O novo diretor da Agência de Proteção Ambiental americana, Scott Pruitt, disse nesta quinta-feira que o dióxido de carbono não é um fator importante no aquecimento global, alinhado com suas já conhecidas posturas céticas a respeito da mudança climática.
"Acredito que medir com precisão (o impacto da) atividade humana no clima seja algo muito difícil e exista um imenso desacordo sobre o alcance deste impacto. Então não, não estou de acordo que isso seja um fator importante no aquecimento global", declarou o republicano à CNBC, consultado sobre a influência do gás carbônico.
"Devemos continuar o debate e continuar analisando" o impacto do CO2, acrescentou.
Sua posição é claramente contra a da Nasa e da Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), que se manifestaram conjuntamente em janeiro afirmando que a mudança climática "é amplamente determinada pelo aumento do dióxido de carbono e outras emissões humanas".
No total, 97% dos cientistas do mundo reconhecem que a combustão dos derivados do petróleo, do gás natural e do carbono contribuíram muito para o aumento das temperaturas desde a revolução industrial e para a aceleração do derretimento das geleiras no Ártico.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) "determinou que o aumento das emissões de CO2 é a principal causa do aquecimento global, seguido pelo metano, os gases halógenos e o óxido de nitrogênio, cujas concentrações provém principalmente das atividades humanas", afirmou Kerry Emanuel, professor de Ciências Atmosféricas no Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT).
Scott Pruitt, que comanda a agência que se encarrega de cuidar da aplicação da legislação do meio-ambiente - incluindo as emissões de gases de efeito estufa e a contaminação -, qualificou como um "mau acordo" o de Paris sobre o clima.
"O Acordo de Paris teria que ter sido considerado como um tratado, teria que ter passado por uma confirmação no Senado. É preocupante", disse, sobre o pacto assinado em dezembro de 2015 por 194 países.
Desde que foi nomeado para dirigir a EPA e durante suas audiências no Senado para ser confirmado no seu novo cargo, Pruitt evitou dar declarações provocativas.
Embora tenha reconhecido que o aquecimento global existe, ressaltou que a responsabilidade humana continua sendo um debate.
Próximo à indústria dos combustíveis fósseis, o diretor da EPA designado pelo presidente Donald Trump é um crítico de longa data do poderoso organismo que agora está comandando.
Como procurador-geral de Oklahoma, Pruitt apoiou mais de uma dúzia de processos contra a EPA, aliando-se com pessoas da indústria e grupos de pressão para bloquear diversas regulações sobre a contaminação do ar e da água.
Uma destas regulações foi impulsionada pelo ex-presidente Barack Obama para forçar as usinas térmicas a carvão a reduzir suas emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa.
Segundo um documento obtido por vários meios americanos, Pruitt pretende fazer cortes orçamentários na EPA que incluem a redução de 20% do pessoal e a eliminação de dezenas de programas de proteção ambiental.