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Estado de Minas

Imigrantes em situação ilegal se preparam para a chegada de Trump


postado em 09/12/2016 15:16

"Se eu for deportada dos Estados Unidos, meu filho de 18 anos pode cuidar do outro menor? O que devo fazer caso um agente da imigração bata em minha porta no meio da noite? Tenho direito a um advogado que fale espanhol?"

Essas são algumas das perguntas feitas pelos frequentadores de um centro comunitário de Staten Island, o distrito mais conservador de Nova York e o único da cidade onde o republicano Donald Trump, que prometeu deportar entre dois a três milhões de imigrantes em situação ilegal, venceu as eleições.

Uns 40 imigrantes sem documentos, quase todos mexicanos, começaram a se preparar para uma eventual deportação, convocados pelo centro comunitário La Colmena.

"Ainda temos dois meses para nos organizarmos. Vamos ter um presidente que não é muito amigável conosco. Não queremos gerar medo, mas temos que nos preparar para o pior porque não sabemos o que vai acontecer. Vamos nos proteger, unir e lutar", disse aos imigrantes o mexicano Gonzalo Mercado, diretor do La Colmena e organizador do encontro.

Os pedidos de marcação de visitas para tentar regularizar a situação migratória atingiram lotação máxima no consulado mexicano de Nova York na prefeitura da cidade, onde já há previsão de horários disponíveis apenas para daqui a quatro ou cinco meses.

Trump se referiu diretamente aos mexicanos, acusando-os de "estupradores" e "narcotraficantes" durante a sua campanha presidencial. Ele prometeu construir um muro ao longo de toda a fronteira entre Estados Unidos e México e inicialmente deportar os imigrantes que têm antecedentes criminais.

Plano de emergência

Com a ajuda de César Vargas, um jovem advogado de Nova York em situação ilegal, La Colmena distribuiu aos imigrantes um plano de emergência de oito páginas que devem guardar em um lugar secreto, e que lhes será extremamente útil caso sejam detidos.

O plano aconselha a não abrir a porta de suas casas à agentes da imigração, a não ser sob ordem judicial, que têm direito a permanecer em silêncio, averiguar quem está pedindo a detenção e não assinar nada antes de falar com um advogado.

Na cartilha, os imigrantes devem anotar informações sobre seus passaportes e de seus familiares, se possuem seguro médico, informações bancárias, dados sobre veículos e moradia, e uma procuração que designe um guardião para seus filhos caso sejam deportados para evitar que os menores caiam nas mãos do governo.

Jovita Mendoza, uma mãe solteira de 40 anos, natural de Oaxaca, no México, compareceu à reunião para compreender como pode evitar ser deportada.

Há quase 17 anos vivendo nos Estados Unidos, Mendonza não possui os papéis que a tornam cidadã americana, ainda que pague os impostos referentes ao seu trabalho como faxineira, limpando a cozinha de um restaurante. Seus dois filhos, de 15 e 10 anos, são americanos.

"Desde que esse senhor ganhou apenas choro com meus filhos enquanto conversamos. Disse-lhes que caso eu seja deportada eles terão que estudar muito, que não devem se preocupar comigo. Mas meu filho mais velho, que é quem me dá esperança, me disse que caso esse senhor cumpra sua palavra, vamos estar juntos", contou.

Mais que palavras bonitas

O advogado César Vargas explicou que no momento trabalha na criação de uma lista de defensores relacionados à questão migratória que possam representar os imigrantes em situação ilegal em caso de emergência sem cobrar-lhes pelo trabalho.

Nova York, símbolo da diversidade, é uma das cidades dos Estados Unidos que se declarou um "santuário" dos imigrantes não registrados. Seu prefeito democrata, Bill de Blasio, prometeu fazer "tudo o que for possível" para defender os imigrantes. Estima-se que sejam milhões de pessoas.

"No momento o prefeito e o governador falam bonito, pois 2017 é ano de eleição. Queremos que por trás de suas palavras existam ações", exigiu Vargas, que chegou aos Estados Unidos procedente do México ainda criança, e conseguiu tornar-se advogado e exercer sua profissão em Nova York sem possuir a documentação.

"A partir de 20 de janeiro", quando Trump assumir a Presidência, "vamos ver como ter uma estratégia ofensiva para atacar o que virá", prometeu.

Vargas também pediu aos imigrantes para denunciarem os casos de racismo que ocorrerem na rua, estabelecimentos comerciais e nas escolas, que aumentaram após a eleição, e os aconselhou a recorrerem a um novo serviço telefônico de saúde mental patrocinada pela prefeitura caso estejam muito deprimidos ou ansiosos.

Os imigrantes em situação irregular denunciaram especialmente o caso de um senhor de idade americano que persegue adolescentes e adultos em seu carro aos gritos de "volte para seu país!" e "os imigrantes não têm nada o que fazer aqui!".


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