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Estado de Minas

Redes sociais dos EUA juntam forças para coibir conteúdo terrorista


postado em 06/12/2016 16:40

Enfrentando uma pressão crescente para usar sua influência tecnológica para conter a propagação da propaganda jihadista, as principais redes sociais dos Estados Unidos finalmente juntaram suas forças para coibir o "conteúdo terrorista".

Facebook, Twitter, Microsoft e YouTube, de propriedade do Google, anunciaram nesta segunda-feira uma campanha para impedir a proliferação de vídeos e mensagens que mostram decapitações, execuções e outros conteúdos repugnantes, divulgados por grupos extremistas como o Estado Islâmico ou a Al-Qaeda.

A iniciativa chega em um momento em que os gigantes das mídias sociais enfrentam um escrutínio crescente sobre seu papel em relação ao 'boom' das chamadas notícias falsas - que se acredita que influenciaram a eleição presidencial americana - assim como do bullying online e dos discursos de ódio.

Plataformas como Facebook, Twitter e YouTube lidam há alguns anos com esta questão, buscando ser abertos à liberdade de expressão sem ser usados para promover a violência ou o ódio.

Mas com o uso desenfreado das redes sociais por jihadistas para planejar, recrutar e divulgar ataques violentos, as plataformas tecnológicas foram forçadas a assumir uma posição mais forte.

"Não há espaço para o conteúdo que promova o terrorismo em nossos serviços", disseram em um comunicado conjunto.

James Lewis, um executivo sênior que acompanha questões de tecnologia e segurança no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, acredita que as mídias sociais atingiram um ponto de inflexão e não podem mais alegar que são "plataformas neutras".

"Elas não podem mais fugir da responsabilidade", disse Lewis.

"O conteúdo terrorista é apenas o começo", acrescentou. "Agora eles têm de descobrir o que fazer em relação ao discurso de ódio, ao racismo e ao bullying".

A declaração conjunta da segunda-feira não indicou que tipo de tecnologia seria usada na nova iniciativa, disse apenas que esta se basearia em um banco de dados compartilhado de "hashes", impressões digitais que identificam o conteúdo jihadista.

Alguns críticos sugeriram que esse conteúdo poderia ser controlado através de um modelo que já é utilizado por empresas da internet para bloquear a pornografia infantil.

Não há solução simples

Peter Weinberger, pesquisador sênior do Consórcio Nacional para o Estudo do Terrorismo e Respostas ao Terrorismo da Universidade de Maryland, disse que não existe uma solução tecnológica simples para o problema do conteúdo jihadista.

"É um pouco mais difícil de combater do que a pornografia infantil, onde você tem um conteúdo muito claro e censurável", disse.

"Muitas vezes os recrutadores de terroristas podem empacotar as coisas de uma forma mais esperta. Eles usam discursos codificados", acrescentou.

Weinberger disse que o esforço "é louvável, mas eles precisarão ter uma equipe designada que terá de revisar constantemente o material, porque este está sempre mudando".

No início deste ano, o Twitter anunciou que suspendeu 360 mil contas, a maioria delas ligadas ao grupo Estado Islâmico, como parte de um esforço intensificado.

Mas pesquisas mostraram que os grupos jihadistas migram rapidamente para novas contas, aproveitando o anonimato do Twitter.

Lewis disse que parece viável implementar a nova iniciativa porque as empresas podem contar com tratados internacionais que definem o terrorismo e organizações que apoiam esses esforços.

Os governos dos Estados Unidos, da França e de outros países têm pressionado empresas da internet para que façam mais para coibir conteúdos extremistas, especialmente vídeos que mostram decapitações e outros atos repugnantes frequentemente usados em esforços de recrutamento.

Pelo menos uma ação judicial apresentada na França em nome de uma vítima dos ataques de Paris de 2015 pretende responsabilizar o Facebook, o Google e o Twitter pela violência.

Chris Calabrese, do Centro de Democracia e Tecnologia, um defensor das liberdades civis on-line, qualificou o novo esforço de "preocupante".

"Pensamos que o precedente de governos que se apoiam em empresas para fazer qualquer censura centralizada pode ter muitas consequências negativas", disse Calabrese.

"Não é apenas o conteúdo extremo e bárbaro que os governos querem suprimir, são muitos outros tipos de conteúdo, como o discurso de ódio e violações de direitos autorais", acrescentou.

Calabrese afirmou que "não há garantia de que o programa irá funcionar" para reduzir a propagação da violência e do conteúdo extremista.

Para garantir que o programa não seja abusivo, disse, "as empresas não devem aceitar nenhum pedido de censura dos governos", e deve haver um mecanismo de recurso "para corrigir eventuais erros".


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