor este limite a reajustes salariais.

Os sindicatos o rejeitam e exigem uma recomposição em negociações livres com as empresas, como exige a lei.

As demissões totalizaram 250.000 na economia formal, mas estima-se que se multiplicam por milhares em uma economia com 40% de trabalho não registrado.

A indústria e a construção, principais pilares do emprego, entraram em colapso, e em fevereiro caíram 6% e 3,4%, respectivamente.

A chuva de investimentos prometida por Macri ao assumir a presidência, em dezembro de 2015, ainda não ocorreu.

Macri endureceu nesta semana sua postura em relação aos sindicalistas, depois que no sábado dezenas de milhares de pessoas surpreenderam com uma concentração inédita para expressar apoio ao seu governo.

"Há comportamentos mafiosos em sindicatos, empresas, política e justiça. Felizmente eles são minoria, mas é preciso combatê-los", indicou Macri.


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