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Estado de Minas

Policial e civil morrem em operação de demolição em Israel


postado em 18/01/2017 10:52

A controversa prática israelense de demolir os povoados beduínos terminou em tragédia nesta quarta-feira em uma emblemática comunidade do sul do país, onde um policial e um civil árabe morreram em circunstâncias que divergem, de acordo com as versões.

Os policiais chegaram ao povoado beduíno de Umm al Hiran, no deserto de Neguev, para supervisionar a demolição de várias casas que, segundo as autoridades israelenses, não tinham as autorizações necessárias.

Umm al Hiran é uma das localidades mais simbólicas do enfrentamento entre as políticas do Estado israelense e o modo de vida de dezenas de milhares de beduínos, descendentes de língua árabe dos nômades do deserto, que vivem em sua maioria no Neguev.

"Na chegada das unidades de polícia à zona, um veículo conduzido por um terrorista do Movimento Islâmico tentou atacar um grupo de oficiais atropelando-os", afirmou um porta-voz policial, Micky Rosenfeld. "Os policiais atiraram" e mataram o motorista, acrescentou.

Um policial, Erez Levi, de 34 anos, morreu e outros agentes ficaram feridos, disse.

"Estamos tentando determinar se o terrorista era influenciado pelo (grupo extremista) Estado Islâmico", explicou Rosenfeld.

O Movimento Islâmico, ao qual, segundo a polícia, o motorista pertencia, é fortemente inspirado pela Irmandade Muçulmana e promove o islã entre os árabes israelenses, descendentes dos palestinos que permaneceram em suas terras no momento da criação de Israel, em 1948.

Vários moradores e o colaborador de um deputado árabe que estava no local negaram, no entanto, a versão do atentado e as intenções atribuídas ao motorista do veículo.

"A versão israelense é mentirosa. O motorista era um professor respeitado", disse à AFP Raed Abu al Qiyan, colaborador do deputado árabe israelense Ayman Odeh e responsável por um comitê que oferece serviços aos habitantes locais, dizendo ter presenciado o ocorrido.

"Os policiais chegaram e começaram a atirar indiscriminadamente balas de borracha contra as pessoas, chegando inclusive a ferir o deputado Ayman Odeh, que tentava falar com eles", afirmou.

- Demolição sob forte proteção -

Os habitantes locais identificaram o motorista como Yacub Musa Abu al Qiyan, de 47 anos, pai de uma família muito numerosa e proprietário de uma das cinco casas que deveriam ser demolidas.

O homem avançava lentamente pela estrada para falar com os policiais quando eles atiraram, fazendo-o perder o controle de seu veículo, afirmaram vários deles.

Os policiais "agrediram o deputado e outras pessoas, manifestantes, com bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo, atirando diretamente no rosto", afirmou o assistente parlamentar Anan Maaluf à rádio israelense.

"Não houve nenhum atentado com um veículo, não ocorreram confrontos entre os manifestantes e a polícia", afirmou.

As máquinas de demolição iniciaram a operação no fim da manhã, sob a proteção de policiais armados com fuzis que mantinham os moradores, que lamentavam, à distância.

Um total de 150 famílias de beduínos vivem em Umm al Hiran, ou seja, mil pessoas que habitam casas baixas abastecidas de eletricidade graças a painéis solares por falta de conexão com a rede elétrica.

O governo israelense aprovou em novembro de 2012 a construção de duas localidades, Kesif e Hiran, para substituir este povoado cujo desalojamento foi aprovado posteriormente pela Suprema Corte.

Adalá, uma ONG de defesa da minoria árabe em Israel, estima os beduínos do Neguev em 330.000.

Ela se queixa de demolições, realocações forçadas e espólio de suas terras.

As autoridades israelenses denunciam, por sua vez, a anarquia destas construções e afirmam querer melhorar as condições de vida dos beduínos.


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